Week of Dez 12th

  • 03º Domingo do Tempo do Advento – Ano C

    03º Domingo do Tempo do Advento – Ano C


    12 de Dezembro, 2021

    ANO C
    3º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO

    Tema do 3º Domingo do Tempo do Advento

    O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: “e nós, que devemos fazer?” Preparar o “caminho” por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus.
    O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é “baptizado no Espírito”, recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica.
    A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse “caminho de conversão”, espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho connosco.
    A segunda leitura insiste nas atitudes correctas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.

    LEITURA I – Sof 3,14-18a

    Leitura da Profecia de Sofonias

    Clama jubilosamente, filha de Sião;
    solta brados de alegria, Israel.
    Exulta, rejubila de todo o coração, filha de Jerusalém.
    O Senhor revogou a sentença que te condenava,
    afastou os teus inimigos.
    O Senhor, Rei de Israel, está no meio de ti
    e já não temerás nenhum mal.
    Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém:
    «Não temas, Sião,
    não desfaleçam as tuas mãos.
    O Senhor teu Deus está no meio de ti,
    como poderoso salvador.
    Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo,
    renova-te com o seu amor,
    exulta de alegria por tua causa,
    como nos dias de festa».

    AMBIENTE

    O profeta Sofonias prega em Jerusalém, durante a primeira fase do reinado de Josias (séc. VII a.C.). Nas décadas anteriores, o rei ímpio Manassés abriu o país aos costumes dos povos vizinhos, erigiu altares aos deuses estrangeiros (chegando a colocar no templo de Jerusalém a imagem da deusa Astarte), dedicou-se à adivinhação e à magia e multiplicou as injustiças, sobretudo contra os mais pobres e mais débeis. Entretanto, subiu ao trono o rei Josias, que procurou alterar este estado de coisas e promover uma verdadeira reforma religiosa; mas, na época em que Sofonias exerce o seu ministério profético, os erros de Manassés ainda se fazem sentir.
    Neste contexto, Sofonias ataca a idolatria cultual, as injustiças, o materialismo, a despreocupação religiosa, os abusos da autoridade: todo este quadro configura uma situação de grave infidelidade à “aliança”; Deus não irá, diz o profeta, pactuar com esta situação.
    No entanto, a intenção de Sofonias não é somente anunciar o castigo… A sua mensagem é, antes de mais, um apelo à conversão, primeiro passo para a salvação. O que o profeta pede ao seu Povo é que se volte de novo para Jahwéh, assuma as suas responsabilidades para com Deus e viva de acordo com os compromissos assumidos no âmbito da “aliança”. O texto que vamos ver, no entanto, está incluído nas “promessas de salvação”: aí, o profeta traça o quadro desse tempo novo de alegria e de felicidade, que há-de suceder-se à conversão de Judá.

    MENSAGEM

    O texto que hoje nos é proposto é um convite à alegria, porque foi revogada a sentença que condenava Judá. O amor de Deus pelo seu Povo venceu. A partir de agora, Deus residirá no meio do seu Povo; e essa nova comunhão entre Jahwéh e Judá é uma garantia de segurança, de felicidade e de vida em plenitude. Mais: o amor de Deus – esse amor que nada consegue desmentir nem apagar – vai renovar o coração do Povo e fazer com que Judá volte para os caminhos da “aliança”; e o próprio Deus Se alegrará com essa transformação.

    ACTUALIZAÇÃO

    A reflexão e actualização da Palavra podem fazer-se à volta dos seguintes pontos:

    • Nunca é demais sublinhar a essência de Deus: o amor. Neste texto, o amor de Deus não só introduz na relação com o Povo um dinamismo de perdão; mas esse amor faz ainda mais: provoca a própria conversão do Povo. Esta consciência de que Deus nos ama, muito para além das nossas falhas e fraquezas, e que o seu amor nos transforma, nos torna menos egoístas e mais humanos, é uma das mais belas constatações que os crentes podem fazer.

    • O que renova o mundo e o transforma não é o medo, mas o amor. O medo provoca insegurança, pessimismo, angústia, sofrimento, bloqueamento; o amor é que faz crescer, é que cria dinamismos de superação, é que nos torna mais humanos, é que nos faz confiar, é que potencia o encontro e a comunhão… Devemos ter isto bem presente quando formos chamados a anunciar o Evangelho e a proclamar a proposta de salvação que o nosso Deus faz aos homens.

    • Também é necessário sublinhar a constatação de que Deus não desiste de vir ao nosso encontro e de residir no meio de nós. Ele tem uma proposta de salvação que quer, a todo o custo, apresentar-nos. Não é uma constatação consoladora, frente às dificuldades, às angústias, às inseguranças que dia a dia preenchem a nossa existência?

    • Finalmente, convém notar o apelo à alegria… A constatação de que Deus nos ama e que reside no meio de nós com uma proposta de salvação e de felicidade para todos os que O acolhem não pode provocar senão uma imensa alegria no coração dos crentes. Damos sempre testemunho dessa alegria? Será que as nossas comunidades são espaços onde se nota a alegria pelo amor e pela presença de Deus?

