Ano C - Festa da Apresentação do Senhor
Todo o dia
2 de Fevereiro, 2025
ANO C
FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR
Tema da Festa da Apresentação do Senhor
A “Festa da Apresentação do Senhor” já era celebrada no Oriente no séc. IV. A partir do ano 450, é designada, pelos nossos irmãos do Oriente, como “Festa do Encontro”: “encontro” de Deus com o seu povo, mas também encontro de Maria, José e Jesus com Simeão e Ana, os representantes do Israel fiel, que esperava a salvação de Deus. O “encontro” também é connosco: é o dia para encontrarmos Jesus, a “luz” que ilumina o mundo e as nossas vidas.
Na primeira leitura, o profeta Malaquias anuncia a proximidade do “Dia do Senhor”, o dia em que Deus vai entrar no seu Templo para purificar o seu povo, para lhe renovar o coração e para o capacitar para viver num dinamismo novo. Começará nesse dia um tempo novo, o tempo da nova Aliança entre Deus e os homens.
No Evangelho, Lucas mostra como Jesus, poucos dias após o seu nascimento, entrou no Templo de Jerusalém para concretizar a promessa outrora feita por Deus através do profeta Malaquias. Recebido por Simeão e Ana, representantes do Israel fiel que esperava ansiosamente o Messias de Deus, Jesus é apresentado como “luz para as nações” e “glória de Israel”. Ele traz ao mundo a salvação de Deus.
Na segunda leitura um catequista cristão, escrevendo “aos Hebreus”, apresenta Jesus como o irmão dos homens, que veio ao mundo para promover os “descendentes de Abraão” à categoria de Filhos amados de Deus. Oferecendo a sua vida por amor, ele introduziu na nossa débil, frágil e pecadora natureza humana, dinamismos de superação dos nossos limites, dinamismos de vida nova, de vida verdadeira e eterna.
LEITURA I – Malaquias 3,1-4
Assim fala o Senhor Deus:
«Vou enviar o meu mensageiro,
para preparar o caminho diante de Mim.
Imediatamente entrará no seu templo
o Senhor a quem buscais,
o Anjo da Aliança por quem suspirais.
Ele aí vem – diz o Senhor do Universo –.
Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda,
quem resistirá quando Ele aparecer?
Ele é como o fogo do fundidor
e como a lixívia dos lavandeiros.
Sentar-Se-á para fundir e purificar:
purificará os filhos de Levi,
como se purifica o ouro e a prata,
e eles serão para o Senhor
os que apresentam a oblação segundo a justiça.
Então a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor,
como nos dias antigos, como nos anos de outrora.
CONTEXTO
O nome "Malaquias" não é um nome próprio. A palavra significa "o meu enviado". É o título tomado por um profeta anónimo, sobre o qual praticamente nada sabemos e que se apresenta como "enviado" de Javé.
Esse profeta exerceu a sua missão em Jerusalém, no período pós-exílico. O Templo já havia sido reconstruído (cf. Ml 1,10) e o culto já funcionava — ainda que mal (cf. Ml 1,7-9. 12-13). No entanto, o entusiasmo pela reconstrução estava apagado. Desanimado ao ver que as antigas promessas de Deus (veiculadas por Ezequiel e pelo Deutero-Isaías) não se tinham cumprido, o Povo tinha caído na apatia religiosa e na absoluta falta de confiança em Deus. Duvidava do amor de Deus, da sua justiça, do seu interesse por Judá. Todo este ceticismo tinha repercussões no culto (cada vez mais desleixado) e na ética (multiplicavam-se as falhas, as injustiças, as arbitrariedades). Este quadro, posterior à restauração do Templo, situa-nos na primeira metade do séc. V a.C. (entre 480 e 450 a.C.), muito próximo da época de Esdras e Neemias.
Malaquias, o "mensageiro de Javé" reage vigorosamente contra a situação em que o Povo de Judá está a cair. Defende intransigentemente os valores judaicos, a fé dos antepassados; aponta o dedo aos sacerdotes, aos levitas e a outros responsáveis pelo culto, denunciando o seu desleixo e venalidade; profetiza a chegada do tempo em que se oferecerá a Deus um culto puro e santo; coloca cada pessoa diante das suas responsabilidades para com Javé e para com o próximo; exige a conversão do Povo e o afastamento da idolatria; condena veementemente os casamentos mistos (entre judeus e não judeus), que fazem perigar a fidelidade a Javé. A sua lógica é a lógica deuteronomista: se o Povo se obstinar em percorrer caminhos de infidelidade à Aliança, voltará a conhecer a morte e a infelicidade, como aconteceu num passado recente; mas se o Povo se voltar para Javé e cumprir os mandamentos, voltará a gozar da vida e da felicidade que Deus oferece àqueles que seguem os seus caminhos.
