Week of Out 17th

  • S. Inácio de Antioquia

    S. Inácio de Antioquia


    17 de Outubro, 2021

    S. Inácio sucedeu ao apóstolo S. Pedro no governo da comunidade cristã de Antioquia. Nos inícios do século II, foi conduzido a Roma para ser condenado às feras. Enquanto ia a caminho do martírio, S. Inácio escreveu sete cartas às diversas igrejas do seu tempo. São cartas escritas com sangue, verdadeiros pedaços de vida, com o grito ardente de um místico que anseia pelo martírio. Estas cartas, cuja autenticidade é admitida pela maioria dos estudiosos, com sólidos argumentos, conservam rasgos vivos e luminosos de uma das maiores personalidades dos primeiros séculos da Igreja.

    Lectio

    Primeira leitura: Filipenses 3, 17 - 4, 1

    Irmãos: Sede todos meus imitadores, irmãos, e olhai atentamente para aqueles que procedem conforme o modelo que tendes em nós. 18É que muitos - de quem várias vezes vos falei e agora até falo a chorar - são, no seu procedimento, inimigos da cruz de Cristo: 19o seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e gloriam-se da sua vergonha - esses que estão presos às coisas da terra. 20É que, para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. 21Ele transfigurará o nosso pobre corpo, conformando-o ao seu corpo glorioso, com aquela energia que o torna capaz de a si mesmo sujeitar todas as coisas. 1Portanto, meus caríssimos e saudosos irmãos, minha coroa e alegria, permanecei assim firmes no Senhor, caríssimos.

    Paulo convida os filipenses a imitá-lo, tal como ele imita a Cristo. Jesus, pela sua morte e ressurreição, transfigurou o nosso corpo para o conformar ao seu corpo glorioso (v. 21). A cruz encerra o germe da ressurreição. Quem participa na cruz de Cristo, participa também na sua ressurreição. S. Inácio imitou a Cristo na sua paixão e morte cruenta. Deu o seu testemunho do sangue. Todo o cristão é chamado a idêntico testemunho, se não de modo cruento, pelo menos carregando com alegria e generosidade a cruz de cada dia.

    Evangelho: João 12, 24-26

    Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. 25Quem se ama a si mesmo, perde-se; quem se despreza a si mesmo, neste mundo, assegura para si a vida eterna. 26Se alguém me serve, que me siga, e onde Eu estiver, aí estará também o meu servo. Se alguém me servir, o Pai há-de honrá-lo.

    Se Jesus Cristo é o grão de trigo que, lançado à terra e morto, produziu muito fruto, o texto que hoje escutamos é uma síntese de todo o evangelho e da vida de Cristo. Inácio, imitador de Cristo, também é esse grão de trigo que, moído pelos dentes das feras, se tornou pão puro de Cristo, verdadeira eucaristia. Se os mártires precisam da Eucaristia, também a eucaristia não pode prescindir do testemunho dos mártires.

    Meditatio

    Para a meditação de hoje, nada melhor do que recorrermos a alguns pensamentos de S. Inácio de Antioquia. Na iminência do seu martírio, o santo bispo escreve aos Romanos: "É bonito partir deste mundo para Deus, a fim de ressuscitar para Ele". "Deixai que me torne alimento das feras, por meio das quais me é dado alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, moído pelos dentes das feras, para me tornar pão puro de Cristo. Acariciai as feras, para que se tornem o meu sepulcro e nada deixem do meu corpo, para que uma vez morto, eu não seja peso para ninguém. Então serei, de verdade, discípulo de Jesus Cristo, quando o mundo deixar de ver o meu corpo. Suplicai a Cristo por mim, para que, por meio daqueles instrumentos, eu me torne hóstia para Deus" "Agora começo a ser discípulo de Cristo". "De nada me serviriam os confins da terra nem os reinos deste século. Para mim, é mais belo morrer por Jesus Cristo do que reinar sobre os confins da terra. Procuro-o, que morreu e ressuscitou por nós, quero-o, que ressuscitou por nós. Agora, o parto está iminente para mim. Tende compaixão de mim, irmãos. Não me impeçais de viver, não queirais o meu morrer. A quem quer ser de Deus, não o entregueis de graça ao mundo e não o enganeis com a matéria. Deixai-me acolher a luz pura. Junto dela, serei homem. Deixai-me ser imitador da Paixão do meu Deus". "Rezai para que eu seja cristão, não só de nome, mas também de fato". "Rezai para que possa alcançar a Deus".
    S. Inácio alcançou a Deus através do martírio no ano 107. A sua memória é celebrada neste dia desde o século IV.