    SALMO RESPONSORIAL – Is 12,2-3.4bcd.5-6

    Refrão 1: Exultai de alegria,
    porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.

    Refrão 2: Povo do Senhor, exulta e canta de alegria.

    Deus é o meu Salvador,
    tenho confiança e nada temo.
    O Senhor é a minha força e o meu louvor.
    Ele é a minha salvação.

    Tirareis água com alegria das fontes da salvação.
    Agradecei ao Senhor, invocai o seu nome;
    anunciai aos povos a grandeza das suas obras,
    proclamai a todos que o seu nome é santo.

    Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas,
    anunciai-as em toda a terra.
    Entoai cânticos de alegria, habitantes de Sião,
    porque é grande no meio de vós o Santo de Israel.

    LEITURA II – Filip 4,4-7

    Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses

    Irmãos:
    Alegrai-vos sempre no Senhor.
    Novamente vos digo: alegrai-vos.
    Seja de todos conhecida a vossa bondade.
    O Senhor está próximo.
    Não vos inquieteis com coisa alguma;
    mas em todas as circunstâncias,
    apresentai os vossos pedidos diante de Deus,
    com orações, súplicas e acções de graças.
    E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência,
    guardará os vossos corações e os vossos pensamentos
    em Cristo Jesus.

    AMBIENTE

    Paulo, na prisão, recebeu a ajuda fraterna dos Filipenses. Retribui com uma carta em que manifesta o seu afecto pela comunidade cristã de Filipos. Depois de agradecer a Deus pela sensibilidade dos Filipenses ao anúncio do Evangelho (cf. Flp 1,11), de informar a comunidade sobre a sua situação pessoal (cf. Flp 1,12-26), de dirigir exortações várias à comunidade (cf. Flp 1,27-2,18), de dar notícias sobre Timóteo e Epafrodito (cf. Flp 2,19-30) e de denunciar as acusações que lhe fazem os seus adversários (cf. Flp 3,1-21), Paulo – consciente de que ainda nem tudo é perfeito nesta comunidade exemplar – apresenta um conjunto de recomendações diversas de carácter prático. Este texto contém algumas dessas recomendações.

    MENSAGEM

    A primeira e mais importante recomendação de Paulo é um convite à alegria. Trata-se de algo tão fundamental, que Paulo repete duas vezes no espaço de um versículo: “alegrai-vos”. A palavra aqui utilizada (o verbo “khairô”) leva-nos a essa “alegria” (“khara”) que os anjos anunciam aos pastores, a propósito do nascimento de Jesus em Belém. É, portanto, uma alegria que resulta da presença salvadora do Senhor Jesus no meio dos homens. Depois, Paulo acrescenta outras recomendações: a bondade, a confiança, a oração (de súplica e de acção de graças). São estas algumas das atitudes que devem acompanhar o cristão que espera a vinda próxima do Senhor: alegria, porque a sua libertação plena está a chegar; tolerância e mansidão para com os irmãos; serena confiança em Deus; diálogo com Deus, agradecendo-Lhe os dons e apresentando-Lhe as suas dores e dificuldades.

    ACTUALIZAÇÃO

    A reflexão deste texto pode tocar os seguintes aspectos:

    • A alegria, constitutiva da experiência cristã, deve estar especialmente presente neste tempo de espera do Senhor. Não é uma alegria que resulta dos êxitos desportivos da nossa equipa, nem do nosso êxito profissional, nem do aumento da nossa conta bancária, mas é uma alegria pela presença iminente do Senhor nas nossas vidas, como proposta libertadora. É a certeza da presença libertadora do Senhor que a nossa alegria deve anunciar aos homens nossos irmãos.

    • A bondade e a indulgência com que acolhemos os que nos rodeiam têm de ser, também, distintivos de quem espera o Senhor. Será possível que Deus nasça quando o caminho do nosso coração está fechado com cadeias de intolerância, de prepotência, de incompreensão?

    • A espera do Senhor faz-se, também, num diálogo contínuo com Ele. Não é possível estar disponível para O acolher, quando estamos indiferentes e não partilhamos com Ele, a cada instante, as nossas alegrias e as nossas dificuldades, os nossos sonhos e as nossas esperanças. Não é possível acolher alguém com quem não comunicamos e de quem não nos sentimos próximos.

    ALELUIA – Is 61,1

    Aleluia. Aleluia.

    O Espírito do Senhor está sobre mim:
    enviou-me a anunciar a Boa Nova aos pobres.

