22 de Fevereiro, 2022

Cadeira de S. Pedro

Cadeira de S. Pedro


22 de Fevereiro, 2022

A festa da Cadeira de S. Pedro, colocada no dia 22 de Fevereiro por um martiriológio muito antigo, é uma boa oportunidade para fazermos memória viva e atualizante do primeiro dos Apóstolos, Simão Pedro. Nascido em Cafarnaum, exercia a sua profissão de pescador quando se encontrou com Jesus de Nazaré. Deixou o trabalho, a casa e a família para seguir o Senhor. Os evangelhos deixam-nos entrever a sua personalidade simples, espontânea e simpática. Jesus escolheu-o como primeiro no grupo dos Doze. Com a festa que hoje celebramos, apoiando-nos no símbolo da cadeira, realçamos a missão de mestre e de pastor conferida a Pedro por Cristo. O Senhor fez assentar sobre ele, como sobre uma pedra, todo o edifício da Igreja.

Primeira Leitura: 1 Pedro 5, 1-4

Aos presbíteros que há entre vós, eu - presbítero como eles e que fui testemunha dos padecimentos de Cristo e também participante da glória que se há-de manifestar - dirijo-vos esta exortação: 2Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, governando-o não à força, mas de boa vontade, tal como Deus quer; não por um mesquinho espírito de lucro, mas com zelo; 3não com um poder autoritário sobre a herança do Senhor, mas como modelos do rebanho. 4E, quando o supremo Pastor se manifestar, então recebereis a coroa imperecível da glória.

O texto começa com uma autoapresentação do Apóstolo Pedro, que nos permite colher a sua identidade. Seguem-se algumas recomedações aos ansiãos que, com Pedro, carregam a honra e o peso das responsabilidades que Jesus lhe pôs sobre as costas (vv. 2s.). O Apóstolo transmite, não algo de seu, mas a missão que lhe foi confiada para ser partilhada e participada. Os que, na Igreja, são chamados a exercer um ministério hão-de deixar mover, não por interesse, mas por amor. A sua espiritualidade tem como caraterísticas o total serviço, a plena dedicação, a incondicionada fidelidade. Os que permanecerem fiéis receberão "a coroa imperecível da glória" das mãos do supremo Pastor (cf. v. 4).

Evangelho: Mateus 16, 13-19

Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» 14Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.»15Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» 16Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» 17Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. 18Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. 19Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.»

No nosso texto, Jesus começa por interrogar os discípulos sobre o que se diz sobre Ele. As respostas que dão são parcialmente válidas, mas inexatas. É então que Jesus interroga os discípulos sobre o que pensam dele. Responde Pedro, em nome de todos: "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo." (v. 16). Estas palavras são uma profissão de fé total, completa, que já tem o sabor da fé pascal. Estas palavras revelam também a identidade de Pedro como crente e representante de todos os crentes.
Na segunda parte do texto, temos temos uma série de palavras com as quais Jesus define a sua relação com Pedro e o ministério do Apóstolo em relação à Igreja (vv. 17-19). Pedro é bem-aventurado porque falou sob inspiração divina. O nome novo que Jesus dá a Pedro indica a sua missão de "pedra" fundamental e sólida do edifício que é a Igreja, a comunidade dos salvos. A entrega das chaves simboliza que é com Pedro e por meio de Pedro que Cristo realiza a salvação de todos.

Meditatio

«Quem dizem os homens que é o Filho do homem?»... «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Em nome dos Doze, Pedro responde à pergunta de Jesus, não segundo o ponto de vista dos homens, mas segundo o ponto de vista de Deus: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Por isso, Jesus replica, proclamando-o bem-aventurado: «És feliz, Simão, filho de Jonas». Mas essa resposta é fruto de uma iluminação especial de Deus: «não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu» - diz-lhe Jesus.

Pedro personifica a Igreja. A sua resposta será a da Igreja iluminada pelo Espírito no Pentecostes. Simão Pedro recebeu essa luz antecipadamente, por causa da missão que Cristo lhe queria confiar: «Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus, e tudo quanto ligares na terra ficará ligado nos Céus, e tudo quanto desligares na terra será desligado nos Céus" (Mt 16, 18-19).» Bento XVI comenta assim estas palavras do Senhor: «As três metáforas às quais Jesus recorre são muito claras: Pedro será o fundamento, a rocha sobre o qual se apoiará o edifício da Igreja; ele terá as chaves do reino dos céus, para abrir ou fechar a quem melhor julgar; por fim, poderá ligar ou desligar, no sentido em que poderá estabelecer ou proibir o que considerar necessário para a vida da Igreja, que é e permanece a Igreja de Cristo. [...]

