Week of Out 3rd

  • XXVII Semana - Segunda-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Segunda-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    3 de Outubro, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Segunda-feira

    Lectio

    Primeira leitura: Gálatas 1, 6-12
    Irmãos: 6Estou admirado de que tão depressa vos afasteis daquele que vos chamou pela graça de Cristo, para seguirdes outro Evangelho. 7Que outro não há; o que há é certa gente que vos perturba e quer perverter o Evangelho de Cristo. 8Mas, até mesmo se nós ou um anjo do céu vos anunciar como Evangelho o contrário daquilo que vos anunciámos, seja anátema. 9Como anteriormente dissemos, digo agora mais uma vez: se alguém vos anuncia como Evangelho o contrário daquilo que recebestes, seja anátema. 10Estarei eu agora a tentar persuadir homens ou a Deus? Ou será que estou a procurar agradar aos homens? Se ainda pretendesse agradar aos homens, não seria servo de Cristo. 11Com efeito, faço-vos saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado, não o conheci à maneira humana; 12pois eu não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por uma revelação de Jesus Cristo.
    Durante a segunda viagem missionária, Paulo atravessou «a Frigia e a região da Galácia» (Act 16, 6), nas imediações da actual cidade de Ankara. Aí fundou comunidades cristãs, que depois visitou durante a terceira viagem (Act 18, 23), nos anos 53-57 DC. O Apóstolo defendia que o crente se salva pela fé em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, e não pela observância da Lei. Para ele, é nisso que consiste a liberdade cristá. Mas os judaizantes queriam adaptar a vivência do Evangelho à religião judaica e a certas práticas, tais como a circuncisão e certas observâncias. A Igreja que estava na Ásia também sofria com esses judeo-cristãos, que deformavam o evangelho pregado por Paulo e se permitiam mesmo ironizar sobre a autoridade e sobre a doutrina do Apóstolo. Paulo reagiu com força. Ao dirigir-se aos «gálatas insensatos!» e enfeitiçados (cfr. Gal 3, 1), o Apóstolo manifesta a sua indignação, não tanto para se defender, mas por verificar que estavam a afastar-se do Evangelho e a corrompê-lo. As suas palavras, cheias de fogo, querem levar os gálatas a declarar-se por Cristo e a acolherem a única certeza que conta: o Evangelho, tal como lhes foi pregado. É essa a única alegre notícia. Ao pregá-la, Paulo só deseja uma aprovação: a de Deus. De facto, o que lhes anunciou é palavra de Deus, recebida por meio de uma revelação de Jesus, e não por ensinamento humano.

    Evangelho: Lucas 10, 25-37
    Naquele tempo, 25Levantou-se um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» 26Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» 27O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» 29Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» 30Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. 31Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. 32Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. 34Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: 'Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.' 36Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» 37Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»
    Jesus vai a caminho de Jerusalém. Um judeu faz-lhe uma pergunta armadilhada: que devo fazer para alcançar a vida eterna? Jesus responde com outra pergunta que conduz o doutor à própria lei de Moisés. Que está escrito nela? O homem lembra o preceito do amor, tal como estava formulado em Dt 6, 3: «Amarás ao Senhor, teu Deus... e ao teu próximo como a ti mesmo» (v.27), e que os israelitas recitavam todos os dias, acrescentando o preceito do amor do próximo, tal como está expresso no Lv 19, 18.
    O legalista, vendo a sua síntese aprovada por Jesus, acrescenta outra pergunta armadilhada: «quem é o meu próximo?» (v. 29). Pensando que, no Antigo Testamento, "próximo" era apenas o israelita e, mais tarde, o imigrado que se tinha inserido na comunidade israelita (cf. Lv 19, 33s.); pensando que, no tempo de Jesus, o «próximo» estava limitado ao membro da própria seita (fariseus, zelotas, etc.), compreendemos a força inovadora que se solta da parábola contada por Jesus. O Senhor não dá uma resposta teórica. Conta uma parábola que ia ao encontro da experiência dos ouvintes, que deviam estar lembrados de acontecimentos idênticos ao narrado por Jesus.
    O cenário também é importante: a estrada que, de Jerusalém (situada a 740 metros acima do nível do mar), leva a Jericó (situada a 350 metros abaixo do nível do mar), desenha um percurso cheio de curvas e contracurvas, de gargantas e ravinas, onde facilmente se escondiam salteadores. A acção é animada e forte: o homem agredido, dilacerado e a sangrar é visto por um sacerdote e um levita, que passam ao largo. Finalmente aparece o protagonista da parábola: um samaritano, mestiço, bastardo e herético, que cuida do ferido. Jesus compraze-se na descrição das acções deste homem malvisto pelos judeus. Cheio de compaixão, aproxima-se do homem caído, desinfecta-lhe as feridas com vinho, minora-lhe as dores com azeite, e leva-o para a estalagem onde, à sua custa, o faz curar.
    Jesus faz mais uma pergunta: «Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem» (v. 36). Está aqui o centro da narrativa. Quando Jesus diz ao doutor: «Vai e faz tu também o mesmo» (v. 37), desloca totalmente o centro da questão. Não se trata de saber quem é o nosso próximo, porque toda a criatura humana o é; trata-se, isso sim, de saber como nos tornamos próximo do outro. Quem manifesta a sua compaixão em acções concretas em favor de quem precisa, esse é verdadeiro discípulo de Deus porque «se faz próximo» do homem.

    Meditatio
    A tentação de confundir a alegre notícia do Evangelho com outras mensagens continua actual nos nossos tempos. Quantas propostas nos chegam, hoje, do Oriente e do Ocidente! Quanta confusão no que se refere a iniciativas e realidades, em si mesmas válidas, como o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. Paulo diz-nos a nós, cristãos de hoje, que o anúncio do Evangelho não pode ser comandado por modas culturais e espiritualistas.
    Para agradar a Deus, o cristão tem de ser um alegre servo do Evangelho e, por isso mesmo, livre para amar. É essa a sua verdadeira liberdade, tal como verificamos no texto do evangelho: «O bom samaritano faz-se próximo apesar da distância étnica, social e mesmo religiosa. Não pede contrapartidas» (C. M. Martini). Não se entrincheira em falsas seguranças ou medos, nem em integralismos donde possa disparar flechas de aguçados juízos sobre quem não pensa como ele.
    A adesão a Jesus é plena e, por isso, não apenas mental. Adere-se a Cristo com a mente, mas também com o coração e a vida. E é na vida do dia a dia que Jesus, o Bom Samaritano, que se aproximou de cada um de nós para nos salvar, nos pede a conversão. Ao contrário do sacerdote e do levita, somos chamados a tornar-nos próximos, com o coração atento e caloroso, de quem precisa da nossa atenção e do nosso serviço. Em vez da intolerância desses legalistas, somos chamados a actuar com mansidão, escuta atenta, diálogo. Vencendo a dureza do coração, tomaremos a nosso cuidado aqueles que sofrem junto de nós. Tornar-nos-emos próximos de todos em casa, no trabalho, na comunidade, na acção pastoral. Revestir-nos-emos interiormente de paciência, benevolência, empatia e simpatia. Afogaremos no mar da misericórdia de Deus todos os ressentimentos, amarguras e recônditos interesses pessoais. Para nos tornarmos verdadeiramente próximos, vestir-nos-emos do seu amor que, se traduzirá em disponibilidade, cuidado, serviço atento, generoso e humilde.
    Ainda há cristãos, e mesmo religiosos, que vivem a lei, a regra, em termos de contrato. Para eles a ordem e a regularidade são os valores primários. Não os observar é fracassar na vida cristã, na vida religiosa. O perigo de uma tal concepção é dar à observância das normas e das regra um poder vital que elas não têm. Semelhante exaltação da lei pode ser contrária à caridade e sufocar a vida; pode ser um obstáculo à comunidade-comunhão e, portanto, um obstáculo ao amor de Cristo. Podemos comportar-nos como o sacerdote ou o levita da parábola do bom Samaritano: cumpriram as suas obrigações legais e deixaram o desgraçado meio morto no caminho (cf. Lc 10, 31-32). Jesus condenou a estéril observância da lei e a inútil multiplicação de leis sem caridade. A regra ou observância que rege a vida das comunidades cristãs, e religosas, não pode ser desumanizada, despersonalizada.
    Mas há também cristãos, e até religiosos, que reagem contra aquilo a que chamam formalismo, legalismo, recusando qualquer regra. A lei, dizem, destrói a espontaneidade. Querem ser completamente livres, confundindo liberdade com libertinagem, que leva ao egoísmo, à licenciosidade. A lei justa é garantia de justa liberdade, feita não só de direitos, mas também de deveres. Os meus deveres são os direitos dos outros e é justo respeitá-los. A lei dos cristãos e dos religiosos, não é tanto um código escrito, mas é Cristo vivo, Bom Samaritano da Humanidade.