    EVANGELHO – Lc 3,10-18

    Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

    Naquele tempo,
    as multidões perguntavam a João Baptista:
    «Que devemos fazer?»
    Ele respondia-lhes:
    «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma;
    e quem tiver mantimentos faça o mesmo».
    Vieram também alguns publicanos para serem baptizados
    e disseram:
    «Mestre, que devemos fazer?»
    João respondeu-lhes:
    «Não exijais nada além do que vos foi prescrito».
    Perguntavam-lhe também os soldados:
    «E nós, que devemos fazer?»
    Ele respondeu-lhes:
    «Não pratiqueis violência com ninguém
    nem denuncieis injustamente;
    e contentai-vos com o vosso soldo».
    Como o povo estava na expectativa
    e todos pensavam em seus corações
    se João não seria o Messias,
    ele tomou a palavra e disse a todos:
    «Eu baptizo-vos com água,
    mas está a chegar quem é mais forte do que eu,
    e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias.
    Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo.
    Tem na mão a pá para limpar a sua eira
    e recolherá o trigo no seu celeiro;
    a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga».
    Assim, com estas e muitas outras exortações,
    João anunciava ao povo a Boa Nova».

    AMBIENTE

    O Evangelho de hoje vem na sequência daquele que reflectimos no passado domingo: o profeta João Baptista indica, com pormenores concretos e a grupos concretos, como proceder para percorrer esse caminho de “metanoia” e preparar a “vinda do Senhor”.

    MENSAGEM

    A primeira parte do Evangelho de hoje (vers. 10-14) é uma secção própria de Lucas. Pôr as pessoas as perguntar “o que devemos fazer” é habitual em Lucas (cf. Act 2,37; 16,30; 22,10): sugere uma abertura à proposta de salvação que vem de Deus. João Baptista propõe, então, três atitudes concretas para quem quer fazer a experiência de conversão e de encontro com o Senhor que vem: ao povo em geral, João Baptista recomenda a sensibilidade às necessidades de quem nada tem e a partilha dos bens; aos publicanos, pede que não explorem, que não se deixem convencer por esquemas de enriquecimento ilícito, que não despojem ilegalmente os mais pobres; aos soldados, pede que não usem de violência, que não abusem do seu poder contra fracos e indefesos… Repare-se como João Baptista põe em relevo os “crimes contra o irmão”: tudo aquilo que atenta contra a vida de um só homem é um crime contra Deus; quem o comete, está a fechar o seu coração e a sua vida à proposta libertadora que Cristo veio trazer.
    Na segunda parte do Evangelho (vers. 15-18), João Baptista anuncia a chegada do baptismo no Espírito Santo, contraposto ao baptismo “na água” de João. O baptismo de João é, apenas, uma proposta de conversão; mas o baptismo de Jesus consiste em receber essa vida de Deus que actua no coração do homem, transforma o homem velho em homem novo, faz do homem egoísta e fechado em si um homem novo, capaz de partilhar a vida e amar como Jesus. Faz-se, aqui, referência a essa transformação que Cristo operará no coração de todos os que estão dispostos a acolher a sua proposta de libertação: começará, para eles, uma nova vida, uma vida purificada (fogo), uma vida de onde o pecado e o egoísmo foram eliminados, uma vida segundo Deus. Para Lucas, este anúncio do profeta João concretizar-se-á plenamente no dia de Pentecostes.

    ACTUALIZAÇÃO

    Elementos para a reflexão e actualização da Palavra:

    • “E nós, que devemos fazer?” A expressão revela a atitude correcta de quem está aberto à interpelação do Evangelho. Sugere-se aqui a disponibilidade para questionar a própria vida, primeiro passo para uma efectiva tomada de consciência do que é necessário transformar.

    • Os bens que temos à nossa disposição são sempre um dom de Deus e, portanto, pertencem a todos: ninguém tem o direito de se apropriar deles em seu benefício exclusivo. As desigualdades chocantes, a indiferença que nos leva a fechar o coração aos gritos de quem vive abaixo do limiar da dignidade humana, o egoísmo que nos impede de partilhar com quem nada tem, são obstáculos intransponíveis que impedem o Senhor de nascer no meio de nós. As nossas comunidades e nós próprios damos testemunho desta partilha que é sinal do Reino proposto por Jesus?

    • Os publicanos eram aqueles que extorquiam dinheiro de modo duvidoso, despojando os mais pobres e enriquecendo de forma ilícita. Que dizer dos modernos esquemas imorais (às vezes lícitos, mas imorais) de enriquecimento rápido? Que dizer da corrupção, do branqueamento de dinheiro sujo, da fuga aos impostos, das taxas exageradas cobradas por certos serviços, das falcatruas? Será possível prejudicar conscientemente um irmão ou a comunidade inteira e acolher “o Senhor que vem”?

    • “Não exerçais violência sobre ninguém”… E os actos de violência, que tantas vezes atingem inocentes e derramam sangue ou, ao menos, provocam sofrimento e injustiça? E os actos gratuitos de terrorismo, ainda que sejam mascarados de luta pela libertação? E a exploração de quem trabalha, a recusa de um salário justo, ou a exploração de imigrantes estrangeiros? E as prepotências que se cometem nos tribunais, nas repartições públicas, na própria casa e, tantas vezes, nas recepções das nossas igrejas? Neste quadro, é possível acolher Jesus?