O texto de Malaquias que hoje nos é oferecido faz parte de uma perícope que avisa os habitantes de Jerusalém para a inevitabilidade do juízo de Deus: vai chegar o "Dia do Senhor", esse momento decisivo em que Deus colocará cada pessoa diante das suas responsabilidades e retribuirá a cada um conforme os seus merecimentos (cf. Ml 2,17-3,5).
MENSAGEM
O povo de Judá, cansado e desanimado, extravasa a sua desilusão comentando com amargura que quem faz o mal parece bem visto aos olhos do Senhor e que Deus parece dar-se bem com quem pratica a iniquidade. Afinal, onde é que está a justiça de Deus? – pergunta-se (Ml 2,17). Ora, diz Malaquias, Deus está cansado dessa conversa. Ele, ao contrário do que o povo insinua, não é conivente com o mal; por isso, propõe-se vir ao encontro do seu povo para o julgar.
A chegada de Deus será precedida por um “mensageiro”, que terá como função preparar o caminho para o Senhor. Não se explica, no nosso texto, quem é esse "mensageiro"; contudo, mais à frente, identifica-se a figura que vai surgir para preparar o "Dia do Senhor" com o profeta Elias (cf. Ml 3,23).
Depois da vinda do “mensageiro”, chegará o Senhor para exercer o seu juízo sobre os pecadores. Não fica claro, no texto, se esse “Senhor” que vem é o próprio Deus ou se é o seu “Ungido” (“messias”). De qualquer forma, é possível que haja aqui uma referência messiânica, uma vez que o “mensageiro” que antecede “o Senhor” se identifica com a figura de Elias (para os círculos religiosos de Judá, o profeta que havia de vir antes do “Messias”).
Esse "Senhor" que vem é designado como “o mensageiro da Aliança”. Evidentemente, esta "Aliança" será a "nova Aliança" anunciada por Jeremias (cf. Jr 31,31; 32,40) e por Ezequiel (cf. Ez 16,60; 34,25; 36,26-28), da qual nascerá um povo de coração renovado, um povo que vive em comunhão com Deus e que cumpre os mandamentos e preceitos de Javé. A função do “Senhor” é, pois, possibilitar o aparecimento de uma “nova Aliança” que comprometa Judá com o seu Deus.
O resultado da intervenção do Senhor, será a purificação do Povo. Para descrever essa purificação, o profeta utiliza elementos e imagens tradicionais: o fogo do fundidor e a lixívia dos lavandeiros, a fundição e a purificação do ouro e da prata vers. 2-3a).
Dessa “purificação” resultará um novo sacerdócio (“os filhos de Levi... serão para o Senhor os que apresentam a oblação segundo a justiça” – vers. 3), que fará “a oblação de Judá e de Jerusalém” voltar a ser “agradável ao Senhor como nos dias antigos, como nos anos de outrora” (vers. 4).
A purificação do sacerdócio e do culto operada pelo Senhor, será um sinal claro da chegada de um novo tempo, o tempo em que Deus estará com o seu Povo e em que um Povo de coração renovado prestará um culto sincero, verdadeiro, agradável a Deus.
INTERPELAÇÕES
- Na Festa da Apresentação do Senhor, Malaquias “apresenta” o Senhor que vem para purificar o seu Povo e inaugurar um tempo novo, o tempo da nova Aliança. Esta “vinda” mostra que Deus não se conforma com a apatia, o imobilismo, o comodismo, a instalação, o derrotismo que nos impedem de avançar em direção à vida plena; mostra como Deus nunca desiste de nos desafiar à conversão, à renovação, à construção de uma vida mais feliz e realizada. Malaquias compara a intervenção purificadora de Deus com o “fogo do fundidor”, que destrói as escórias e faz aparecer os metais preciosos, ou com a “lixívia dos lavandeiros” que queima, desinfeta, tira as nódoas, purifica e deixa as roupas limpas. Quais são as escórias e os lixos que cobrem a nossa vida e obscurecem a nossa condição de filhos e de filhas de Deus? Quais são as manchas que temos de limpar com lixívia para que a nossa vida brilhe sempre com a brancura de Deus? Estamos disponíveis para acolher as interpelações e desafios purificadores que Deus nos traz?
- Podemos entender a referência que Malaquias faz à purificação dos “filhos de Levi”, a fim de que eles apresentem a Deus um culto renovado e purificado, como um convite à purificação da nossa forma de viver e de celebrar a fé. Muitas vezes “dizemos” a nossa fé com um conjunto de ritos religiosos meramente exteriores, ocos e vazios, secos e estéreis, que não envolvem o nosso coração e a nossa mente; muitas vezes a nossa forma de viver a fé é uma simples repetição de práticas religiosas tradicionais, de orações decoradas e descoradas, que não expressam o nosso amor e a nossa comunhão com Deus; muitas vezes as nossas celebrações, cheias de pompa e circunstância, são apenas o cumprimento de um folclore religioso que a tradição consagrou… Como podemos purificar a nossa forma de viver e de celebrar a fé? O que teremos de fazer para que as nossas celebrações sejam mais autênticas? As nossas eucaristias são um verdadeiro encontro com Jesus e com os irmãos com quem partilhamos a fé? Depois de celebrar a eucaristia voltamos para a nossa vida transformados, menos egoístas e mais comprometidos com a construção do Reino de Deus?