    Oratio
    Senhor Jesus, que disseste: «Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15, 5), ajuda-me a mergulhar vivo no teu Evangelho, a crer com total adesão de mente e de coração. Dá-me a força do teu Espírito para arrancar de mim toda a indiferença, comodismo, intolerância, que me tornam semelhante àqueles que, na estrada de Jericó, passaram ao largo do homem caído e meio morto, sem lhe darem atenção e ajuda.
    Dá-me um coração novo, sensível ao grito de quem sofre, um coração tão convencido do teu amor e tão apaixonado por Ti que viva unicamente para Te reconhecer, amar, dando atenção e prestando serviço, caridoso e humilde, a quem precisar. Amen.

    Contemplatio
    Um homem foi despojado, atacado, ferido. Um sacerdote judeu e um levita passaram e não socorreram o ferido. Um samaritano passa, é o verdadeiro padre, é a figura do Salvador, o padre da nova lei. Tem compaixão do ferido; cuida as suas chagas colocando nelas azeite e vinho. Coloca o ferido sobre o seu cavalo, condu-lo à hospedaria e paga os cuidados que lhe derem.
    O verdadeiro padre e pontífice mostra assim todo o seu coração. Padres de Jesus Cristo, sejamos bons samaritanos para os doentes das nossas paróquias.
    Havia então muitos possessos. Os demónios agitavam-se vendo o seu poder posto em perigo pela redenção. Hoje, o demónio age diversamente. Dirige os homens pelas seitas e associações secretas. Que faremos nós contra ele? Jesus expulsava os demónios, mas tinha grande piedade dos possessos. Detestando as seitas, sejamos bons para as pessoas.
    Jesus mostra a sua bondade pelo pobre possesso do país dos Gerasenos, que era atormentado por uma legião de demónios. Cura-o. Este homem, vindo a si mesmo, quer ligar-se a Jesus como discípulo. Mas o bom Mestre diz-lhe para voltar à sua terra e aí anunciar os benefícios de Deus (Lc 8).
    Sejamos sempre bons para as pessoas, mesmo condenando as doutrinas e as práticas das seitas. (Leão Dehon, OSP 2, p. 555s.)

    Actio
    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    «Bom Samaritano da humanidade, dá-me um coração semelhante ao teu»
    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXVII Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    4 de Outubro, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Terça-feira

    Lectio

    Primeira leitura: Gálatas 1, 13-24
    Irmãos: 13Certamente ouvistes falar do meu procedimento outrora no judaísmo: com que excesso perseguia a Igreja de Deus e procurava devastá-la; 14e no judaísmo ultrapassava a muitos dos compatriotas da minha idade, tão zeloso eu era das tradições dos meus pais. 15Mas, quando aprouve a Deus - que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça - 16revelar o seu Filho em mim, para que o anuncie como Evangelho entre os gentios, não fui logo consultar criatura humana alguma, 17nem subi a Jerusalém para ir ter com os que se tornaram Apóstolos antes de mim. Parti, sim, para a Arábia e voltei outra vez a Damasco. 18A seguir, passados três anos, subi a Jerusalém, para conhecer a Cefas, e fiquei com ele durante quinze dias. 19Mas não vi nenhum outro Apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor. 20O que vos escrevo, digo-o diante de Deus: não estou a mentir. 21Seguidamente, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. 22Mas não era pessoalmente conhecido das igrejas de Cristo que estão na Judeia. 23Apenas tinham ouvido dizer: «Aquele que nos perseguia outrora, anuncia agora, como Evangelho, a fé que então devastava.» 24E, por causa de mim, glorificavam a Deus.
    Depois de afirmar que o seu Evangelho é o de Jesus Cristo, Paulo apresenta as suas credenciais de apóstolo. É um texto importante, de carácter autobiográfico. O Apóstolo recorda aos Gálatas a sua mudança radical: de tenaz defensor da Lei, e feroz perseguidor da igreja de Cristo, tornara-se seu audaz apóstolo e defensor.
    O evangelho que Paulo prega não se fundamenta no seu passado judeu, não brotou das práticas de fariseu zeloso. A revelação recebida no caminho de Damasco revolucionou completamente o seu modo de pensar e de agir.
    Paulo está consciente de que Deus o escolheu e chamou desde o seio de sua mãe em vista de um evento absolutamente gratuito: a revelação de Jesus a anunciar a todos, também aos pagãos (cfr. vv. 15 e 16). A tradução «... revelar o seu Filho em mim» é muito expressiva. A sua vocação é semelhante à dos profetas, à de Jeremias, por exemplo. Por isso, não opõe resistência e, sem recorrer a «conselhos humanos» (v. 16), parte para a Arábia, deixando-se envolver na aventura de anunciar a Jesus Cristo.
    A absoluta independência do evangelho de Paulo verifica-se também pelo facto de que, só num segundo momento, sente necessidade de «conhecer a Cefas», indo a Jerusalém, onde permaneceu «quinze dias» (v. 18). As palavras de Paulo têm o sabor da verdade profunda acolhida e a luz de um evento vivido em plenitude.

    Evangelho: Lucas 10, 38-42
    Naquele tempo, 38Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. 39Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. 40Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» 41O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; 42mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
    Este texto foi usado ao longo dos séculos para "justificar" a vida activa, figurada em Marta, e a vida contemplativa, figurada em Maria. Mas, mais importante que os dois estados de vida, são as duas atitudes interiores.
    Jesus vai a caminho de Jerusalém, rumo à consumação do mistério pascal da nossa salvação: «continuando o seu cami¬nho, Jesus entrou» (v. 38). Em Betânia, entra em casa de Lázaro, onde Marta, irmã de Maria e de Lázaro, faz as honras da casa. Mas parece que estavam só as duas irmãs. Por isso, a entrada de Jesus na casa é um gesto audacioso. Na verdade, para Ele, «já não conta ser judeu ou grego, homem ou mulher»; o que conta é ser «nova criatura» que, na relação com Ele, se afirma (cfr. Gal 6, 15).
    Marta acolhe Jesus; Maria senta-se a seus pés e escuta a palavra. Aqui, a atenção não está centrada em Jesus que fala, mas na "mulher-verdadeira-discípula" acocorada a seus pés e esquecida de tudo quanto não seja Ele e a sua palavra. Marta, pelo contrário, «andava atare¬fada» (v. 40), em grande tensão, quase diríamos, alienação, com o que havia para fazer. Então, com alguma petulância, como se pode entrever numa tradução literal do v. 40: «adiantando-se» ou, mais rigorosamente, «pondo-se por cima», Marta perturba a quieta contemplação das palavras de Jesus e da escuta de Maria. Marta quase acusa Jesus de não ligar atenção e interesse aos seus serviços.
    É então que Jesus aproveita a ocasião para repreender, não o útil serviço que Marta está a prestar, mas a excessiva inquietação e preocupação que lhe marcam negativamente o agir. Já noutra ocasião Jesus dissera: não vos preocupeis com o que haveis de vestir, ou comer, ou com qualquer outra coisa (cfr. Mt 6, 25-34). Mas a escolha de Maria foi acertada, porque deu atenção à única coisa que interessa, isto é, à escuta da Palavra. É a melhor parte que não será tirada a quem ama.