    Oratio

    Rezemos com S. Inácio de Antioquia: "O meu Amor está crucificado e não há em mim fogo que se alimente da matéria. Mas há uma água viva que murmura dentro de mim e me diz interiormente: "Vem ao Pai". Não me satisfazem os alimentos corrutíveis nem os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, que é a Carne de Jesus Cristo, nascido da linhagem de David, e por bebida quero o Sangue que é a caridade incorrutível". Ámen.

    Contemplatio

    A caridade tem tido os seus inumeráveis mártires, que têm fecundado a Igreja e enchido o céu. Todos aqueles que sacrificaram a sua vida nos trabalhos e nos perigos do apostolado sob todas as suas formas são mártires da caridade. Enfrentaram as fadigas, as doenças, as dificuldades do clima, a hostilidade dos infiéis para irem em socorro dos que sofrem ou que estão nas trevas da idolatria. Era o espírito da caridade que os conduzia. Dando-nos o seu mandamento novo, Nosso Senhor dá-nos, no Espírito Santo, a graça de o cumprirmos. Se correspondermos a este espírito de caridade, havemos de praticar entre nós a mansidão, a paciência, a benevolência. As obras de misericórdia ser-nos-ão caras e fáceis. Teremos gosto em tomar conta dos pequenos, dos pobres, dos ignorantes, daqueles que sofrem. Havemos de nos recordar da palavra do bom Mestre: «O que fazeis aos pequenos e aos deserdados, tenho-o como feito a mim». Se tivermos uma caridade ardente e abundante, levá-la-emos até ao sacrifício. Despojar-nos-emos, afadigar-nos-emos para socorrer o nosso próximo, e, se for preciso, daremos a nossa vida por ele como Nosso Senhor a deu por nós. (Leão Dehon, OSP 3, p. 419s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Faça-se tudo para honrar a Deus" (S. Inácio de Antioquia).

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    S. Inácio de Antioquia (17 Outubro)

  • S. Lucas, Evangelista

    S. Lucas, Evangelista


    18 de Outubro, 2021

    S. Lucas nasceu em Antioquia da Síria. Foi educado no paganismo e exerceu a profissão de médico (cf. Cl 4, 14). Convertido ao cristianismo, torou-se colaborador de S. Paulo, estabelecendo com ele uma grande amizade (Fm 24). Homem culto, S. Lucas, é o autor do terceiro evangelho e dos Atos dos Apóstolos, sendo também um dos responsáveis pela ação missionária nos primeiros tempos da Igreja.

    Lectio

    Primeira leitura: 2 Timóteo 4, 10-17b

    Caríssimos: Demas abandonou-me. Preferiu o mundo presente e foi para Tessalónica. Crescente foi para a Galácia, e Tito para a Dalmácia. 11Apenas Lucas está comigo.Traz contigo Marcos, pois me será de grande ajuda no ministério.  12Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso.13Quando vieres, traz o manto que deixei em Tróade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos. 14Alexandre, o fundidor de cobre, causou-me muitos danos. O Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras. 15Toma tu também cuidado com ele, pois muito se tem oposto ao nosso ensinamento. 16Na minha primeira defesa, ninguém esteve ao meu lado. Todos me abandonaram. Que não lhes seja levado em conta. 17O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças, a fim de que, por meu intermédio, o anúncio fosse plenamente proclamado e todos os gentios o escutassem.

    Paulo manifesta o seu conforto por Lucas lhe permanecer fiel, enquanto outros, por cansaço ou por medo, o abandonaram. É sobretudo a presença do Senhor que anima o Apóstolo a pregar o Evangelho aos gentios, mantendo-se fiel à sua vocação inicial. Mas não pode deixar de lembrar os que o abandonaram, quando mais precisava de apoio, tendo de se defender sozinho em tribunal, e tendo de defender a Cristo e à fé que abraçara. O que provoca mais satisfação em Paulo é poder afirmar que foi por seu intermédio que o Evangelho foi anunciado, de modo especial aos gentios. A missão recebida em Damasco estava realizada.

    Evangelho: Lucas 10, 1-9

    Naquele tempo, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. 2Disse-lhes:«A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe.3Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho.5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!'6E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós. 7Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.8Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido, 9curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: 'O Reino de Deus já está próximo de vós.'

    Só Lucas que nos fala deste episódio. Jesus, depois de ter enviado os Doze em missão (Lc 9, 1ss), envia também estes setenta e dois discípulos. A missão é uma das grandes preocupações do terceiro evangelista. Nos Atos dos Apóstolos, além das missões de Pedro e de Paulo, fala das missões de Estêvão, de Filipe e de outros apóstolos. A messe do Senhor precisa de muitos trabalhadores. Há que pedi-los e que enviá-los. A oração, não só prepara, mas é parte integrante da missão. A missão começa na oração; e rezar é estar em missão. Como o seu Mestre e Senhor, os discípulos devem ir em missão "como cordeiros para o meio de lobos" (v. 3). O anúncio essencial é: "O Reino de Deus já está próximo de vós." (v. 9). Trata-se de uma expressão densa de significado: os tempos completaram-se, isto é, estão cheios da presença de Deus que salva. A presença de Deus concretiza-se na pessoa de Jesus e nos seus ensinamentos.