- A profecia de Malaquias concretiza-se plenamente quando Jesus entrou na nossa história e se apresentou no meio de nós. Ela fornece-nos uma chave de leitura para entendermos Jesus, o seu mistério, as suas palavras, os seus gestos, o seu projeto. Como acolhemos e concretizamos o convite à purificação, à conversão (“convertei-vos e acreditai”) que Jesus veio deixar-nos? O que valem para nós os apelos que Jesus nos lançou para vivermos desprendidos dos bens, para servirmos de forma simples e humilde os irmãos que precisam de nós, para nos libertarmos do nosso egoísmo, da nossa vaidade e das nossas manias de grandeza? Qual o peso que tem na nossa forma de viver a lição da cruz, da entrega total ao serviço do projeto de Deus, do dom total de si próprio por amor?
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 23 (24), 7.8.9.10 (R. 10b)
Refrão: O Senhor do Universo é o Rei da glória.
Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor forte e poderoso,
o Senhor poderoso nas batalhas.
Levantai, ó portas, os vossos umbrais,
alteai-vos, pórticos antigos,
e entrará o Rei da glória.
Quem é esse Rei da glória?
O Senhor dos Exércitos,
é Ele o Rei da glória.
LEITURA II – Hebreus 2,14-18
Uma vez que os filhos dos homens
têm o mesmo sangue e a mesma carne,
também Jesus participou igualmente da mesma natureza,
para destruir, pela sua morte,
aquele que tinha poder sobre a morte, isto é, o diabo,
e libertar aqueles que estavam a vida inteira
sujeitos à servidão,
pelo temor da morte.
Porque Ele não veio em auxílio dos Anjos,
mas dos descendentes de Abraão.
Por isso devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos,
para ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel
no serviço de Deus,
e assim expiar os pecados do povo.
De facto, porque Ele próprio foi provado pelo sofrimento,
pode socorrer aqueles que sofrem provação.
CONTEXTO
O escrito a que chamamos “Carta aos Hebreus” parece ser, mais do que uma carta, um sermão ou discurso destinado a ser proclamado oralmente. Não sabemos quem foi o seu autor. A tradição das Igrejas do oriente atribui-o a Paulo; mas as Igrejas do ocidente há muito que descartaram a autoria paulina deste documento: a forma literária, a linguagem, o estilo, a maneira de citar o Antigo Testamento e mesmo a doutrina exposta estão bastante longe de qualquer outro escrito paulino. Pensa-se que teria sido elaborado por um cristão anónimo – talvez um discípulo de Paulo – que, no entanto, conhecia muito bem o Antigo Testamento.
A tradição antiga põe os “hebreus” como destinatários deste escrito; porém, não há qualquer indicação, ao longo do escrito, de que o texto se destinasse especificamente a cristãos oriundos do mundo judaico. É verdade que refere constantemente o Antigo Testamento; mas o Antigo Testamento já era, à data em que a Carta aos Hebreus apareceu, património comum de todos os cristãos, seja os de origem judaica, seja os de origem pagã. Tratava-se, em qualquer caso, de comunidades cristãs em situação difícil, expostas a perseguições e que viviam num ambiente hostil à fé… Os membros dessas comunidades perderam já o fervor inicial pelo Evangelho, deixaram-se contaminar pelo desânimo e começam a ceder à sedução de certas doutrinas não muito coerentes com a fé recebida dos apóstolos… O objetivo do autor deste “discurso” é estimular a vivência do compromisso cristão e levar os crentes a crescer na fé. Teria sido elaborado nos anos que antecederam a destruição da cidade de Jerusalém (que ocorreu no ano 70), uma vez que o autor se refere à liturgia do Templo como uma realidade ainda atual. É provável, portanto, que tenha aparecido por volta do ano 67, muito perto da altura em que Paulo e Pedro foram martirizados em Roma.
A Carta aos Hebreus apresenta – recorrendo à linguagem da teologia judaica – o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência – através de quem os homens têm acesso livre a Deus e são inseridos na comunhão real e definitiva com Deus. O autor aproveita, na sequência, para refletir nas implicações desse facto: postos em relação com o Pai por Cristo/sacerdote, os crentes são inseridos nesse Povo sacerdotal que é a comunidade cristã e devem fazer da sua vida um contínuo sacrifício de louvor, de entrega e de amor. Desta forma, o autor oferece aos cristãos um aprofundamento e uma ampliação da fé primitiva, capaz de revitalizar a sua experiência de fé, enfraquecida pela acomodação e pela perseguição.