    Meditatio
    Para justificar a sua missão de Apóstolo, diante dos Gálatas, Paulo usa um argumento que me toca profundamente. Também eu, «desde o seio minha mãe» fui escolhido e chamado a viver a realidade baptismal da minha adopção filial, com tudo o que essa escolha e essa vocação comportam de dom inestimável da parte de Deus e de compromisso perseverante da minha parte. Num mundo marcado por grande confusão e pela desesperada perda de sentido, num mundo onde os mass media, em si mesmos tão positivos, mas manipulados pelas cegas forças do eficientismo materialista, "macaqueiam" os «caminhos da paz», falsificando a vida e a morte, é urgente acolher a palavra de Jesus. Acolho-a, em primeiro lugar, em mim mesmo; é em mim que, de acordo com a prioridade contemplativa sugerida pela atitude de Maria, a escuta, em tempos e espaços de indispensável quietude de todo o meu ser.
    Mas também é urgente anunciá-la. Hoje mais do que nunca! Todavia há que resistir à tentação da excessiva inquietação e preocupação, que Jesus estigmatiza em Marta. Inquietar-se e preocupar-se, seria como quem pretendesse pescar agitando permanentemente as redes, em vez de as lançar com mão segura ao mar. Chegou o tempo de viver, no dia a dia, a atitude orante de Maria, sem descuidar o genuíno serviço de Marta, mas animando-o e vivificando-o com este sereno acolhimento da Palavra. Sem uma tenaz e humilde fidelidade à Palavra rezada de manhã e vivida no ministério do serviço ao longo do dia, não há autenticidade de vida cristã e, muito menos, de vida religiosa. Não há autenticidade no anúncio do Evangelho. É importante que esta convicção invada todo o meu ser.
    O Pe. Dehon é um exemplo vivo e expressivo de uma vida onde contemplação e acção se harmonizam e motivam reciprocamente. Cada Oblato-SCJ, se é verdadeiro filho do Pe. Dehon, deve experimentar esta mesma exigência. Escreve o Pe. Dehon no Directório Espiritual: «A vocação dos Sacerdotes do Coração de Jesus é inconcebível sem a vida interior. Os actos frequentes de amor, de desagravo, de reparação, de fé viva e de abandono, que são a vida de uma vítima do Coração de Jesus, só podem encontrar-se numa vida realmente interior, na união habitual com Nosso Senhor e na permanência na Sua santa presença» (Directório Espiritual, parte VI, n. 21, p. 204). No Diário, escreve: «Nosso Senhor adverte-me novamente de que quer uma união completa com Ele e uma imolação constante. Quando me renderei completamente ao Seu desejo?» (NQ IV. 36v; 22.4.1888).
    Esta exigência de contemplação realiza-se na escuta da palavra e na oração de intimidade, geralmente, diante do Jesus Eucaristia, num tempo que varia de pessoa para pessoa, conforme as possibilidades e as disposições psicológicas de cada um. «O crescimento pessoal (na caridade) exige que cada um tenha uma regra de vida pessoal. O número reduzido de regras comunitárias reforça tal exigência...» (Cst 71).

    Oratio
    Senhor Jesus, nesta época aturdida de palavras humanas, ajuda-me a ter um coração adorante e ouvinte como o de Maria sentada a teus pés.
    «Tu me sondas e me conheces», Tu já me escolhias e chamavas quando eu ainda estava «no seio de minha mãe». Que eu o entenda no coração e o viva na força irradiante dessa compreensão, volvendo frequentemente o olhar para Ti que habitas no mais profundo do meu ser. Então, como o Pe. Dehon, poderei anunciar com a minha vida que é bom harmonizar a contemplação de Maria com o serviço de Marta, a escuta adorante da Palavra e a Palavra tornada vida no decorrer dos meus dias. Amen.

    Contemplatio
    A piedosa família da aldeia de Betânia era querida ao Coração de Jesus. «Jesus - diz S. João - amava Marta, e Maria sua irmã e Lázaro» (Jo 11, 5). Que felizes seríamos se se pudesse dizer de nós que o Coração de Jesus nos ama! Marta e Maria amavam Jesus com um afecto um pouco diferente. Maria permanecia junto de Jesus totalmente absorta na contemplação. Marta atarefava-se em prestar mil pequenas atenções ao Salvador. Uma vez, Jesus repreendeu-a suavemente por causa da sua excessiva preocupação: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas».
    Imitemos o cuidado e dedicação de Marta, evitando a agitação. Nosso Senhor espera de nós atenções temporais e eternas. As atenções temporais são a nossa participação no culto, na ornamentação dos altares e na boa ordem no santuário; é também a compaixão por todos os que sofrem e a ajuda a dar-lhe, uma vez que Nosso Senhor toma como feito a Si mesmo tudo o que fazemos por eles.
    As atenções espirituais são os actos da nossa vida interior, os actos de adoração, de acção de graças, de reparação e de oração; são sobretudo as invenções do amor terno, generoso e assíduo, e o cuidado de consolar Nosso Senhor pela ingratidão dos homens. (Leão Dehon, OSP 4, p. 102).

    Actio
    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    «Jesus amava Marta e Maria!» E ama-me a mim!
    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXVII Semana - Quarta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Quarta-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    5 de Outubro, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Quarta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: Gálatas 2, 1-2.7-14
    Irmãos: 1Passsados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém, com Barnabé, levando comigo também Tito. 2Mas subi devido a uma revelação. E pus à apreciação deles - e, em privado, à dos mais considerados - o Evangelho que prego entre os gentios, não esteja eu a correr ou tenha corrido em vão. 7Antes pelo contrário: tendo visto que me tinha sido confiada a evangelização dos incircuncisos, como a Pedro a dos circuncisos - 8pois aquele que operou em Pedro, para o apostolado dos circuncisos, operou também em mim, em favor dos gentios - 9e tendo reconhecido a graça que me havia sido dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas, deram-nos a mão direita, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para irmos, nós aos gentios e eles aos circuncisos. 10Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres - o que procurei fazer com o maior empenho. 11Mas, quando Cefas veio para Antioquia, opus-me frontalmente a ele, porque estava a comportar-se de modo condenável. 12Com efeito, antes de terem chegado umas pessoas da parte de Tiago, ele comia juntamente com os gentios. Mas, quando elas chegaram, Pedro retirava-se e separava-se, com medo dos partidários da circuncisão. 13E com ele também os outros judeus agiram hipocritamente, de tal modo que até Barnabé foi arrastado pela hipocrisia deles. 14Mas, quando vi que não procediam correctamente, de acordo com a verdade do Evangelho, disse a Cefas diante de todos: «Se tu, sendo judeu, vives segundo os costumes gentios e não judaicos, como te atreves a forçar os gentios a viver como judeus?»
    Paulo continua a escrever em jeito de autobiografia. Depois de catorze anos, vai a Jerusalém, acompanhado por um levita cipriota chamado José, a quem os Apóstolos tinham dado o sobrenome de Barnabé, isto é, "filho da consolação", e que acompanhou Paulo durante o primeiro período de evangelização. Leva também Tito, um greco-cristão incircunciso, que mediou o conflito entre a Igreja de Corinto e Paulo (cf. 2 Cor 3, 13).
    Tito era um exemplo vivo de liberdade perante tudo o que não correspondia ao essencial ensinamento de Cristo: ao contrário do que defendiam e praticavam alguns cristãos de Jerusalém, Tito não era circunciso. Com este exemplo concreto, Paulo expõe aos chefes da Igreja o seu evangelho, para não «correr em vão» (v. 6). Dá-se, então, em Jerusalém uma forte experiência de comunhão, expresso no aperto de mão de Paulo, a Pedro, Tiago e João, considerados «as colunas» (v. 9) da Igreja. Chega-se a um acordo: as «colunas» evangelizariam os circuncisos, Paulo e os seus companheiros evangelizariam os pagãos. A única recomendação é dar atenção aos pobres, coisa que Paulo terá em grande conta (v. 10).
    Mas a comunhão não impede Paulo de se opor a Pedro que, em Antioquia, se deixou dominar pelos cristãos judaizantes, deixando de frequentar a mesa dos cristãos convertidos do paganismo, que justamente se julgavam livres de tomar qualquer tipo de alimento. E verificamos duas realidades: a primeira é que Paulo se sente livre para dizer claramente a verdade a Pedro, que "coxeia" na sua prática de crente; a segunda é que a mensagem de Cristo é uma mensagem de liberdade em relação a todo o formalismo, exterioridade, hipocrisia e constrição.