Esta posição de preeminência que Jesus decidiu conferir a Pedro verifica-se também depois da ressurreição (Mc 16, 7; Jo, 20, 2. 4-6). [...] Pedro será, entre os Apóstolos, a primeira testemunha de uma aparição do Ressuscitado (Lc 24, 34; 1 Cor 15, 5). Este seu papel, realçado com decisão (Jo 20, 3-10), marca a continuidade entre a preeminência obtida no grupo apostólico e a preeminência que continuará a ter na comunidade que nasceu depois dos acontecimentos pascais. [...] Vários textos-chave relativos a Pedro podem ser relacionados com o contexto da Última Ceia, no decurso da qual Cristo confere a Pedro o ministério de confirmar os seus irmãos (Lc 22, 31ss.). [...] Esta contextualização do primado de Pedro na Última Ceia, no momento da instituição da Eucaristia, Páscoa do Senhor, indica também o sentido último deste primado: Pedro deve ser, para todos os tempos, o guardião da comunhão com Cristo; deve conduzir à comunhão com Cristo; deve preocupar-se por que a rede não se rompa (Jo 21, 11), para que possa perdurar a comunhão universal. Só juntos, podemos estar com Cristo, que é o Senhor de todos. A responsabilidade de Pedro é, pois, a de garantir a comunhão com Cristo pela caridade de Cristo, conduzindo à realização desta caridade na vida de todos os dias».

Oratio

Senhor Jesus, quero hoje dar-te graças porque fundaste a Igreja sobre a pedra que é Pedro, para que seja na terra o sinal vivo da santidade do Pai, e anuncie a todos os povos o Evangelho do reino dos céus. Como Simão Pedro, quero dizer-te: afasta-te de mim que sou pecador, mas à tua palavra lançarei as redes; porque só és o Filho do Deus vivo, só tu tens palavras de vida eterna, só tu és a rocha segura, só tu és o Senhor e o Mestre. Sou fraco, muito fraco, mas com a tua graça darei a minha vida por ti, que sabes tudo, que sabes que te amo. Ámen.

Contemplatio

O dedo de Deus está bem marcado no estabelecimento da Religião cristã em Roma e na sua conservação há dezanove séculos. No seu estabelecimento, porque Deus se serviu de um pobre pescador galileu estranho às ciências profanas, sem recursos e sem apoios temporais para impor o jugo do Evangelho aos espíritos mais orgulhosos que jamais existiram, aos patrícios da velha Roma todos cheios de si mesmos, orgulhosos das suas riquezas e dados à sensualidade e ao prazer. Na sua conservação, porque nem as torrentes de sangue que os tiranos fizeram correr no circo e no coliseu, nem os assaltos da heresia tão frequentemente repetidos, nem o furor nem a corrupção dos homens nem as potências dos infernos conseguiram abalar esta pedra, centro e fundamento da Religião católica. Renovemos a nossa devoção e a nossa confiança para com a Igreja romana. Sejamos dóceis a todos os seus ensinamentos, a todas as suas direções. Amemo-la, veneremo-la tanto mais quanto mais ela for atacada e combatida. Rezemos pelo Soberano Pontífice e pela Igreja. (L. Dehon, OSP 3, p. 69s.).

Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a palavra:
"Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18).

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Cadeira de S. Pedro (22 Fevereiro)

VII Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares

VII Semana - Terça-feira - Tempo Comum - Anos Pares


22 de Fevereiro, 2022

Tempo Comum - Anos Pares
VII Semana - Terça-feira

Lectio

Primeira leitura: Tiago 4, 1-10

1De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? Não vêm precisamente das vossas paixões que se servem dos vossos membros para fazer a guerra? 2Cobiçais, e nada tendes? Então, matais! Roeis-vos de inveja, e nada podeis conseguir? Então, lutais e guerreais-vos! Não tendes, porque não pedis. 3Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para satisfazer os vossos prazeres. 4Almas adúlteras! Não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Portanto, quem quiser ser amigo deste mundo torna-se inimigo de Deus! 5Ou pensais que a Escritura diz em vão: O Espírito que habita em nós ama-nos com ciúme? 6No entanto, a graça que Ele dá é mais abundante, pelo que diz:Deus opõe-se aos soberbos,mas dá a sua graça aos humildes.
7Submetei-vos, portanto, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. 8Aproximai-vos de Deus e Ele aproximar-se-á de vós. Lavai as mãos, pecadores, e purificai os vossos corações, ó gente de alma dividida. 9Reconhecei a vossa miséria, lamentai-vos e chorai; que o vosso riso se converta em pranto e a vossa alegria em tristeza. 10Humilhai-vos na presença do Senhor, e Ele vos exaltará.