O texto que nos é proposto, pertence à primeira parte da carta (Heb 1,5-2,18). Aí, o autor apresenta o mistério de Cristo, o Filho de Deus que é muito superior aos anjos e que o Pai enviou ao mundo para que apresentasse aos homens uma proposta de vida e de salvação. Nesta secção, o autor da carta reflete sobre o “kerigma” tradicional cristão: Deus glorificou o seu Filho Jesus, ressuscitando-O de entre os mortos, depois de Ele ter assumido a sorte dos homens e de se ter identificado com eles até ao extremo da morte na cruz. Mais especificamente, na perícope de Heb 2,10-18, o “catequista” procura explicar porque é que o plano do Pai previa que Jesus tivesse de passar pela cruz, aparecendo como um homem sofredor e aniquilado, despido das suas prerrogativas divinas. Na perspetiva do autor do texto, a morte de Cristo não foi um absurdo, um capricho, um acidente; mas foi algo que se insere e que se explica no contexto do plano salvador de Deus.
MENSAGEM
O plano salvador de Deus para os homens tem como objetivo fazer aparecer o Homem Novo, isto é, o homem que superou a sua condição limitada e pecadora, que se despiu do egoísmo, do orgulho e da autossuficiência e que chegou à total realização do seu ser, à situação definitiva do homem libertado, à vida verdadeira e eterna, à condição de "filho de Deus".
Ora, para concretizar esse projeto, Deus enviou o seu Filho ao encontro dos homens. Cristo nasceu no meio de nós, vestiu a nossa carne mortal, solidarizou-se com a nossa humanidade, conheceu as nossas limitações e as nossas fragilidades. Assemelhou-se aos homens e partilhou a condição dos homens. Tornando-se homem, Ele fez-se nosso irmão; tornando-se nosso irmão, inseriu-nos na família divina e promoveu-nos à categoria de "filhos de Deus".
A condição de "filhos de Deus" exige, no entanto, a superação de tudo aquilo que em nós é frágil, débil, corruptível, finito... Cristo, cumprindo o plano do Pai, procurou mostrar-nos como superar a fragilidade, a finitude, a debilidade da natureza humana e revelou-nos que o segredo da vida eterna passa por uma vida feita dom e amor radical a Deus e aos irmãos. O último passo que Ele deu para derrotar a finitude e a debilidade foi precisamente vencer a morte, pois a morte é a manifestação extrema da debilidade, da corruptibilidade, da finitude da nossa condição... Enquanto gera medo, sofrimento, escravidão, a morte perpetua a nossa debilidade e fragilidade, impedindo-nos de chegar à vida plena do homem libertado. Por isso, para nos tornar “filhos de Deus”, Jesus tinha de vencer a morte.
É neste contexto que o autor da Carta aos Hebreus situa a morte de Jesus. Enfrentando a morte, Cristo assemelhou-se aos seus irmãos; vencendo a morte, Cristo libertou-os do medo e da escravidão. Cristo aceitou morrer na cruz para derrotar o maior inimigo da vida e da liberdade do homem: a própria morte.
Ao fazer-se homem, Jesus tornou-se “um sumo sacerdote misericordioso e fiel” (vers. 17). A função do sumo sacerdote é servir de ponte entre os homens e Deus; e, ao vir ao nosso encontro, ao fazer-se nosso irmão, ao vencer a morte, ao associar-nos à família de Deus, Jesus refez a comunhão entre os homens e Deus. Como sumo sacerdote, ele realizou também a expiação dos pecados do povo (vers. 17), isto é, ele introduziu na nossa débil, frágil e pecadora natureza humana, dinamismos de superação dos nossos limites e falhas, dinamismos de vida nova, de vida verdadeira e eterna, de vida divina.
INTERPELAÇÕES
- Esta história de um Deus que aceitou cancelar as suas prerrogativas divinas para vir ao nosso encontro, assumir as nossas fragilidades e limitações, enfrentar a nossa insensatez e o nosso egoísmo, entregar a sua própria vida para que nós descobríssemos a verdadeira vida, é uma história quase incompreensível para quem a tenta ler à luz dos nossos critérios e da nossa lógica humana; mas é uma história que ilustra, sem deixar margem para dúvidas, a intensidade e a radicalidade do amor de Deus por nós. Na Festa da Apresentação do Senhor somos convidados a olhar para esse “Senhor” que se apresenta na nossa história “armado” de um desígnio de amor, para nos abrir as portas da família de Deus e da vida em plenitude. Como é que esta realidade influi na nossa vida? É fonte de alegria, de esperança, de coragem? Como é que respondemos à iniciativa de Deus? Tentamos ser testemunhas, no meio dos nossos irmãos, desse Deus que nos ama de uma forma tão absoluta e tão comprometida?