    Evangelho: Lucas 11, 1-4
    Naquele tempo, 1Sucedeu que Jesus estava algures a orar. Quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos.» 2Disse-lhes Ele: «Quando orardes, dizei:Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; 3dá-nos o nosso pão de cada dia; 4perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixes cair em tentação.»
    «Jesus estava algures a orar» (v. 1). Em qualquer tempo e lugar se pode rezar, ainda que haja tempos e lugares expressamente destinados à oração. Ao ver Jesus rezar, um dos discípulos percebeu que não sabia rezar e suplicou: «Senhor, ensina nos a orar» (v. 1). Então, Jesus ensinou-lhes a sua oração, o «Pai nosso».
    A oração de Jesus começa com a invocação do Pai, Abba, no texto lucano, palavra que exprime uma ternura e um à vontade idêntico à nossa palavra "papá". Jesus introduz-nos, deste modo, a um novo tipo de relação com Deus, caracterizado pela confiança, semelhante à de um filho que se dirige ao pai, por quem se sente amado. Chamando Pai a Deus, assemelhamo-nos a Jesus, o Filho por excelência, e partilhamos a relação íntima que existe entre Ele e o Pai. É nisto que caracteriza, em primeiro lugar, a oração do cristão.
    – «santificado seja o teu nome»: pedimos a Deus que seja glorificado por todos e em todos; que seja glorificado em cada um de nós, isto é, que vendo o nosso modo de ser e de agir, todos O reconheçam e louvem; este pedido sublinha a verdade de que é procurando a glória de Deus, e não na nossa, que encontramos a nossa própria felicidade, entrando em comunhão com Ele, com os outros, com o cosmos.
    – «venha o teu Reino»: toda a história é aspiração, consciente ou não, por este Reino, que é «justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rm 14, 7).
    – «dá nos em cada dia o pão da nossa subsistência»: o «pão» é o elemento vital que simboliza tudo o que o homem precisa para viver dignamente, crescer e realizar-se (pão, vestuário, cultura, habitação, ...). Pede-se o pão «nosso» ... Se for só «meu», torna-se elemento de morte. Partilhado, faz crescer. «Pão» é também a Eucaristia, a Palavra de Deus... porque «não só de pão vive o homem».
    – «perdoa nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos»: o perdão de Deus liga-se à nossa atitude de perdoar, como raiz à árvore. O fundamento do nosso perdão e saber-nos perdoados por Deus... Perdoar não significa esquecer. Desejar perdoar, pedir a Deus que nos ajude a perdoar, já é atitude de perdão...
    – «não nos exponhas à tentação». Esta expressão significa pedir a Deus a graça de não sucumbirmos à tentação, por causa da nossa fraqueza. Sabemos que Deus nos ouve porque «é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças» (1 Cor 10, 13).

    Meditatio
    Paulo recusa todo o formalismo, constrição, oportunismo, tradicionalismo. O essencial é aderir a Cristo e à sua verdade. Para defender essa posição, que julga correcta, está disposto a tudo, até a indispor-se com Pedro, não hesitando e aplicar-lhe a correcção fraterna. Tem de haver coerência entre o Evangelho e a vida.
    É urgente que nas nossas comunidades cristãs, e religiosas, se instaure esta parresia, este atrevimento, esta franqueza de relações, esta busca apaixonada da verdade de Cristo, dando ouvidos às exigências do Reino, e não dos nossos mesquinhos interesses.
    Nada melhor do que ter bons espaços e tempos de oração para ultrapassar rotinas e confusões que inquinam a verdade pura do Evangelho e escravizam o nosso coração. Se rezo ao Abbá, ao Pai cheio de ternura, meu e dos meus irmãos, se Lhe peço que seja glorificado como convém, e que venha o reino da justiça, do amor e da paz, também através da minha pequena vida, então terei a força de me tornar, cada vez mais, na porção da Igreja de que faço parte, aquilo que, hoje, sou chamado a ser. Não me tornarei, certamente, um elemento polémico, soberbo e capaz de rebentar com tudo, mas uma pessoa tão intensamente unida a Jesus, tão compenetrada pelo seu humilde amor, que nada temerei, nem sequer a reacção daqueles que vier a corrigir, por amor. Pedir frequentemente, ao longo do dia, «venha o teu reino», é o segredo para alcançar a força espiritual de realmente o querer e procurá-lo, numa atitude pessoal e de relação.
    O verdadeiro diálogo, na Igreja e nas nossas comunidades cristãs e religiosas, precisa de um clima de liberdade. Cada um deve experimentar que lhe é possível manifestar as suas opiniões, o seu modo de ver. Este respeito pelas opiniões dos outros, leva à compreensão recíproca, à aceitação do conselho e também à correcção fraterna. Mesmo num debate aceso, jamais se devem atacar as pessoas, mas confrontar com simpatia as ideias, as propostas, os pontos de vista.
    É preciso participar no diálogo desarmados. Não devemos pensar em vencer ou perder. A vitória deve pertencer à verdade e ao bem. Ninguém de nós tem a verdade no bolso, ninguém de nós é infalível; procuramos a verdade e, mais do que procurá-la, deixamo-nos conquistar por ela.
    O verdadeiro diálogo exclui a intransigência. De que me serve vencer se a minha opinião está errada? Nenhuma vantagem vem do erro. Vim para dominar ou para servir? Se estamos com Jesus devemos estar dispostos para servir: «Não vim para ser servido, mas para servir» (Mt 20, 28). Servir a verdade é servir Jesus: «Quem é da verdade, escuta a minha voz» (Jo 18, 27); «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6).
    O verdadeiro diálogo comunitário deveria excluir também as "acomodações" e os "compromissos". Eles indicam que ainda não cerramos fileiras pela verdade. É preciso estar apaixonados, enamorados pela verdade, porque estamos enamorados de Cristo-Verdade (cf. Jo 14, 17), porque, como "Deus é caridade" (1 Jo 4, 16), Deus é verdade. Não importa de quem vem a verdade, não importa o meio: pode ser um jovem, um noviço. O Espírito «sopra onde quer» (Jo 3, 8) e como quer; mas, de certeza, é Ele a fonte última da verdade, como a é da caridade: «O Espírito é a verdade» (1 Jo 5, 6).
    Invoquemos o Espírito e demos lugar ao Espírito nos nossos diálogos comunitários e experimentemos os seus saborosos frutos, sinais do Reino já presente no meio de nós: a caridade, a paz, a alegria, a bondade, a benevolência, a mansidão, etc. Não só pessoalmente, mas também comunitariamente.
    Estamos convencidos de que a realidade escatológica dos «novos céus» e da «nova terra», onde «habita a justiça» (2 Pe 3, 13), pode ser uma realidade actual, antecipada, não só pessoalmente, mas também comunitariamente.

    Oratio
    Senhor, disseste que, se escutarmos e vivermos a tua palavra, conheceremos a verdade, e que «a verdade nos libertará» (cfr. Jo 8). Dá-nos a graça de rezar e de viver a ardente súplica: «Venha o teu Reino», que é verdade e liberdade de Deus e do homem. Dá-nos a graça de a rezar com tal perseverança que ela se torne, não só um desejo do nosso coração, mas também coragem e compromisso libertador de toda a nossa acção e da nossa relação com quantos, como nós, são Igreja peregrina rumo aos esplendores do Reino. Amen.

    Contemplatio
    Recordai os principais títulos do vosso Pai celeste ao vosso amor. E, em primeiro lugar, Ele é vosso Pai. Será que se encontra na natureza um título que dê mais direito a ser amado do que este? E é-o de um modo eminente. É o criador do vosso corpo e da vossa alma e o autor da sua união. É só d'Ele que recebeis as vossas faculdades e as vossas qualidades naturais. Somente por Ele é que continuais a existir em cada instante. É Ele que provê em cada instante às vossas necessidades, às vossas comodidades e mesmo aos vossos prazeres; porque vós não gozais de nenhum, mesmo contra a sua vontade sem que seja Ele que vos forneça os seus elementos. Poderia retirar-vos tudo aquilo que vos deu, quando disso abusais para o ofender.
    É o vosso Pai a um título mais excelente ainda na ordem sobrenatural, porque vos adoptou como seus filhos. É o vosso Pai por graça, como é o Pai de Nosso Senhor por natureza. Tornai-vos em Jesus o objecto da sua complacência. Estende até vós a ternura infinita que tem por Ele. Este benefício é tão grande que os anjos dele seriam invejosos se o pudessem ser.
    Todas as consequências desta paternidade são outros tantos motivos de ainda mais amardes a Deus. Entrais por adopção na família de Deus. Sois incorporados nesta família da qual Jesus é o primogénito. Pertenceis à casa do vosso Pai não na qualidade de servos, mas na qualidade de filhos. Jesus não faz distinção a este respeito entre vós e Ele, como o observais no Evangelho: «Meu Deus e vosso Deus; meu Pai e vosso Pai» (Jo 20, 17). (Leão Dehon, OSP 2, p. 24).