Se a verdadeira sabedoria, aquela que vem do alto, é pacificadora e condescendente, de onde vêm as lutas que dividem a comunidade? Vêm da sabedoria terrena. É ela que suscita na comunidade contendas, cobiças, invejas, lutas. Tiago, depois de ter tratado dos aspectos negativos que levam à divisão, penetra mais profundamente no coração daqueles que se armam em mestres da comunidade. A sua falta de correcção leva a guerras e litígios suscitados pelas paixões humanas que matam moralmente os outros. Como se pode alcançar o que se deseja, quando se pede movidos pela cobiça e pela inveja? O apóstolo chama a essas pessoas «almas adúlteras» (v. 4), porque amam as coisas mundanas e odeiam as coisas de Deus. Ora, «Deus... dá a sua graça aos humildes» (v. 8), ama os humildes, que Lhe são fiéis. Tiago parte desta afirmação para apelar à conversão dos seus ouvintes. É preciso acabar com toda a cobiça e inveja, pois cada um vale diante dos outros ou que vale diante de Deus. E só Ele exalta aqueles que Lhe obedecem.

Evangelho: Marcos 9, 30-37

Naquele tempo, 30Jesus e os discípulos, partindo dali, atravessaram a Galileia, e Ele não queria que ninguém o soubesse, 31porque ia instruindo os seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens que o hão-de matar; mas, três dias depois de ser morto, ressuscitará.» 32Mas eles não entendiam esta linguagem e tinham receio de o interrogar.
33Chegaram a Cafarnaúm e, quando estavam em casa, Jesus perguntou: «Que discutíeis pelo caminho?» 34Ficaram em silêncio porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. 35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos.» 36E, tomando um menino, colocou-o no meio deles, abraçou-o e disse-lhes: 37«Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou.»

O segundo anúncio da paixão é mais seco do que o primeiro (8, 31). Não se diz quem serão os autores da morte de Jesus. Os discípulos nem se atrevem a fazer perguntas. Talvez porque conhecem as reacções de Jesus, e a sua própria cegueira. Além disso, andavam ocupados com outros pensamentos. Sabiam que Jesus queria fundar uma comunidade e que os elementos fundadores eram eles. Preocupava-os a organização da comunidade. Até aí, não havia falta. Mas também discutiam sobre quem deles seria o primeiro nessa comunidade. Jesus admite que tem que haver um «primeiro», mas não à maneira da sociedade civil. Por isso, faz-lhes saber que será primeiro aquele que se dispuser a servir com humildade. «Servir», em sentido bíblico, é servir a Deus e, portanto, também ao próximo. Este «serviço» liberta do egoísmo, vício dominante do homem. Quem quiser ser o primeiro «há-de ser o último de todos e o servo de todos» (v. 35). Há aqui uma lição de humildade e de entrega de si na dor e no sofrimento, mas, sobretudo, no amor oblativo e desinteressado. Aquele que sabe ser o último e o servo, reconhece que tudo quanto possui lhe foi dado por Deus. Por isso, coloca-se em atitude de acolhimento: «quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou» (v. 37). É comparável a uma criança que recebe tudo e a todos com simplicidade, humildade e pobreza, e se abandona confiadamente nos braços dos pais, ou de quem dela cuida.