- Porque é que Jesus teve de passar pela cruz? Porque quis enfrentar os mecanismos de maldade, de injustiça, de violência e de morte que destruíam a vida dos seus irmãos; porque quis mostrar-nos que a vida deve ser vivida em registo de dom total, de amor até ao extremo; porque quis olhar a morte de frente e derrotá-la para que nós nunca mais tivéssemos medo dela; porque quis selar com a sua morte trágica a sua entrega ao projeto de Deus e o seu amor aos homens. Dando a vida, Cristo “expiou” os nossos pecados: agiu sobre nós no sentido de transformar a nossa condição débil e pecadora e de nos levar a viver uma vida plenamente transformada. Como vemos a morte de Cristo? Que efeitos tem ela em nós? A contemplação da entrega de Cristo leva-nos a viver num dinamismo de amor e de vida nova? A vitória de Jesus sobre a morte liberta-nos do medo e leva-nos a olhar para a vida com mais confiança?
- Jesus experimentou a nossa fragilidade e os nossos limites; solidarizou-se com todos os homens e mulheres, independentemente do lugar que a sociedade lhes atribuía. Esteve especialmente do lado dos mais frágeis, dos mais pequenos, dos mais esquecidos. O seu exemplo convida-nos à solidariedade com os últimos, com os pobres, com os mais humildes, com aqueles que o mundo rejeita e marginaliza; convida-nos a identificarmo-nos com os sofrimentos e as angústias, as alegrias e as esperanças de cada homem ou mulher; convida-nos a fazer o que estiver ao nosso alcance para promover aqueles que são humilhados, explorados, incompreendidos, colocados à margem da vida e da história. Sentimo-nos solidários com os irmãos e as irmãs que fazem caminho connosco, especialmente com aqueles dos quais ninguém cuida, que ninguém quer, que ninguém defende? Sentimos que as dores e feridas que fazem sofrer os nossos irmãos também são nossas?
ALELUIA – Lucas 2, 32
Aleluia. Aleluia
Luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo.
EVANGELHO – Lucas 2,22-40
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés,
Maria e José levaram Jesus a Jerusalém,
para O apresentarem ao Senhor,
como está escrito na Lei do Senhor:
«Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor»,
e para oferecerem em sacrifício
um par de rolas ou duas pombinhas,
como se diz na Lei do Senhor.
Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão,
homem justo e piedoso,
que esperava a consolação de Israel;
e o Espírito Santo estava nele.
O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria
antes de ver o Messias do Senhor;
e veio ao templo, movido pelo Espírito.
Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino,
para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito,
Simeão recebeu-O em seus braços
e bendisse a Deus, exclamando:
«Agora, Senhor, segundo a vossa palavra,
deixareis ir em paz o vosso servo,
porque os meus olhos viram a vossa salvação,
que pusestes ao alcance de todos os povos:
luz para se revelar às nações
e glória de Israel, vosso povo».
O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados
com o que d’Ele se dizia.
Simeão abençoou-os
e disse a Maria, sua Mãe:
«Este Menino foi estabelecido
para que muitos caiam ou se levantem em Israel
e para ser sinal de contradição;
– e uma espada trespassará a tua alma –
assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».
Havia também uma profetisa,
Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser.
Era de idade muito avançada
e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela
e viúva até aos oitenta e quatro.
Não se afastava do templo,
servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações.
Estando presente na mesma ocasião,
começou também a louvar a Deus
e a falar acerca do Menino
a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor,
voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré.
Entretanto, o Menino crescia,
tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria.
E a graça de Deus estava com Ele.
CONTEXTO
O interesse fundamental dos primeiros cristãos não se centrou na infância de Jesus, mas na sua mensagem e proposta; por isso, a catequese cristã dos primeiros tempos interessou-se, de forma especial, por conservar as memórias da vida pública e da paixão do Senhor.
Só num estádio posterior houve uma certa curiosidade acerca dos primeiros anos da vida de Jesus. Coligiram-se, então, algumas informações históricas sobre a infância de Jesus; e esse material foi, depois, amassado e trabalhado, de forma a transmitir aquilo que a catequese primitiva ensinava sobre Jesus e o seu mistério. O chamado “Evangelho da Infância” (de que faz parte o texto que nos é hoje proposto) assenta nessa base; parte de algumas indicações históricas e desenvolve uma reflexão teológica para explicar quem é Jesus. Nesta secção do Evangelho, Lucas está muito mais interessado em dizer quem é Jesus, do que em contar-nos factos memoráveis da sua infância.