    Actio
    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    «Pai, venha o teu Reino» (cf. Lc 11, 1-2)
    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXVII Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Quinta-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    6 de Outubro, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Quinta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: Gálatas 3, 1-5
    1Oh Gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou, a vós, a cujos olhos foi exposto Jesus Cristo crucificado? 2Só isto quero saber de vós: foi pelas obras da Lei que recebestes o Espírito ou pela pregação da fé? 3Sois tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, quereis agora, pela carne, chegar à perfeição? 4Foi em vão que experimentastes coisas tão grandiosas? Se é que foi mesmo em vão! 5Aquele que vos concede o Espírito e opera milagres entre vós, será, pois, que o faz pelas obras da Lei ou pela pregação da fé?
    Paulo dirige aos Gálatas palavras duras. Para compreendê-las, devemos recordar que o Apóstolo, seu pai e mestre na fé, vive para comunicar a sua convicção fundamental: «o homem não é justificado (salvo) pelas obras da Lei, mas unicamente pela fé em Jesus Cristo porque pelas obras da Lei nenhuma criatura será justificada» (Gl 2, 16). Paulo mostra aos Gálatas a sua insensatez, por voltarem a considerar-se devedores da Lei, como se não tivessem conhecido o Evangelho, como se aos seus olhos não tivesse sido exposto «Jesus Cristo crucificado» (Gl 3, 1), única fonte de salvação. Pode-se viver plenamente incarnados neste mundo, mas vivendo simultaneamente «na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim» (Gl 2, 20). Nessa perspectiva, o horizonte muda radicalmente, como o daquele que antes vivia dependente de uma máquina de oxigénio e agora pode respirar a plenos pulmões. É para isso que Deus lhes concede o Espírito Santo, que opera maravilhas. Dotados pelo Espírito, os Gálatas podem tornar-se verdadeiros crentes e actuar na caridade. O crente, de facto, não é chamado a um esforço voluntarista para cumprir as obras da Lei, mas a ser dócil ao Espírito, que os torna crentes de cumprirem os mandamentos, crucificando o próprio egoísmo, a ponto de poderem dizer: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (2, 20). Por Ele e com Ele, não só deixaremos de fazer o mal, mas procuraremos, com a força do Espírito, fazer todo o bem possível.

    Evangelho: Lucas 11, 5-13
    Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 5«Se algum de vós tiver um amigo e for ter com ele a meio da noite e lhe disser: 'Amigo, empresta-me três pães, 6pois um amigo meu chegou agora de viagem e não tenho nada para lhe oferecer', 7e se ele lhe responder lá de dentro: 'Não me incomodes, a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados; não posso levantar-me para tos dar'. 8Eu vos digo: embora não se levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos, levantar-se-á, devido à impertinência dele, e dar-lhe-á tudo quanto precisar.» 9«Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; 10porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. 11Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 12Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!»
    Depois de nos transmitir o «Pai nosso», a oração de Jesus, Lucas dá-nos alguns ensinamentos sobre a atitude interior com que havemos de dirigir-nos a Deus, que é Pai e amigo do homem. Fá-lo com duas parábolas: a primeira é a do amigo importuno que, no meio da noite, vai pedir pão a outro amigo. A nota principal é a insistência de quem sabe bater ao coração (mais do que à porta) de um amigo, e a confiança em obter o que pede.
    A segunda parábola usa coloridas imagens (peixe/serpente, ovo/escorpião) para aprofundar o conceito de «pai». O peixe, tal como o pão, é símbolo de Cristo; a serpente evoca o inimigo por excelência do homem (cf. Gn 3). O ovo é símbolo da vida, enquanto o escorpião, que tem veneno na cauda, simboliza a morte.
    Os verbos fortemente correlativos entre eles (pedir/obter, procurar/achar, bater/abrir) ensinam-nos que a oração nunca é perda de tempo, ou desafio a um deus longínquo e surdo. A oração tem sempre resposta positiva. Mas precisa de ser perseverante (cf. Lc 18, 1).
    A interrogação de Jesus, depois da segunda parábola, interpela fortemente a nossa sensibilidade. Sabemos que, por natureza, não somos bons. Mas o instinto paterno é tão forte que leva a corresponder positivamente aos pedidos dos filhos, dando-lhes o que é bom. O Espírito Santo é o Dom por excelência, que jamais será negado a quem O pedir.

    Meditatio
    Cristo convida-nos, como Seus discípulos e, sobretudo, como Seus "amigos" à "assiduidade" na oração, e nós queremos corresponder a esse convite. Por isso, precisamos de «rezar incessantemente...» (1 Ts 5, 17; cf. Ef 5, 20).
    Ser «féis à oração» (Act 2, 42) é ser fiéis ao «nosso carisma profético» (Cst. 27), é realizar a primeira união da nossa «vida religiosa e apostólica à oblação reparadora de Cristo ao Pai pelos homens» (Cst. 6). Só realizando, com a ajuda do Espírito, dos seus dons, dos seus frutos, dos seus carismas, o nosso carisma de oblação, damos um conteúdo de vida e de realismo à «fidelidade» que nos recomenda o n. 76 das Constituições.
    É pouco ser fiéis às necessárias práticas de piedade pessoais e comunitárias. As orações devem ajudar-nos a descobrir o seu núcleo vital: rezar é amar. A caridade é a oração que dá valor a todas as orações e práticas de piedade e torna fecundo o nosso apostolado.
    O homem precisa de amar e de ser amado como precisa do ar; por isso, a oração perene é o amor perene: Amai, sem nunca desanimar, diz Jesus (cf. Lc 18, 1); amai incessantemente, confirma S. Paulo (cf. Ts 5, 17).
    Rezar é estar em diálogo de amor perene com Deus, Pai amoroso em Quem podemos confiar, e com os irmãos; rezar é fazer do amor oblativo a nossa vida. Devemos, todavia, beber esse amor oblativo na sua fonte, que é Deus. Daí a necessidade da oração de intimidade pessoal, da oração trinitária. Podemos servir-nos das formas simples e profundas que aprendemos nos joelhos da nossa mãe: «Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo», entendendo o «em nome» ("eis to onoma": Mt 28, 19) no sentido de posse: «Sou Teu, ó Pai; sou Teu, ó Filho; sou Teu, ó Espírito Santo» - «Amem»: Sim, com todo o meu coração, com toda a minha vida, no tempo e na eternidade. E ainda: «Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo», entendendo
    "glória" no sentido de amor oblativo. Amor ao Pai, amor ao Filho, amor ao Espírito Santo. "Amem", Sim, com todo o meu coração, com toda a minha vida, no tempo e na eternidade. É evidente também a necessidade da invocação frequente do Espírito para que venha «em ajuda da nossa fraqueza» (Rm 8, 26): «Vem, Espírito Santo... Vem, pai dos pobres; vem, dador de todos os dons; vem, Luz dos corações» (Liturgia).
    Da oração de intimidade, que é amor oblativo para com Deus, passamos à oração de continuidade, que é amor oblativo para com o próximo, que é apostolado, contacto cordial com as pessoas, identificação com as suas alegrias e com as situações difíceis, e mesmo dramáticas, em que, por vezes, vivem. Quando formos pessoas que rezam, será para nós espontâneo passar da contemplação à acção e regressar da acção à contemplação. Na contemplação, encher-nos-emos do Espírito que produzirá em nós os seus frutos, as obras de bem, sinal do Reino em nós. Para um Oblato-Sacerdotes do Coração de Jesus, não há diferença entre actividade apostólica e contemplação: é amor oblativo a contemplação, é amor oblativo a acção. Rezar é amar e amar é rezar. Sendo assim, compreendemos a importância enorme que tem a verdadeira oração entendida, antes de mais nada, como experiência do inefável «amor que Deus tem por nós» (1 Jo 4, 16), e como adesão de todo o nosso ser a esse amor oblativo, correspondendo-lhe com o nosso amor oblativo, no serviço de Deus e no serviço aos irmãos. Por isso, «Reconhecemos que da oração assídua dependem a fidelidade de cada um e das nossas comunidades (à nossa vocação de Oblatos-SCJ), bem como a fecundidade do nosso apostolado. Cristo convida os seus discípulos, sobretudo os seus amigos, a perseverarem na oração: queremos responder a este convite» (Cst. 76).

    Oratio
    Ó meu bom Mestre, tudo fizeste para ganhar os nossos corações; para atingir esse fim, ensinaste-nos as orações das jaculatórias. Bem o dizias na parábola da viúva pobre que faz apelo ao juiz: seremos mais bem escutados por Ti, do que pelos poderosos da terra, quando reclamarmos o teu auxílio, ou quando Te declararmos o nosso amor e o nosso reconhecimento!
    Porque tenho aqui um seguro meio para ganhar o teu Coração e me unir a ele, doravante hei-de servir-me da oração das jaculatórias e farei dela um hábito incessante. Amen. (Leão Dehon, OSP 2, p.102).