Meditatio

A tentação de correr aos primeiros lugares é muito antiga nas nossas comunidades cristãs, e mesmo nas comunidades de consagrados e consagradas. Por vezes, essa tentação apresenta-se de modo subtil e sob forma de bem: o interesse da comunidade, o bom êxito da sua missão, o Reino de Deus. Pode acontecer que, no começo, nem nos demos conta do engano em que o nosso egoísmo nos está a induzir. Mas, a tentação, pouco a pouco, vai sugerindo coisas cada vez mais afastadas da verdade de Cristo, que, sendo de condição divina, tomou a condição humana, fazendo-se homem, e homem pobre de bens e de poder. Como refere Paulo, tomou a condição de servo (cf. Fl 2, 5), e, como narra João, prestou serviços de servo (cf. Jo 13, 1ss). Por amor, e para servir, ocupou o último lugar, que ninguém era tentado a tirar-Lhe.
O serviço à comunidade, não pode ser um pretexto para alguém se afirmar, se impor, dar nas vistas, mas há-de ser prestado com os sentimentos de Jesus. João, ao narrar o lava-pés, revela-nos os sentimentos com que Jesus prestou esse serviço aos seus discípulos. Prestou-o por amor e com humildade: «Tendo amado os seus... começou a lavar-lhes os pés») (Jo 13, 1ss). Vivemos numa sociedade onde há muitos «serviços» organizados em favor dos cidadãos. O serviço evangélico distingue-se de qualquer outro pela motivação (o amor) e pelo modo como é prestado (com humildade). Não bastam o profissionalismo, nem o sentido de solidariedade humana, ainda que sejam importantes. O amor e a humildade tornam o serviço evangélico, imitação de Cristo.
O evangelho mostra-nos os discípulos, que seguem Jesus, mas não O compreendem, nem compreendem o sentido da sua vida. Jesus é, na verdade, o servo de Deus e dos homens. Eles falam de poder, de domínio. Quando o Mestre fala de dificuldades graves, e mesmo de morte, ainda compreendem menos. Permanecem nos seus pensamentos, que os afastam de Senhor. Por isso, Jesus lhes diz claramente: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (v. 34).
Jesus est&aa
cute; consciente da provação que O espera, e avança decidido e sereno. Procura inculcar nos discípulos o verdadeiro espírito de serviço, motivado pelo amor e praticado com humildade. As suas palavras «Fazei isto em memória de Mim» (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24-25) pronunciadas na instituição da Eucaristia são também um convite a todo o discípulo de Jesus, para que sirva como Ele serviu, para que se torne "pão partido" e "sangue derramado" por todos. Na eucaristia, como no lava-pés, Jesus oferece-se-nos um exemplo claro de como se deve servir os irmãos: depõe as "vestes" (Jo 13, 4) e, como um servo, lava os pés aos discípulos. Pedro tenta impedir o Senhor de fazer tal serviço (Cf. Jo 13, 6). Mas Jesus diz-lhe: «O que eu faço, tu não podes entendê-lo agora, mas hás-de sabê-lo depois» (Jo 13, 7).
O Lava-pés preanuncia a morte de Jesus, o dom de toda a sua vida pelos homens: uma verdadeira "diaconia" ou serviço da vida, uma vida que se torna "pão partido pelo mundo". Tal como foi a vida do Mestre, assim deve ser a vida de discípulos. Depois da descida do Espírito Santo, Pedro compreende a lição e escreve na sua primeira carta: «Cada um de vós viva segundo a graça (carisma) que recebeu, pondo-a ao serviço (diaconia) dos outros» (1 Pe 4, 10). Os carismas são para o serviço (Cf. 1 Cor 12, 7; Ef 4, 12). Daqui se compreende o espírito de serviço, que deve caracterizar todo o discípulo do Senhor, que não age por sede de lucro ou por orgulho, mas unicamente animado pela oblação de amor: «Jesus... tendo amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim» (Jo 13, 1). O verdadeiro serviço, é imitação de Jesus que amou «não só com palavras e com língua, mas com obras e em verdade» (1 Jo 3, 18; Cst n. 18).

Oratio

Ó Jesus, na provação, Te tornaste sacerdote misericordioso. Ajuda-me a acolher as minhas próprias provações como momentos de educação salutar, e como motivos de alegria, porque me unem a Ti. Ajuda-me a acolher e a entender as palavras de Pedro: «exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar aflitos por diversas provações» (1 Pe 1, 6), bem como as de Paulo: «Estou cheio de consolação e transbordo de alegria no meio de todas as nossas tribulações» (2 Cor 7, 4). Que jamais me desoriente nas dificuldades e que, fixando o olhar em Ti, encontre, para elas, uma saída inspirada no teu amor por mim e no meu amor por Ti. Amen.

Contemplatio

Os apóstolos tinham acabado de ter uma discussão entre eles relativamente às honras que esperavam no novo reino, que julgavam dever ser temporal. Nosso Senhor repreende-os: Deixai, diz-lhes, estas vãs pretensões aos grandes do mundo. Esses gostam dos títulos de honra. Entre vós, que o primeiro se torne o servidor dos outros.
Depois o bom Mestre quis apoiar este ensinamento com uma lição concreta: Quem é maior, diz-lhes, aquele que é servido, ou o que serve? É o que é servido. Ora bem! Vede, eu faço-me vosso servidor. E tomou uma bacia, como um escravo, e deitou-lhe água, e lavou-lhes os pés. Que lição de humildade!
«Vós chamais-me Mestre e Senhor, diz-lhes, e dizeis bem, porque o sou. Então, se vos lavei os pés, se me humilhei até desempenhar a vosso respeito o ofício de um escravo, Eu que sou vosso Senhor e vosso Mestre, também vós deveis então lavar os pés uns aos outros, isto é, deveis prestar-vos os serviços mais humildes...».
Não queria com isto excluir a hierarquia, porque acrescentava: «Como meu Pai me preparou um trono, também vos preparei o vosso; e tu Pedro, rezei para que a tua fé não desfaleça e tu hás-de confirmar os teus irmãos» (Lc 22,32).
«Sereis apóstolos, deveis mesmo assim ser humildes, porque Eu, que sou vosso Mestre, faço acto de humildade. O apóstolo não é maior do que aquele que o enviou» (Jo 13,16).
Quais são as minhas disposições de humildade? Sou verdadeiramente o servidor dos meus irmãos pela minha caridade e pelo meu zelo? (Leão Dehon, OSP 3, p. 266s.)

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Se alguém quiser ser o primeiro, faça-se servo de todos.»(cf. Mc 9, 35).

| Fernando Fonseca, scj |

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