Lucas propõe-nos, no Evangelho que a liturgia desta festa nos propõe, o quadro da apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém. Segundo a Lei de Moisés, todos os primogénitos (tanto dos homens como dos animais) pertenciam a Javé e deviam ser oferecidos a Javé (cf. Ex 13,1-2.11-16). O costume de oferecer aos deuses os primogénitos é um costume cananeu que, no entanto, Israel transformou no que dizia respeito aos primogénitos humanos: estes não deviam ser oferecidos em sacrifício, mas resgatados por um animal, que seria imolado ao Senhor.
De acordo com Lv 12,6-8, quarenta dias após o nascimento de uma criança, esta devia ser apresentada no Templo, onde a mãe oferecia um ritual de purificação. Nessa cerimónia, devia ser oferecido um cordeiro de um ano (para as famílias mais abastadas) ou então duas pombas ou duas rolas (para as famílias de menores recursos).
A cena desenrola-se no Templo de Jerusalém. Construído por Salomão, no séc. X a.C., o Templo tinha sido destruído no ano 586 a.C., quando os babilónios conquistaram Jerusalém e levaram a população da cidade para o Exílio. Reconstruído depois do Exílio, por ação de Zorobabel, em moldes bastante modestos, o Templo era, para os judeus, o grande centro religioso do judaísmo, o lugar onde Deus residia no meio do seu Povo. No séc. I a.C. Herodes, para agradar aos judeus, propôs-se restaurá-lo. As obras começaram no ano 19 a.C. e continuaram por largos anos. O Templo dessa época – da época de Jesus – acabaria por ser destruído no ano 70, quando as tropas romanas comandadas por Tito sitiaram e destruíram Jerusalém.
MENSAGEM
O profeta Malaquias profetizara (como vimos no texto que a liturgia deste dia nos propôs como primeira leitura) sobre o dia em que “o Senhor” viria ao encontro do seu povo e entraria no Templo, cheio de glória e esplendor, para purificar o seu Povo (cf. Ml 3,1), “como o fogo do fundidor e como a lixívia dos lavandeiros (Ml 3,2-3). Lucas entende que chegou o tempo da concretização dessa profecia. Mas, contra todas expetativas, Deus apresenta-se na figura de um bebé nascido há poucos dias, débil e indefeso, apresentado nos braços da sua mãe. São bem estranhos os caminhos que Deus usa para chegar até nós, para se apresentar ao mundo.
Aquela família pobre da Galileia que vem a Jerusalém para cumprir a Lei do Senhor, no que dizia respeito ao resgate dos primogénitos que pertenciam ao Senhor, encontra no Templo um homem chamado Simeão. Lucas diz, sobre Simeão, que era “justo e piedoso”, que “esperava a consolação de Israel” e que “o Espírito Santo estava nele” (vers. 25). Simeão é, nesta catequese de Lucas, a figura do Israel que esperava ansiosamente o cumprimento das promessas de Deus. Lucas explica que o Espírito Santo lhe revelara que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e que, naquele dia, tinha vindo ao Templo movido pelo Espírito (vers. 26-27). Simeão viu naquele menino, filho de uns pobres camponeses da Galileia, a concretização das promessas de Deus. Tomou o menino nos braços – como se estivesse a apresentá-lo a Israel e ao mundo – e pronunciou um oráculo muito belo (vers. 29-32), que a liturgia conhece pelas palavras latinas que o iniciam: “Nunc Dimittis”.
Nesse cântico, Simeão começa por dizer a Deus que já pode morrer em paz (vers. 29), pois já viu a salvação de Deus chegar, na figura daquele menino que tem nos braços (vers. 30). Com estas palavras, Simeão declara solenemente que a fase da espera terminou e que o Messias de Deus chegou. Esse Messias vem como “salvação de Deus”, isto é, traz consigo os bens que Deus quer oferecer aos seus filhos para que eles tenham vida em abundância. A salvação que o Messias traz brilhará como “luz”, não apenas para Israel, mas para todos os povos (vers. 31-32). O tema da “luz” leva-nos até aos cânticos do Servo de Javé, do Deutero-Isaías, onde se profetiza a chegada de um “Servo” designado por Deus como “luz das nações” para “abrir os olhos aos cegos”, para “tirar do cárcere os prisioneiros” e “da prisão os que vivem nas travas” (Is 42,6-7), para fazer chegar a salvação de Deus “até aos confins da terra” (Is 49,6). Simeão está absolutamente seguro de que essa luz chegou finalmente, na figura daquele menino. Lucas refere, ainda, um tema que lhe é muito caro: o da universalidade da salvação de Deus. Deus não tem já um Povo eleito, mas a sua salvação é para todos os povos, independentemente da sua raça, da sua cultura, das suas fronteiras, das suas representações religiosas.