    Contemplatio
    Quem me ama sinceramente, - diz o Salvador - mistura-me de tal modo a tudo o que faz, que não tem necessidade de reflectir e de raciocinar para me dizer o reconhecimento do seu coração. Este reconhecimento resplandece com um dardo de amor. Os santos iam mais longe; agradeciam-me não apenas os seus sucessos, mas também os seus insucessos, porque viam neles uma provação querida ou permitida por mim para os manter na humildade.
    Queria, portanto, que este hábito das orações jaculatórias estivesse tão profundamente enraizado naqueles que estão consagrados ao meu amor, que os seus lábios cheguem a balbuciar como brotando de si mesmos alguma palavra afectuosa por mim. Este seria o meio por excelência de pôr em prática o voto do salmista: Meditatio cordis mei in conspectu tuo semper: Os sentimentos do meu coração estão sempre diante dos vossos olhos.
    Este hábito de oração é simultaneamente um fruto e um meio de vida interior. Os mestres da vida espiritual recomendam os actos de fé frequente e o exercício da presença de Deus. A prática da oração jaculatória obtém facilmente este duplo fim. Faz mais do que dar o hábito da presença de Nosso Senhor, dando o dos impulsos do coração, da união, do colóquio íntimo e contínuo com Ele. Coloca o seu agrado em escutar estas invocações, porque o coração tem mesmo aí muitas vezes uma parte maior do que nas orações litúrgicas onde a rotina se insinua muito frequentemente. Resgatam-se assim por este meio muitas negligências.
    Quando na oração da manhã a alma está árida, quando não podemos, por uma razão ou por outra, seguir o tema proposto, um excelente meio de retirar algum fruto deste exercício, é ainda a oração jaculatória. Muitas vezes uma alma que ficou fria e seca durante uma grande parte da oração, reanima-se de repente através de uma oração jaculatória na qual diz a sua mágoa por se sentir tão fria.
    Muitas vezes - diz o Salvador - respondo a estas lamentações cândidas com um toque de graça, e em todos os casos a oração assim feita produz o seu fruto, porque atinge o meu Coração. (Leão Dehon, OSP 2, p. 102).

    Actio
    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    «Mandai, Senhor, o vosso Espírito» (cf. Sl 104, 30)
    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXVII Semana - Sexta-feira - Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Sexta-feira - Tempo Comum - Anos Pares


    7 de Outubro, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Sexta-feira

    Lectio

    Primeira leitura: Gálatas 3, 7-14
    Irmãos: 7Ficai a saber: os que dependem da fé é que são filhos de Abraão. 8E como a Escritura previu que é pela fé que Deus justifica os gentios, anunciou previamente como evangelho a Abraão: Serão abençoados em ti todos os povos. 9Assim, os que dependem da fé são abençoados com o crente Abraão. 10É que todos os que estão dependentes das obras da Lei estão sob maldição, pois está escrito: Maldito seja todo aquele que não persevera em tudo o que está escrito no livro da Lei, em ordem a cumpri-lo. 11E que, pela Lei, ninguém é justificado diante de Deus, é coisa evidente, pois aquele que é justo pela fé é que viverá. 12E a Lei não está dependente da fé; pelo contrário: Quem cumprir as suas prescrições viverá por elas. 13Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, ao fazer-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito seja todo aquele que é suspenso no madeiro. 14Isto, para que a bênção de Abraão chegasse até aos gentios, em Cristo Jesus, para recebermos a promessa do Espírito, por meio da fé.
    Paulo recorda aos Gálatas Abraão, pai e modelo da fé: acreditou e isso «foi-lhe atribuído como justiça» (Gl 3, 16). Abraão é pai na fé porque aceitou peregrinar confiando apenas na palavra de Deus. Assim se tornou instrumento de bênção para os hebreus e para todos os povos (v. 8). Também os Gálatas, que se dizem «filhos de Abraão», deveriam fundamentar a sua fé em Deus unicamente na palavra escutada e vivida. Quem pretender salvar-se cumprindo de modo voluntarista a Lei, acabará por se condenar. O mal não está em querer cumprir, mas em querer fazê-lo de modo autónomo, como se Deus estivesse à margem da nossa existência, como frio espectador e juiz remunerador.
    Em Rm 7, 7ss., Paulo já mostrou que somos incapazes de cumprir a Lei, só com as nossas forças, porque estamos profundamente divididos. Aspiramos pelo bem, mas não conseguimos fazê-lo, e até fazemos o mal que não queremos. O homem justo viverá em virtude da fé, viverá santamente os seus dias, por causa da sua confiança absoluta em Deus que é «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2).
    Cristo libertou-nos da maldição que é o clima opressivo de pretender viver apenas sob a Lei, tomando sobre si, na cruz, a maldição do pecado. Cristo fez-se pecado por nós (cf. 2 Cor 5, 21). Amou-nos a ponto de abrir a todos as portas da antiga bênção de Abraão e à promessa do Espírito.

    Evangelho: Lucas 11, 15-26
    Naquele tempo, Jesus expulsou um demónio, 15mas alguns dentre eles disseram: «É por Belzebu, chefe dos demónios, que Ele expulsa os demónios.» 16Outros, para o experimentarem, reclamavam um sinal do Céu. 17Mas Jesus, que conhecia os seus pensamentos, disse-lhes:«Todo o reino, dividido contra si mesmo, será devastado e cairá casa sobre casa.
    18Se Satanás também está dividido contra si mesmo, como há-de manter-se o seu reino? Pois vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios. 19Se é por Belzebu que Eu expulso os demónios, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. 20Mas se Eu expulso os demónios pela mão de Deus, então o Reino de Deus já chegou até vós. 21Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os seus bens estão em segurança; 22mas se aparece um mais forte e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos. 23Quem não está comigo está contra mim, e quem não junta comigo, dispersa.» 24«Quando um espírito maligno sai de um homem, vagueia por lugares áridos em busca de repouso; e, não o encontrando, diz: 'Vou voltar para minha casa, de onde saí.' 25Ao chegar, encontra-a varrida e arrumada. 26Vai, então, e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, instalam-se ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro.»
    Neste texto, Lucas faz-nos entrar no mistério do encarniçamento da luta contra Jesus, não só por parte dos seus inimigos, mas também por parte de Satanás, o Adversário por excelência, aqui chamado Belzebu, termo de origem sírio-fenícia (de Beelzebul: "senhor do monte", ou de Beelzebub: "rei das moscas"). Jesus expulsou um demónio. Os inimigos insinuam que o prodígio foi operado pelo poder do próprio chefe dos demónios. Alguém até exige um milagre como «sinal do Céu» (v. 16) para confirmar o seu ser de Deus. É a habitual prova-tentação em que os inimigos de Jesus queriam também envolvê-l´O, mas que é contrária a um verdadeiro caminho fé.
    Mas Jesus, «que conhecia os seus pensamentos» (v. 17), desarma-os com uma lógica inequívoca: como pode Satanás dar-lhe poder de combater os seus subalternos? Seria como se quisesse o desmoronamento do seu reino. Mais ainda: se a acusação contra Jesus fosse verdadeira, também poria em causa os exorcistas hebreus, - ironiza Jesus. Mas o centro da questão é colocado por Jesus a outro nível: se Ele expulsa demónios com o poder de Deus ("mão" indica poder: cf. Sl 8, 13) quer dizer que a sua presença equivale à presença do Reino no meio deles (cf. 11, 17-26).
    Segue a parábola do homem forte e do «mais forte» que evidencia a vitória de Cristo sobre Satanás. Em relação a Jesus, não há espaço para neutralidade. Ou se está com Ele e se recolhe para a vida que dura, ou se está contra Ele e se perde todo o verdadeiro bem. Note-se também o apelo à vigilância. Satanás não descansa, nem se dá por vencido. Onde vê a casa «varrida e arrumada» (v. 24), isto é, a pessoa decidida a seguir a Cristo, lança um ataque totalitário (expresso pelo número 7: v. 26) porque, por inveja (cf. Sab 2, 24), anseia pela ruína do homem.