    Meditatio

    S. Lucas escreveu o terceiro evangelho, com alguns elementos que nos permitem distingui-lo dos outros três evangelistas. S. Lucas é o evangelista de Maria: só ele nos fala da anunciação, da visitação, do nascimento de Jesus e da sua apresentação no templo. É o evangelista do Coração de Jesus: é o que melhor nos revela a sua misericórdia nas parábolas da dracma perdida e reencontrada, da ovelha perdida e achada, do filho pródigo. É o evangelista da caridade: só ele narra a parábola do bom samaritano, e fala do amor de Jesus aos pobres com acentuações mais ternas do que os outros evangelistas. Apresenta-nos Jesus comovido diante do sofrimento da viúva de Naim; Jesus que acolhe delicadamente a pecadora em casa de Simão, o fariseu, e lhe assegura o perdão de Deus; Jesus que acolhe Zaqueu com tanta bondade que muda o coração ganancioso do publicano em coração arrependido e generoso.
    Lucas é o evangelista da confiança, da paz, da alegria. É o evangelista do Espírito Santo. É ele que apresenta a comunidade cristã como tendo "um só coração e uma só alma". O evangelho de Lucas revela o seu zelo missionário. Só ele fala da missão dos setenta e dois discípulos e alguns pormenores dessa missão. Há, pois, muitos tesouros a explorar na obra lucana. Havemos de fazê-lo com gratidão, entregando-nos, também nós, generosamente ao Senhor, vivendo como discípulos e carregando com Ele a nossa cruz de cada dia.
    Lucas acompanhou Paulo em algumas das suas viagens missionárias e durante o cativeiro em Roma. Com a morte do Apóstolo eclipsa-se a história de Lucas. Um escrito do século III diz-nos que morreu virgem na Bitínia, com a idade de 74 anos, cheio de Espírito Santo. Uma tradição do século IV assegura-nos que derramou o sangue por Cristo. Lucas é um médico bondoso e serviçal, um literato, mas sobretudo um santo e mártir, que regou com o seu sangue as sementes do Evangelho por ele lançadas. É considerado padroeiro dos médicos, por causa das palavras de Paulo: "Saúda-vos Lucas, nosso querido médico" (Col 4, 14).

    Oratio

    Senhor, nosso Deus, que escolhestes São Lucas para revelar com a sua palavra e os seus escritos o mistério do vosso amor pelos pobres, fazei que sejam um só coração e uma só alma aqueles que se gloriam no vosso nome e todos os povos mereçam ver a vossa salvação. Ámen. (Coleta de Missa).

    Contemplatio

    S. Lucas é o Evangelista da santa Infância de Jesus. Como os amigos do Sagrado Coração lhe devem estar reconhecidos! Foi ele que nos deu a conhecer tantos pormenores deliciosos sobre o nascimento e a infância de Jesus. Devemos-lhe a saudação angélica, a Ave-maria, o Ecce Ancilla Domini, o Benedictus, o Nunc dimittis, tantos outros tesouros para os amigos do Coração de Jesus. Ele descreve-nos a visita dos pastores. Devemos-lhe também o cântico dos anjos «Gloria in excelsis Deo». Nenhum evangelista deu semelhantes tesouros à liturgia. Descreve a estadia de Jesus no Templo aos 12 anos, o comentário de Isaías por Jesus na sinagoga de Nazaré. Relata a bela parábola de Lázaro e do mau rico, a cura dos dez leprosos, dos quais só um é reconhecido, a cena deliciosa na qual Marta mostra demasiada solicitude e na qual Madalena escolheu a melhor parte, a única coisa necessária. A grande parábola do Filho pródigo é uma das suas mais belas páginas. Era preciso um homem de grande coração para compreender e relatar estas cenas tocantes e estes discursos do Salvador. Relata melhor que os outros a justificação de Madalena por Jesus em casa de Simão, o Fariseu, e a chamada de S. Pedro com a primeira pesca milagrosa. É a ele que devemos o conhecimento desta palavra caída do Sagrado Coração: vim acender o fogo (do amor) sobre a terra, e que desejo senão que se propague. Revelou-nos o santo Coração de Maria. Foi ele que nos disse por duas vezes que Maria conservava no seu coração os mistérios de Jesus e neles meditava (Lc 2, 19 e 51). (L. Dehon, OSP 4, p.369s.).

    Actio

    Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
    "Rogai ao dono da messe
    que mande trabalhadores para a sua messe" (Lc 10, 2).

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    S. Lucas, Evangelista (18 Outubro)

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