Lucas acrescenta que Maria e José “estavam admirados” com que Simeão lhes disse sobre o menino (vers. 33). Simeão não lhes explica como chegou às conclusões que acabou de formular. No entanto, dirige-se a Maria e proclama um segundo oráculo (vers. 34-35). Profetiza, antes de mais, que o menino será causa de divisões em Israel e que a proposta que Ele traz não será aceite pacificamente (vers. 34). Lucas irá mostrar mais à frente, ao contar a história de Jesus, a verdade destas palavras. Depois, Simeão avisa Maria que “uma espada trespassará a sua alma (vers. 35a). A expressão tanto pode referir-se ao sofrimento que atingirá Maria quando vir o seu filho condenado à morte e crucificado no calvário, como à divisão de Israel face à proposta de Jesus (Maria, como figura do Povo fiel, terá de optar por Jesus, afastando-se do Israel infiel que não quer acolher a proposta que Jesus traz).
Da figura de Simeão, o foco passa para uma outra figura: uma mulher de idade, chamada Ana, que “não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações” (vers. 37). A sua figura apresenta traços de outras mulheres da Bíblia, como Judite (que permaneceu sempre viúva após a morte do seu marido, e que libertou Israel das mãos do cruel Holofernes, general assírio) ou como uma outra Ana, a mãe do profeta Samuel (cf. 1 Sm 1,7-12). É apresentada como “profetiza”, o que confere à sua intervenção autoridade e verdade. Ela, naquela circunstância, “começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (vers. 38). Ela, enquanto “profetiza”, confirma que tudo o que os profetas de Israel disseram sobre o Messias se confirma naquele menino apresentado no Templo de Jerusalém.
Simeão e Ana, cada um à sua maneira, reconhecem no menino que se apresenta no Templo, o cumprimento das promessas de Deus. Vêm nesse menino uma luz que se acende na noite do mundo e que ilumina o caminho e a vida dos homens. Acolhem esse menino como “a salvação” prometida por Deus e longamente esperada pelo Israel fiel. Acreditam que essa salvação ultrapassará as fronteiras estreitas de Israel e será oferecida a todos os homens e mulheres, de todas as raças.
Terminada a “apresentação” de Jesus, a família de Nazaré volta para a sua casa. Do espaço do Templo, o plano salvador de Deus passa a desenrolar-se na casa pobre de uma família de camponeses pobres de uma aldeia das montanhas da Galileia. Longe das luzes da ribalta, o menino crescia, “enchia-Se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele” (vers. 40). O plano salvador de Deus, agora oculto durante algum tempo, voltará, a seu tempo, a manifestar-se publicamente.
INTERPELAÇÕES
- Não é raro, no meio de tantas vicissitudes que marcam este século em que nos tocou viver, que nos sintamos desorientados e à deriva, como se a história do mundo e dos homens nos escapasse das mãos e não soubéssemos bem para onde devemos dirigir os nossos passos. Quem nos mostrará o terreno firme onde poderemos sentir-nos seguros? Quem nos guiará na viagem atribulada da história e da vida? Na Festa da “Apresentação do Senhor”, Jesus é-nos apresentado como “a salvação colocada ao alcance de todos os povos”, a “luz para se revelar às nações e a glória de Israel”, o messias com uma proposta de libertação para todos os homens. Que eco é que esta “apresentação” de Jesus encontra no nosso coração? Jesus é, de facto, a luz que ilumina as nossas vidas e que nos conduz nos caminhos do mundo? Ele é, para nós, o caminho certo e inquestionável para a salvação, para a vida verdadeira e plena? É nele que colocamos a nossa ânsia de libertação e de vida nova? Caminhamos atrás dele, certos de que o caminho que Ele propõe conduz à vida plena? Se tantos homens ignoram a "luz" libertadora que Jesus veio acender ou não se sentem interpelados pelo projeto de Jesus, a culpa não será, um pouco, do nosso imobilismo, da nossa instalação, do nosso "cinzentismo" na vivência da fé, da forma pouco entusiasta como damos testemunho?
- Simeão e Ana, os dois anciãos que acolhem Jesus no Templo de Jerusalém, são pessoas atentas ao Deus libertador que vem ao seu encontro e que sabem ler os sinais de Deus naquele menino que chega. Não vivem centrados em futilidades, não “gastam o tempo” de vida que ainda têm em atividades inconsequentes, não aceitam viver instalados numa reforma dourado que os afasta do mundo e os dispensa de colaborar no projeto de Deus para o mundo e para os homens. Atentos à voz do Espírito, vivendo em diálogo contínuo com Deus, detetam a chegada de Deus e testemunham diante dos seus conterrâneos a presença salvadora e redentora de Deus no meio do seu Povo. São pessoas que cultivam a intimidade com Deus, que escutam Deus, que se esforçam por perceber as indicações de Deus e que são sinais vivos de Deus na vida daqueles que se cruzam com eles. Sabem que, enquanto caminharem na terra, são chamados a dar testemunho de Deus e do seu projeto salvador. Através deles a luz de Deus brilha no mundo e ilumina o mundo. É assim que nós vivemos também? Procuramos entender os sinais de Deus e sermos testemunhas ativas, no meio do mundo, de Deus e do seu projeto de salvação?