    Meditatio
    Hoje, o evangelho fala-nos da luta entre Jesus e o demónio, uma luta que se trava no mais íntimo do homem. Nós sabemos que fomos libertados do pecado e do demónio pela graça de Deus e pelo Baptismo e, no decurso da vida, pelo sacramento da Reconciliação. Mas assiste-se, nos nossos dias, tantas vezes fortemente críticos e até agressivos a tudo o que tenha a ver com o sobrenatural, a um renascer de crenças no mundo dos demónios. Vão até surgindo, por aqui e por ali, grupos que se dedicam a práticas satânicas. Há quem cultive inúteis medos e quem, pura e simplesmente, ironize sobre o tema. Mas temos a certeza de que «pela mão de Deus» (Lc 11, 20), isto é, pelo poder do Altíssimo, Jesus, vivo na Palavra e nas realidades sacramentais da Igreja, continua a alcançar vitória sobre o Maligno. Quem estiver da parte de Cristo, e viver unido a Ele, nada tem a temer. Satanás está «bem armado», mas Deus é bem «mais forte» (Lc 11, 23). O Demónio pode ser «como um leão que ruge, procurando a quem devorar» (1 Pe 5, 8), mas é sempre uma criatura que a «mão de Deus» verga e parte como uma palhinha. Belzebu é o desesperado por excelência, que «anda por lugares áridos» e não encontra paz (Lc 11, 24); assim, a sua estratégia de «macaco de Deus» - como lhe chamam os antigos Padres - é tornarmos semelhante a ele. Mas Deus torna o homem semelhante ao seu ser amor e alegria; Satanás, se não consegue tornar-nos desesperados como ele, faz o possível para nos fazer desanimar. Pela morte e pela ressurreição de Jesus, perdeu a guerra, mas ainda pode vencer essa batalha. Estejamos, então, atentos à casa do nosso coração! Ainda que «varrida e arrumada», não deixa de ser atacada por Satanás e seus sequazes. Só pela fé e pela oração, expressão da nossa fé, podemos resistir-lhe.
    Acreditar que Jesus aceitou tornar-se «maldição suspensa no madeiro da cruz» (cf. Gl 3, 13), e pedir a graça de ser por Ele fortificados e salvos, é a nossa garantia. «Agora é que o dominador deste mundo vai ser lançado fora», disse Jesus. «Quando for levantado da terra, atrairei todos a mim» (Jo 12, 31-32). É, pois, fixando o olhar em Cristo, crucificado e ressuscitado, que veremos abrirem-se para nós horizontes de paz. Pelo contrário, todas as nossas obras, que não sejam vivificadas e fortalecidas pelo Espírito, por meio da fé, tornam-se terreno propício para as artes do Maligno.
    Num mundo que nos enche de angústias e nos torna muitas vezes pessimistas, porque nos parece que "tudo... jaz sob o poder do Maligno" (1 Jo 5, 19), Cristo, "Homem novo" (Ef 4, 24) dá-nos coragem, ilumina-nos, pacifica-nos e dá-nos alegria (cf. Jo 20, 20-21), porque n´Ele, "apesar do pecado, dos fracassos e da injustiça, a redenção é possível, oferecida e já está presente (Cst 12).
    Insistimos sobretudo na convicção de que "está presente". Por isso, confiantes, apesar das insídias de Satanás, "corremos com perseverança a carreira que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé" (Heb 12, 1-2), que deu a Sua vida por nós e, agora, glorioso, intercede por nós junto do Pai (cf. Heb 7, 25).

    Oratio
    Senhor Jesus Cristo, vencedor do Maligno, Homem novo, dá-me coragem para a luta, ilumina o meu caminho, enche-me de esperança e de alegria. Confio em Ti e abandono-me ao teu poder vitorioso. Dá-me a graça de Te escolher em todos os momentos da minha caminhada e de sempre confiar em Ti, que és a «mão de Deus», o poder do Altíssimo, sempre presente e actuante no meio de nós. Que jamais me afaste de Ti e do teu Reino, procurando escapar para zonas neutrais e buscar seguranças mundanas, que são terreno do Maligno.
    Nos momentos de tentação e perigo, faz-me ouvir a tua voz: «Não temas; eu estou contigo». Que viva e caminhe unido a Ti e saiba reconhecer os sinais com que Te anuncias, sem pretender outros à medida da minha fantasia e curiosidade. Que jamais perca a certeza do teu amor gratuito, e possa encontrar repouso no teu Coração. Amen.

    Contemplatio
    Recordai-vos das graças do Baptismo. Antes de o receberdes, estáveis como presa dos demónios. Os exorcismos comprimiram as suas forças e a água salutar expulsou-os. Éreis os inimigos de Deus, tornastes-vos os seus filhos bem-amados. O Baptismo é uma verdadeira adopção. - Tornastes-vos também os filhos da Igreja, entrastes na participação de todos os seus bens, das suas alegrias, das suas festas, dos seus tesouros. Fostes admitidos a participar na comunhão dos santos. - Recebestes o dom incomparável da graça santificante, que vos regenerou resgatando-vos do pecado original, dos pecados actuais se os tínheis e de todas as penas devidas aos pecados passados. - Recebestes um carácter sagrado que é um título para obter graças incessantes, se lhe corresponderdes.
    Nosso Senhor deu-vos um coração novo e um espírito novo. As vossas inclinações más foram diminuídas e tornastes-vos dóceis à graça e acessíveis ao bem. Passastes das trevas à luz: Eratis aliquando tenebras, nunc autem lux in Domino (Ef 5, 8). Quantas graças acumuladas e quanto deveis estar reconhecidos! O acontecimento figurativo do Baptismo no Antigo Testamento diz-vos também o preço do Baptismo: é a passagem do Mar Vermelho, é a saída do Egipto, a libertação da servidão e da corrupção. (Leão Dehon, OSP 2, p.50s.)

    Actio
    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    «O Reino de Deus está no meio de nós» (cfr. Lc 11, 20).
    | Fernando Fonseca, scj |

  • XXVII Semana - Sábado - Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Sábado - Tempo Comum - Anos Pares


    8 de Outubro, 2022

    Tempo Comum - Anos Pares

    XXVII Semana - Sábado

    Lectio

    Primeira leitura: Gálatas 3, 21-29
    Irmãos: 22ª Escritura tudo fechou sob o pecado, para que a promessa fosse dada aos crentes pela fé em Jesus Cristo. 23Antes, porém, de chegar a fé, estávamos prisioneiros da Lei, estávamos fechados, até à fé que havia de revelar-se. 24Deste modo, a Lei tornou-se nosso pedagogo até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. 25Uma vez, porém, chegado o tempo da fé, já não estamos sob o domínio do pedagogo. 26É que todos vós sois filhos de Deus em Cristo Jesus, mediante a fé; 27pois todos os que fostes baptizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo mediante a fé. 28Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus. 29E se sois de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.
    Paulo ao argumentar sobre a economia do amor gratuito de Deus, a que se acede pela fé, não deixa de esclarecer também a função da Lei. No plano de Deus, a Lei serve para levar o homem a compreender que, por si só, não pode cumpri-la e que, portanto, o pecado é inevitável (v. 23; cf. Rm 7, 7-25). A Lei teve o papel de «pedagogo» (vv. 24ss.). Na cultura greco-romana, o pedagogo custodiava as crianças, usando a vara e as repreensões, e não o amor. Com esta imagem, Paulo quer levar-nos a compreender a força libertadora da fé: «Uma vez, porém, chegado o tempo da fé, já não estamos sob o domínio do pedagogo. É que todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus» (vv. 25.26). A beleza deste novo tempo é expressa com dois conceitos. O primeiro refere-se ao salto qualitativo do nosso "ser", no momento do baptismo e que consiste no facto de podermos participar na vida de Cristo: «todos os que fostes baptizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo», (v. 27) é a metáfora usada por Paulo. Não se trata de um revestimento exterior, mas de união profunda a Cristo (cf. Rm 6, 5).
    O segundo conceito refere-se à absoluta novidade do ser em Cristo, que destrói toda a discriminação de tipo racial, social, sexual. Ser «um só em Cristo Jesus» (v. 28) significa, não só que os crentes formam uma só pessoa em Cristo (é o conceito da Igreja como Corpo Místico), mas que, formando um todo com Cristo, a unidade não se realiza na exterioridade da Lei, em no próprio Cristo, na fé n´Ele que, se for autêntica, muda a vida, informando-a de sentimentos de misericórdia, bondade, humildade, etc. (cf. Gl 3, 12).

    Evangelho: Lucas 11, 27-28
    Naquele tempo, 27Enquanto Jesus falava, uma mulher, levantando a voz do meio da multidão, disse: «Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!» 28Ele, porém, retorquiu: «Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática.»
    Depois do discurso sobre o Demónio, Lucas insere a "bem-aventurança" pronunciada por uma ouvinte desconhecida e que se podia resumir assim: «Bem-aventurada a mãe que tem um filho como Jesus». A ouvinte pensaria certamente na força da sua palavra que introduzia no mistério das realidades espirituais. Mas, para Jesus, "bem-aventurado" é aquele que escuta a palavra de Deus e a põe em prática. O "antes" parece contradizer as palavras da mulher, e relegar Maria para a sombra.
    Mas, se aprofundarmos esta perícopa, lendo-a à luz de outras, damo-nos conta de que é exactamente o contrário. De facto, a Mãe de Jesus, em Lc 1, 42-45, é proclamada "feliz" porque acreditou e obedeceu à Palavra (cf. 1, 38). No Magnificat, a própria Virgem profetiza que todas as gerações a proclamarão "bem-aventurada" por se ter rendido totalmente à Palavra que compromete a sua fé e a sua vida.
    Por outro lado, já noutra ocasião, Jesus aproveitara o facto de sua mãe e os seus parentes terem ido à procura d´Ele para proclamar que sua mãe e seus irmãos são aqueles «que escutam a palavra de Deus e a vivem» (cf. Lc 8, 19-21). Esta é, portanto, a identidade profunda de Maria que também a nós é proposta. Escutar a palavra de Jesus, que é o Verbo, a substancial palavra do Deus vivo, é o segredo para ser bem-aventurado.