    • Ser cristão é ser baptizado no Espírito, quer dizer, é ser portador dessa vida de Deus que nos permite testemunhar Jesus e a sua proposta. O que é que conduz a nossa caminhada e motiva as nossas opções – o Espírito, ou o nosso egoísmo e comodismo?

    ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 3º DOMINGO DO ADVENTO
    (adaptadas de “Signes d’aujourd’hui”)

    1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA SEMANA.
    Ao longo dos dias da semana anterior ao 3º Domingo do Advento, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

    2. GESTO PARA O INÍCIO DA CELEBRAÇÃO.
    Convidar a assembleia à alegria… Sem ler o texto, mas fazendo-lhe referência, o presidente poderá alimentar a sua palavra de abertura com o apelo que Paulo lança aos Filipenses na segunda leitura: “Irmãos: alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. O Senhor está próximo”.

    3. ORAÇÃO NA LECTIO DIVINA.
    Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

    No final da primeira leitura:
    “A nossa felicidade está em Ti, Senhor nosso Deus. Nós Te dirigimos as nossas orações e os nossos gritos de alegria, porque vieste habitar no meio de nós por Jesus teu Filho, o Ressuscitado.
    Nós Te pedimos por todos os homens nossos irmãos que a obscuridade do mal e do ódio mergulhou na tristeza: que a salvação venha até eles”.

    No final da segunda leitura:
    “Pai, nós Te damos graças pela alegria que nos dás e que vem de Jesus, porque está completamente próximo de nós, como Luz nas trevas e Paz nas inquietudes da existência.
    Nós Te pedimos: que a paz do teu Espírito guarde os nossos corações e as nossas inteligências em Cristo Jesus”.

    No final do Evangelho:
    “Deus fiel, bendito és Tu pela Boa Nova anunciada por João Baptista e pelo caminho de conversão que ele abria aos teus fiéis. Bendito és Tu pelo baptismo no Espírito Santo que Jesus nos deu.
    Doravante, é a Jesus que nós pedimos: «Que devemos fazer?» Nós Te pedimos: que o teu Espírito nos faça conhecer a tua vontade”.

    4. BILHETE DE EVANGELHO.
    Deus não pede a mesma coisa aos cobradores de impostos e aos soldados, mas pede a todos para fazerem algo que manifeste mais justiça, mais generosidade, mais paz… É no momento em que os homens se deixam baptizar na água do Jordão que perguntam o que devem fazer. Se vêm encontrar João Baptista, é porque procuram converter-se, procuram tornar-se homens novos. Aceitam viver outra coisa a fim de se tornarem outros. Mas vem o dia, anuncia o Percursor, em que a conversão não é apenas obra do homem, mas acção comum de Deus e dos homens: vem Aquele que baptizará no Espírito Santo e no fogo para fazer surgir um mundo novo e varrer o velho mundo. A Boa Nova que João Baptista anuncia ao povo é precisamente a intervenção de Deus em pessoa pela vinda do Messias que vai comprometer a humanidade nesta renovação radical, fruto da Aliança Nova selada entre Deus e a humanidade, Aliança com os dois parceiros da salvação: Deus e o homem.

    5. À ESCUTA DA PALAVRA.
    “Que devemos fazer?” Esta questão é posta três vezes a João Baptista, pelas multidões, pelos publicanos, pelos soldados. João não parece ser muito exigente nas respostas. Nada de extraordinário. Não pede para saírem do real das suas vidas. Por exemplo, exorta as multidões à partilha com os mais pobres. Hoje, dir-nos-ia para transformarmos a festa comercial de Natal numa ocasião de partilha mais generosa. A atenção ao quotidiano sugerir-nos-á como partilhar! Não são necessárias coisas extraordinárias. Basta deixar iluminar pela Boa Nova de Jesus a nossa vida de todos os dias…

    6. ORAÇÃO EUCARÍSTICA.
    Neste domingo que convida à alegria, pode-se escolher a Oração Eucarística II da Missa com Crianças: “Sim, bendito seja o teu enviado, o amigo dos pobres e dos pequenos… Ele veio arrancar do coração do homem o mal que impede a amizade, o ódio que impede de ser feliz…”

    7. PALAVRAS PARA O CAMINHO…
    • No dia 8 de Dezembro, a Igreja festejou a Imaculada Conceição da Virgem Maria. O que Paulo recomenda na segunda leitura, Maria viveu-o desde a primeira hora. Viveu sempre na alegria do Senhor: “A minha alma glorifica o Senhor, o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador”. A sua serenidade era conhecida por todos, não andava inquieta com nada: “Fazei o que Ele vos disser”. E a paz de Deus guardou o seu coração e a sua inteligência no seu Filho Jesus: “A sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração”. Ao longo da próxima semana, na espera do 4º domingo do Advento e da narração da visita de Maria a Isabel, conservemos no nosso coração a alegria e a paz recebidas nesta Eucaristia e, por intercessão de Maria, “em qualquer circunstância”, rezemos para fazer chegar a Deus os nossos pedidos.
    • Uma partilha concreta. Embora menos habitual que durante a Quaresma, pode ser proposto um “gesto de partilha” para esta semana, na linha das palavras de João Baptista. Na paróquia, ou pessoalmente, prever a natureza desta partilha (dinheiro, tempo, acolhimento no momento das festas) e os seus beneficiários.

    UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
    PROPOSTA PARA
    ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
    Grupo Dinamizador:
    P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
    Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
    Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
    Tel. 218540900 – Fax: 218540909
    portugal@dehonianos.org – www.dehonianos.org

  • Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 17 Dezembro

    Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 17 Dezembro


    17 de Dezembro, 2021

    Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 17 Dezembro

    Lectio

    Primeira leitura: Génesis 49,2.8-10

    Naqueles dias, Jacob chamou os filhos e disse-lhes: 2 Ajuntai-vos para escutar, filhos de Jacob. Para escutar Israel, vosso pai.
    8*A ti, Judá, teus irmãos te louvarão. A tua mão fará curvar o pescoço dos teus inimigos. Os filhos de teu pai inclinar-se-ão diante de ti! 9Tu és um leãozinho, Judá; quando regressas, ó meu filho, com a tua presa! Ele deita-se. É o repouso do leão e da leoa; quem ousará despertá-lo? 10*0 ceptro não escapará a Judá, nem a autoridade à sua descendência, até que venha aquele a quem pertence o comando e ao qual obedecerão os povos.
    Jacob moribundo reúne a família e pronuncia palavras consideradas sagradas e proféticas sobre o futuro dos seus doze filhos e da descendência deles. Refere-se especialmente a Judá, pai da tribo homónima, na qual haveria de nascer o Messias (cf. vv. 8- 10). Esta profecia, que remonta ao tempo de Isaías (século VIII-VII), é misteriosa, mas exalta a superioridade de Judá entre os seus irmãos por causa da sua força real, semelhante à do leão, e pelo «ceptro» e pela autoridade (v. 1Qa), que exercerá sobre as tribos de Israel e sobre todos os seus inimigos. Trata-se de uma alusão à monarquia davídica, que receberá o ceptro do Ungido do Senhor, que trará a salvação esperada. Essa profecia irá realizar-se quando o verdadeiro rei anunciado, a quem pertence o ceptro, a autoridade e o reino, dominar sobre todos os povos. Este rei ideal e definitivo aparecerá no Messias, de que fala o Apocalipse: «Venceu o leão da tribo de Judá» (Apoc 5,5). Só ele possui o ceptro de Deus, cujo reino não é um domínio, um poder, mas serviço e amor em favor de todos os povos, que lhe deverão obediência filial.

    Evangelho: Mateus 1,1-17

    1 *Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacob; Jacob gerou Judá e seus irmãos; 3Judá gerou, de Tamar, Peres e Zera; Peres gerou Hesron; Hesron gerou Rame; 4Rame gerou Aminadab; Aminadab gerou Nachon; Nachon gerou Salmon; 5Salmon gerou, de Raab, Booz; Booz gerou, de Rute, Obed; Obed gerou Jessé; 6Jessé gerou o rei David. David, da mulher de Urias, gerou Salomão; 7Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8Asa gerou Josafat; Josafat gerou Jorão; Jorão gerou Uzias; 9Uzias gerou Jotam; Jotam gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias; 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, na época da deportação para Babilónia. 12Depois da deportação para Babilónia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13Zorobabel gerou Abiud. Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azur; 14Azur gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15Eliud gerou Eleázar; Eleázar gerou Matan; Matan gerou Jacob. 16Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. 17*Assim, o número total das gerações é, desde Abraão até David, catorze; de David até ao exílio da Babilónia, catorze; e, desde o exílio da Babilónia até Cristo, catorze.
    Mateus abre o seu evangelho com a narração das origens humanas de Jesus: a «Genealogia de Jesus Cristo» (v. 1), que começa em Adão e termina em «José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo» (v. 16). O evangelista divide a história da salvação, que tem o seu ponto culminante em Jesus-Messias, em três grandes períodos:
    Abraão, David, o exílio. Apesar da monotonia e do carácter artificial da sucessão dos nomes, o texto tem importante valor teológico, pois nos oferece a genealogia humana dAquele que será o protagonista do Evangelho. Confirmam-se as promessas dos profetas, segundo as quais Jesus é descendente de Abraão e de David e, portanto, possui as bênçãos e a glória dos antepassados.