- Quer Simeão, quer a profetiza Ana, são pessoas de bastante idade. Mas não vivem de recordações, voltados para o passado, a carpir mágoas porque se sentem velhos e fragilizados. Têm memória das antigas promessas de Deus; mas vivem de olhos postos no presente, preocupados em ver como no “hoje” da história dos homens Deus concretiza as suas promessas de salvação; e, quando descobrem a presença de Deus, proclamam-na com alegria e entusiasmo. Os anciãos – quer pela sua maturidade, sabedoria e equilíbrio, quer pelo tempo de que normalmente dispõem – podem ser testemunhas privilegiadas dos valores de Deus, intérpretes dos sinais de Deus, profetas credíveis que obrigam o mundo a confrontar-se com os desafios de Deus. É preciso que não vivam voltados para o passado, refugiados numa realidade que aliena, transformados em “estátuas de sal”, mas que vivam de olhos postos no futuro, de espírito aberto e livre, pondo a sua sabedoria e experiência ao serviço da comunidade humana e cristã, ensinando os mais jovens a distinguir entre o que é eterno e importante e o que é passageiro e acessório. Aqueles de entre nós a quem Deus concede a graça de uma vida longa, é assim que vivem? Comunicam alegria, otimismo, fé, esperança num futuro onde Deus está presente?
- Lucas apresenta-nos neste episódio evangélico uma família – a Sagrada Família – em que Deus é a referência fundamental. Por quatro vezes (vers. 22.23.24.27), Lucas refere, a propósito da família de Jesus, o cumprimento da Lei de Moisés, da Lei do Senhor ou da Palavra do Senhor. A família de Jesus, Maria e José é, portanto, uma família que escuta a Palavra de Deus e que constrói a sua existência ao ritmo da Palavra de Deus e dos desafios de Deus. Maria e José sabiam que uma família que escuta a Palavra de Deus e que procura responder aos desafios postos por essa Palavra é uma família com um projeto de vida com sentido; e sabiam que uma família que se deixa guiar pela Palavra de Deus é uma família que se constrói sobre a rocha firme dos valores eternos. Que importância é que Deus assume na vida das nossas famílias? Procuramos que cada membro das nossas famílias cresça numa progressiva sensibilidade à Palavra de Deus e aos desafios de Deus? Encontramos tempo para reunir a família à volta da Palavra de Deus e para partilhar, em família, a Palavra de Deus?
- Quando numa família Deus “conta”, os valores de Deus passam a ser, para todos os membros daquela comunidade familiar, as marcas que definem o sentido da existência. O espaço familiar torna-se, então, a escola onde se aprende o amor, a solidariedade, a partilha, o serviço, o diálogo, o respeito, o cuidado, o perdão, a fraternidade universal, o cuidado da criação, a atenção aos mais frágeis, o sentido do compromisso, do sacrifício, da entrega e da doação… São esses valores – os valores de Deus – que procuramos cultivar na nossa comunidade familiar?
- Segundo a Lei judaica, todo o primogénito devia ser consagrado e dedicado ao Senhor. Também Jesus é apresentado no Templo e consagrado ao Senhor. Nas nossas famílias cristãs há normalmente uma legítima preocupação com o proporcionar a cada criança condições ótimas de vida, de educação, de acesso à instrução e aos cuidados essenciais… Haverá sempre uma preocupação semelhante no que diz respeito à formação para a fé e em proporcionar aos filhos uma verdadeira educação para a vida cristã e para os valores de Jesus Cristo? Os pais cristãos preocupam-se sempre em proporcionar aos seus filhos um exemplo de coerência com os compromissos assumidos no dia do Batismo? Preocupam-se em ser os primeiros catequistas dos próprios filhos, transmitindo-lhes os valores do Evangelho? Preocupam-se em acompanhar e em potenciar a formação e a caminhada catequética dos próprios filhos, em inseri-los numa comunidade de fé, em integrá-los na família de Jesus, em consagrá-los ao serviço de Deus?
- Depois daqueles momentos gloriosos no Templo de Jerusalém, o plano salvador de Deus “escondeu-se” naquela pobre casa de família, na aldeia de Nazaré, onde viviam Maria, José e Jesus. O projeto salvador de Deus concretiza-se muitas vezes longe das luzes da ribalta, na simplicidade das nossas vidas, das nossas famílias, das nossas casas, das nossas aldeias e cidades. Estamos conscientes disso? Somos capazes de ler os sinais e perceber o acontecer da salvação de Deus na nossa vida simples de todos os dias?
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA
Grupo Dinamizador:
José Ornelas, Joaquim Garrido, Manuel Barbosa, Ricardo Freire, António Monteiro
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
www.dehonianos.org