    Meditatio
    Ser "bem-aventurados", ser "felizes", alcançar a pacificação e a alegria de coração, é possível. Dizem-no os textos que lemos. Mas a "bem-aventurança", ou a "felicidade", não se alcançam pelo papel que desempenhamos ou pelas coisas que pensamos fazer para cumprir deveres ou alcançar determinadas situações de primazia.
    Ser "feliz" é deixar que os nossos dias, ainda que preenchidos no cumprimento de diversos compromissos e na realização de várias actividades, sejam unificados pelo primado da escuta da palavra de Deus. Mas, esta escuta, deve tender a tornar-se vida, evangelho vivido. Lucas recorda-nos que só a escuta, transformada em vida segundo Cristo, nos dá solidez semelhante à da casa construída sobre a rocha. Pelo contrário, ouvir e não pôr em prática é construir sobre a areia. Quem assim faz, logo que soprarem os ventos da dificuldade, ou irrompa a tempestade das tentações, soçobra (cf. Lc 6, 46-48). Conforta-nos ser baptizados. O baptismo é uma realidade activa na nossa existência, uma vida nova, a própria vida de Cristo que, pouco a pouco, penetra em nós e nos reveste interiormente, permitindo-nos "mudar de veste" interiormente.
    A prioridade da escuta leva-nos a isto. A veste do homem velho que somos leva-nos ao egocentrismo, a preocupar-nos mais com aparecer do que ser, mais com o que pensam os outros do que com atitudes de benevolência, de compreensão, de paciência, de humilde gratuidade em que se manifesta o nosso ser, e ser-amor e dom para os outros. A verdade de um mundo cristão passa pela aceitação do primado de uma escuta que de nós pessoas fortalecidas no homem interior, porque "revestidas de Cristo", da sua mentalidade, do seu estilo de amor (cf. Gl 3, 25).
    «Escutamos com frequência a Palavra de Deus», dizem as nossas Constituições (n. 77). A escuta da Palavra é um excelente meio para «descobrir, cada vez mais, a Pessoa de Cristo e o mistério do seu Coração e a anunciar o seu amor que excede todo o conhecimento» (Cst 17). Sublinhamos a expressão "com frequência". Não se trata só da escuta da palavra de Deus na Missa ou em eventuais paraliturgias; trata-se de acolher, na nossa vida, a Palavra, o Verbo eterno de Deus feito carne, conforme a exortação do Pai na Transfiguração: «Este é o Meu Filho muito amado, em Quem pus as minhas complacências: Escutai-O» (Mt 17, 5).
    Este convite à "escuta" já estava expresso na famosa "shemá" ("escuta..."), com que o piedoso israelita manifestava a Deus a sua fé, a adesão da sua vontade e a oblação da sua própria vida, cumprindo a Palavra de Deus: «Escuta, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda as tuas forças. Estes mandamentos que hoje te imponho, serão gravados no teu coração. Ensiná-los-ás aos teus filhos...» (Dt 6, 4-7).
    Assim Deus Se revelava na vida do piedoso israelita como Jahvé: «Eu sou aquele que sou» (Ex 3, 14). A presença da Palavra era a presença da Pessoa. Com maior razão tudo isto se realiza em Jesus, que é a Palavra, o Verbo de Deus feito carne: «Quem ouve as minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha...» (Mt 7, 24). "Rocha", "Rochedo" são as imagens típicas de Deus que exprimem solidez, segurança e, portanto, fé, adesão completa: «Deus é a rocha da minha defesa...» (Sl 62(61), 3): «Vós sois, meu Deus, a rocha da minha salvação...» (Sl 89(88), 27).
    Jesus afirma: «A minha mãe e os meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 8, 21); «Quem escuta a minha palavra e acredita n´Aquele que Me enviou, tem a vida eterna...» (Jo 5, 24); «Quem é da verdade, escuta a minha palavra» (Jo 18, 35). Segundo S. João, Jesus é a Palavra ou «Verbo (logos) feito carne» (Jo 1, 14) e o autor da Carta aos Hebreus, depois de ter recordado as palavras dos profetas, afirma: «Deus... nestes últimos tempos, falou-nos, por meio do Filho"..., que é "resplendor da... glória (do Pai)... imagem da sua substância e sustendo todas as coisas pela Sua Palavra poderosa...» (1, 1-3).
    Portanto, nas palavras (remata) dos profetas e de Jesus escutamos a Palavra (Logos) de Deus. Desta Palavra, de Quem «veremos a... glória (amor), glória como de unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14). Esta é a compreensão plena do texto das Cst. Que nos convida à «escuta da Palavra (n. 17; cf. n. 17), para «descobrir, cada vez mais, a Pessoa de Cristo e o mistério do seu Coração e... anunciar o seu amor que excede todo o conhecimento» (n. 17).
    Maria é o modelo de como se escuta e acolhe na vida a Palavra e: «Feliz d´Aquele que acreditou no cumprimento das palavras do Senhor...» (Lc 1, 45 "Escutar", em sentido bíblico, é "compreender", "acolher" na vida, "ir a Jesus"; é "acreditar", "guardar no coração"; é "obedecer" e "fazer". A verdadeira «escuta da Palavra» realiza-se quando se ama, não por palavras, mas "com obras e em verdade" (1 Jo 3, 18).
    O «Ecce venio» de Jesus, «para fazer a Tua vontade» (Heb 10, 7) pertence a este tipo de escuta. Esta escuta do Pai é, para Jesus, o "lugar" da Sua união de amor com o Pai: «Guardei os mandamentos de Meu Pai e permaneço no Seu amor» (Jo 15, 10). O mesmo devemos dizer do «Ecce ancilla» de Maria.

    Oratio
    Criaste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti. Criaste-nos para a alegria. Mas, Tu és a alegria! A tua palavra enche-nos de alegria. Dá-me a graça da escuta. Que a tua Palavra seja o meu principal interesse de todos os dias. Concede à minha boca e ao meu coração o silêncio necessário para acolher a tua Palavra, meditá-la, rezá-la. Que o teu Espírito me ajude a torná-la vida da minha vida.
    Que a tua vida me revista interiormente, para que aprenda a amar como Tu amaste, sem qualquer tipo de discriminação. Nasça em mim a «nova criatura», capaz de actuar para que, à minha volta, surjam outras novas criaturas. Que todos, ricos e pobres, novos e velhos, brancos e negros, europeus ou asiáticos, sejam alvo do meu interesse, vendo neles unicamente um filho teu muito amado, e um irmão ou irmã que devo amar. Amen.

    Contemplatio
    A união íntima (com Nosso Senhor), começada aqui em baixo pela fé e pelo amor, deve ter a sua perfeição, a sua consumação no céu. - «Meu Pai, dizia Nosso Senhor na sua oração, aqueles que me destes, quero que onde eu estiver eles também estejam comigo, para que vejam a glória que me destes. Reconheceram que me enviastes. Dei-lhes a conhecer o vosso nome, as vossas divinas perfeições, a vossa santidade, a vossa misericórdia, o vosso amor inefável, e pelo dom do Espírito Santo dá-los-ei a conhecer ainda mais, para que vos conheçam melhor, vos amem mais e se tornem sempre mais dignos do vosso amor e assim o amor com o qual me amastes esteja neles e ameis neles as imagens do vosso Filho bem-amado, os membros do corpo místico do qual sou o chefe...»
    Nesta oração ao seu Pai, Nosso Senhor indicava toda a união que devemos ter com a santíssima Trindade e particularmente com Ele.
    Por seu lado, Ele está unido a nós: deu-nos a conhecer o seu Pai, o Deus do amor, manifestavi nomem tuum hominibus, quos dedisti mihi de mundo. Comunicou-nos a palavra de seu Pai, a revelação divina, os segredos do seu conselho divino, Verba quae dedisti mihi, dedi eis.
    Nós também estamos unidos a Ele. Como seus discípulos, recebemos a sua palavra e conservámo-la nos nossos corações com fidelidade, sermonem tuum acceperunt et servaverunt.
    Reconhecemos que a sua palavra era a palavra do próprio Deus. Acreditámos na sua natureza divina e na sua missão, cognoverunt quia a te exivi et crediderunt quia tu me misisti (Jo 17). Esta união consumar-se-á no céu. (Leão Dehon, OSP 3, p.486s.)

    Actio
    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    «Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática.»
    | Fernando Fonseca, scj |

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