    Meditatio
    o projecto de Deus foi longamente preparado, como mostra a genealogia com que Mateus inicia o seu evangelho. Cristo veio na plenitude dos tempos, uma plenitude, à primeira vista, desconcertante: o tempo nada fazia esperar de bom, o lugar do nascimento é uma pequena aldeia, José, embora sendo da descendência de David, era um modesto trabalhador desconhecido. Mas Deus é senhor do impossível e realiza os seus planos, quando nada o fazia prever.
    A primeira leitura é uma profecia de Jacob que fala do ceptro de Judá, que promete um vencedor: «um leãozinho, Judá», um dominador: «Os filhos de teu pai inclinar-se-ão diante de ti!». Judá é o elo que liga a primeira leitura ao evangelho. Cristo é filho de Judá. O segundo Adão entrou na aventura humana, marcada pelo pecado, pelo sofrimento e pela morte, por causa da desobediência dos nossos primeiros pais, não para punir a humanidade, mas para a transformar e reconduzir à amizade com Deus, como estava previsto no primeiro projecto. Toda a história de Israel é testemunho do anúncio da vinda de um redentor, que os homens esperam para receber a promessa: toda a lei está grávida de Cristo, diria Agostinho de Hipona. Em Jesus, Deus fez-se efectivamente homem, e o sonho tornou-se realidade. O Deus-connosco fez Deus- para-nós, apesar das nossas infidelidades e do nosso fraco acolhimento.
    Fazemos parte desta história, que nos liga a Abraão e a David, fio de ouro que muitas vezes quebrámos com o nosso pecado e que Deus volta a ligar em Jesus, aproximando-nos cada vez mais do seu coração. E Ele, que conheces as fragilidades do espírito humano, sabe compreender e perdoar a nossa fraqueza, mas espera a conversão do nosso coração e o reconhecimento dAquele a quem pertence toda a realeza e a quem todos os povos devem obediência, fidelidade e amor.
    Cristo, Verbo eterno de Deus, assumiu a carne humana, da estirpe de David. Fez-Se intimamente próximo de nós homens: pela sua humanidade, ergueu a sua tenda no meio das nossas (cf. Jo 1,14); tornou-Se nosso companheiro da caminhada terrena, peregrino connosco rumo à pátria celeste, em tudo igual a nós, com as nossas fragilidades, os nossos sofrimentos, excepto o pecado; mas carregou sobre Si os nossos pecados e ofereceu-Se em sacrifício por eles. Assim alcançou a vitória: «venceu o Leão da tribo de Judá, o rebento da dinastia de David» (Apoc 5, 5). Mas este vencedor é um Cordeiro imolado, não um leão que devora a presa. E todavia é verdadeiramente o leão de Judá, o vencedor. Mas a sua vitória não foi obtida de maneira humana. Venceu-a com o sacrifício de si mesmo. E a sua vitória continua a realizar-se: Cristo, de Lado aberto e Coração trespassado, continua a atrair todos os homens. É, na verdade, o vencedor prometido, que vem da tribo de Judá.

    Oratio
    Senhor, Deus de Abraão, de Isaac Deus e de Jacob, Deus de Jesus Cristo e nosso Deus, prometeste a Judá um reino eterno e uma realeza sobre todos os povos. Toda a história humana, por meio do povo eleito e, depois, por meio da Igreja, é herdeira das bênçãos de Israel, e está orientada para Cristo, esperado das nações. Que cada um de nós se torne instrumento válido para levar até Ele todo o irmão e irmã que encontrar na vida. Faz que os homens, de todas as raças e cores, saibam ultrapassar as divisões e reencontrar-se unidos por uma renovada esperança na vinda do Salvador e por uma forte confiança de que a sua mensagem de salvação e de vida é válida para todos, sem qualquer distinção.
    Senhor da história e dos povos, enche-nos do teu poder e faz que vivamos vigilantes reconhecendo os sinais dos tempos e a tua passagem silenciosa pelas aventuras quotidianas da nossa história. Que, sobretudo, reconheçamos no teu Filho Jesus, descendente de uma estirpe humana, o Messias esperado. Amen.

    Contemplatio
    o patriarca Jacob dizia-o abençoando o seu filho Judá: «O ceptro não sairá de Judá, dizia, até que venha aquele que deve vir e será o desejado de todos os povos» (Gen 41). Nós o sabemos, Israel esperava o Messias e todos os povos desejavam um Salvador. Nós o possuímos, nós, este Salvador, no tabernáculo, e não vamos ter com ele!
    Quer a nossa visita para acender nos nossos corações o fogo dos santos desejos.
    A minha alma é esta Jerusalém descrita por Jeremias (Lam 1), toda desolada, devastada, sem energia e sem força. Irei ao sacrário receber os eflúvios da sabedoria e da força divinas.
    «Sião, dizia: O Senhor me abandona e me esquece. - Não, responde o Senhor, é que uma mãe pode esquecer o seu filho e o fruto das suas entranhas? E mesmo que uma mãe pudesse esquecer o seu filho, eu nunca vos esqueceria» (Is 49, 14).
    Nós temos, portanto, no sacrário, uma mãe e mais do que uma mãe. Donde vem que não vamos com mais confiança ao Coração eucarístico de Jesus?
    Quem sou eu? Um bebé que precisa de ser aleitado com leite real. O Salvador está lá para mo dar. O profeta prometeu-o: «Tu terás o leite real, dizia a Sião, e tu saberás que sou o teu Salvador, o teu Redentor e a tua força (Is 60).
    Tenho lá no sacrário o pão dos fortes, o maná que deleita e que alimenta. Se não negligencio este banquete, este alimento divino, crescerei em força e em graça. É a intenção de Nosso Senhor.
    Como bebés, diz S. Pedro, desejai e saboreai o leite espiritual, para que a graça da salvação cresça em vós (1 Pd 2, 2).
    Crescei, diz-nos S. Paulo, até ao desenvolvimento do homem perfeito, para que não sejais mais como crianças sem vontade; cumpri os vossos deveres por amor, a fim de crescerdes sem cessar em Cristo que é o vosso chefe (Ef 4, 13).
    Irei, portanto, ao sacrário buscar o leite da sabedoria e o espírito de caridade ao coração de Cristo (Leão Dehon, OSP 1, p. 640s.).

    Actio
    Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
    «Ó Sapiência, vem ensinar-nos o caminho da vida» (da liturgia).

  • Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 18 Dezembro

    Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 18 Dezembro


    18 de Dezembro, 2021

    Tempo do Advento - Novena do Natal - Dia 18 Dezembro

    Lectio

    Primeira leitura: Jeremias 23, 5-8

    5Dias virão em que farei brotar de David um rebento justo que será rei, governará com sabedoria e exercerá no país o direito e a justiça -oráculo do SENHOR. 6Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança. Então será este o seu nome: «O SENHOR -é-nossa-Justiçaf» 7Por isso, eis que chegarão dias -oráculo do SENHOR- em que já não dirão: «Viva o SENHOR que tirou do Egipto os filhos de Israel.» BMas sim: «Viva o SENHOR que tirou e reconduziu a linhagem de Israel do país do Norte e de todos os países, para onde os dispersara, e os fez habitar na sua própria terra.»

    Jeremias vive num momento muito difícil da história de Israel. Os seus textos são fortemente dramáticos. Mas, na página que lemos hoje, apresenta-nos uma profecia cheia de esperança, com dois oráculos: o primeiro anuncia um rei sábio, descendente de David que, como «rebento justo», guiará o povo como um pastor (vv. 5-6); o segundo é uma declaração do fim do exílio e da dispersão do povo, que regressará para «habitar na sua própria terra» (vv. 7-8). A profecia coloca-nos diante de uma intervenção de Deus que é sinal da sua fidelidade à promessa feita a David (cf. 2 Sam 7, 12-16), e faz a unidade do povo, guiado por um verdadeiro rei (cf. Is 11, 1-9; Zc 3, 8), que realiza um reino de paz e de justiça. Por isso, será chamado «Senhor-nossa-justiça» (v. 6). Todas as características deste sucessor de David são atribuídas ao Messias, que governará o povo com o direito da sua Palavra e com a justiça do seu amor misericordioso (v. 5). O segundo anúncio trata da libertação do exílio e do regresso à Terra, descritos como um novo êxodo, profecia da libertação realizada pelo Messias, que reconduzirá todo o exilado e o introduzirá na terra da paz sabática.

    Evangelho: Mateus 1, 18-25

    1B*Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. 19*José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-Ia, resolveu deixá-Ia secretamente. 20*Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. 21 *Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» 22Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: 23*Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco. 24Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa. 25*E, sem que antes a tivesse conhecido, ela deu à luz um filho, ao qual ele pôs o nome de Jesus.

    Mateus descreve-nos a anunciação do nascimento de Jesus a José, filho de David. Maria, noiva de José, encontra-se grávida por obra do Espírito Santo. Enquanto José pensa despedi-Ia secretamente, o Anjo revela-lhe em sonhos o projecto de Deus:
    Maria dará à luz o Salvador esperado. José, homem justo cf. v. 19), acolhe com fé e simplicidade o projecto de Deus, recebe Maria como esposa, e reconhece legalmente o filho que está para nascer, transmitindo-lhe todos os direitos próprios de um descendente de David. Ao dar-lhe o nome de Jesus, que qualifica a sua missão, cumpre a vontade de Deus. Mesmo fora dos laços de sangue, Jesus é da linhagem de David, como demonstra Mateus ao citar Is 7, 14: «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco» (v. 23).
    Deus, para realizar o seu desígnio de amor e de salvação, serviu-se dos homens que veneram a sua vontade, muitas vezes misteriosa. José é um deles. Vivendo na fé e no escondimento, colaborou com Deus na história da salvação. No filho de Maria e de José, que está para nascer, Deus revela-se Emanuel, «Deus connosco».

    Meditatio
    o evangelho de hoje mostra-nos a realização da profecia de Jeremias: «farei brotar de David um rebento justo - diz o Senhor - ». José, filho de David recebe o anúncio desse nascimento próximo, também anunciado por Isaías: «Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho».
    Ao mesmo tempo, verificamos que o cumprimento desta promessa, tão longamente preparado, não se realiza sem um drama pessoal e muito doloroso. José pensava ter de renunciar a Maria, ter de renunciar a casar com Ela. Os grandes dons de Deus são geralmente precedidos de grandes sofrimentos. Deus quer alargar-nos o coração, demasiado pequeno para receber os seus dons. Uma vocação não se realiza sem drama e sofrimento: seja a vocação matrimonial, sejam as diversas vocações de consagração e de serviço na Igreja. Não ter em conta, ou esquecer essa realidade explica provavelmente muitos fracassos na fidelidade à própria vocação.
    A ligação entre a primeira leitura e o evangelho é feita pelo «rebento justo» que floresce no tronco de David e «que será rei e governará com sabedoria». Este rei misterioso que nasce por obra do Espírito, é o Messias que «salvará o povo dos seus pecados». Mas Deus serve-se de José, homem simples e de fé profunda, para levar por diante a história da salvação centrada em Jesus. José não põe entraves ao projecto de Deus, entra no mistério mesmo sem o compreender completamente, acredita no seu criador e colabora com docilidade e confiança.
    O homem justo não é aquele que teoriza, mas aquele que lê os acontecimentos da vida à luz da Palavra de Deus.
    Estar disposto a obedecer a Deus, é uma condição prévia para entrar em diálogo com Ele e "entrar" nos seus projectos em favor dos homens. Maria e José, verdadeiros pobres, tinham essa disposição. Por isso, puderem ser chamados a colaborar e colaboraram efectivamente no grandioso projecto da nossa salvação realizado em Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado.
    É também essa disponibilidade que nos é proposta pelas Constituições: "O ... caminho" de Cristo, de total obediência e disponibilidade à vontade do Pai, "é o nosso caminho" (n. 12).
    Contemplar e reviver a obediência de Cristo, introduz-nos no mistério de Deus:
    Em "Cristo ... Senhor ... o Pai revelou-nos o Seu amor" (Cst. 9). Jesus manifesta o Seu amor filial ao Pai não só com palavras, mas com toda a vida. A obediência de Cristo, o mistério da Sua Oblação são exactamente as primeiras realidades que devem interessar à nossa vida es
    piritual de "Oblatos, Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus": "Caminhai na caridade - exorta-nos S. Paulo -como Cristo nos amou e se entregou a Si mesmo por nós, oferecendo-Se a Deus em sacrifício de suave odor' (Ef 5,2; TOB).
    José e Maria são exemplo luminoso para nós. Sejam também nossos intercessores.

    Oratio
    Senhor Jesus, filho de David, que Te fizeste homem e vieste para meio de nós, graças à disponibilidade obediente e generosa da Virgem Maria, e cresceste em Nazaré sob o olhar vigilante de José, homem justo, ajuda-nos a reconhecer na tua vinda a Alegre Notícia da salvação e da vida nova.
    Tu, que és o rebento justo, florescido no coração de cada homem, faz com que o teu reino de justiça e de paz, com a riqueza dos seus valores humanos, se expanda como luz no meio dos povos. Que a figura simples e laboriosa de José nos faça compreender que, para além dos laços de sangue, aprecias toda a paternidade, que é reflexo da do Pai que está no Céu. Que nos faça também perceber que o homem rico de fé, e disponível para o cumprimento da tua vontade, Te é sempre agradável e que, por isso, fazes dele colaborador no teu projecto de salvação.
    Dá-nos a graça de, como José, estarmos sempre prontos a acolher, com sinceridade e alegria, tudo quanto nos pedes, mesmo que por caminhos que não entendemos. Para isso, está connosco, sê o nosso Emanuel! Amen.

    Contemplatio
    S. José é para nós um modelo e um protector. A sua pureza, a sua inocência, a sua humildade são modelos oferecidos às almas que aspiram à piedade. Pela sua pureza, foi julgado digno de ser o esposo de Maria. Pela sua humildade, mereceu a glória de ser o pai adoptivo de Jesus. Pela sua inocência, tornou-se digno da união e da intimidade que devia ter com Jesus e a sua mãe em Nazaré.
    Meditando nas suas virtudes, os padres aprenderão com que respeito cheio de amor deve tratar-se com Jesus no altar. Os fiéis aprenderão a comungar piedosamente.
    Como S. José tinha Jesus nos seus braços, apertava-o sobre o seu coração, o padre tem-no no altar nas suas mãos. O padre e o fiel recebem-no não no seu peito, mas no seu coração.
    S. José vestia-o, conduzia-o, guardava-o; aprendamos dele a tratar com uma piedosa ternura no altar e no banco da comunhão.
    A doce e amável familiaridade com a qual José vivia junto de Jesus no Egipto e em Nazaré, é um exemplo da intimidade na qual Nosso Senhor queria viver connosco. José conversava com Jesus amigavelmente; Jesus era sempre o objecto do seu pensamento; no trabalho, na refeição, estavam unidos.
    O cuidado de José era de contentar Jesus e sabia que o fazia ocupando-se do seu Pai e da sua bondade.
    Dirijamo-nos a S. José para obtermos as graças preciosas que nos ensinarão a conversar com Jesus menino. (Leão Dehon, OSP 3, p. 235s.).

    Actio
    Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Senhor, vem libertar-nos» (da Liturgia).

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