09º Domingo do Tempo Comum – Ano C

ANO C
9.º DOMINGO DO TEMPO COMUMTEMA

A liturgia deste domingo dá-nos conta da expansão da fé, não mais confinada ao território histórico de Israel. Este tema está bem presente no convite do refrão do Salmo, a anunciar o Evangelho em todo o mundo.
Na primeira leitura, Salomão invoca o Senhor, pedindo que escute as orações que os estrangeiros lhe dirigirem no Templo de Jerusalém, de modo que o Senhor seja conhecido para lá das fronteiras de Israel e todos os povos possam prestar culto ao Deus de Israel.
Na segunda leitura, Paulo apresenta-se como guardião do verdadeiro Evangelho de Cristo que é anunciado também aos pagãos, reclamando a falsidade de qualquer outra mensagem que negue que a salvação de Deus vem pela fé em Jesus Cristo, de quem ele recebeu o Evangelho que agora transmite.
O Evangelho mostra-nos a grande fé de um estrangeiro, um oficial romano, que coloca toda a sua confiança na misericórdia de Jesus e na sua Palavra, enquanto pede a cura de um seu servo. Jesus acede à sua súplica e mostra admiração pela grande fé deste homem estrangeiro.

LEITURA I – 1 Reis 8, 41-43

Leitura do Primeiro Livro dos Reis

Naqueles dias,
Salomão fez no templo a seguinte oração:
«Quando um estrangeiro,
embora não pertença ao vosso povo, Israel,
vier aqui dum país distante por causa do vosso nome
– pois ouvirão falar do vosso grande nome,
da vossa mão poderosa e do vosso braço estendido -,
quando vier orar neste templo,
escutai-o do alto do Céu, onde habitais,
e atendei os seus pedidos,
a fim de que todos os povos da terra
conheçam o vosso nome
e Vos temam como o vosso povo, Israel,
e saibam que o vosso nome é invocado
neste templo que eu edifiquei».

AMBIENTE

Os livros dos Reis (1-2Rs) continuam a narrativa da história da monarquia em Israel, que tinha começado já em 1Sam 11,12-15, com o reconhecimento do reinado de Saul sobre Israel. Com David, segundo rei de Israel, viria a conquistar-se Jerusalém e aí estabelecer a capital do reino que passa a englobar os territórios das várias tribos do Norte e do Sul num só reino. 1Rs 3-11 são capítulos que descrevem a sabedoria e a excelência de Salomão, bem como esplendor das suas construções, sobretudo do templo, sonhado por David, mas concretizado apenas no reino do filho Salomão (cf. 1Rs 6; 1Sm 7,1-16).
O texto da primeira leitura de hoje é um excerto da grande oração de Salomão (1Rs 8,23-53), que por sua vez se insere no contexto da festa da dedicação do templo de Jerusalém, acabado de construir, em que Salomão, além de rei, exerce funções sacerdotais, proferindo orações de louvor diante do Senhor, abençoando o povo e oferecendo sacrifícios diante do altar do Senhor.
A grande oração que Salomão profere no templo (1Rs 8,23-53), voltado para o povo e de mãos levantas ao céu tem uma estrutura típica de um salmo, começando por invocar a fidelidade de Deus ao rei David e à nação (vv. 23-24), suplicando a continuidade dessa fidelidade (vv. 25-27) e o favor de Deus (vv. 28-30). A oração prossegue estabelecendo uma relação entre o céu, morada de Deus, e o templo, de construção humana, dando sete exemplos de oração de súplica e da resolução que o povo espera do seu Deus a essas orações de súplica (vv. 31-53). O texto da primeira leitura é o quinto desses exemplos e é uma digressão sobre a oração do estrangeiro que não pertence ao povo.

MENSAGEM

Este pedaço da oração de Salomão é basicamente um pedido a Deus para que escute a oração que um estrangeiro Lhe dirigir no Templo que se está a dedicar (v. 43a). Antes de mais, este trecho da oração ajuda a esclarecer o significado do Templo para Salomão e para a teologia de Israel: o Templo é o lugar onde se invoca a Deus (v. 41), mas não a morada de Deus que é nos céus (v. 43a).
A este respeito será interessante notar alguns elementos que estão subjacentes a esta formulação. Antes de mais, a oração fornece-nos os motivos que terão levado o estrangeiro a ir rezar ao Templo de Jerusalém: depois de ter ouvido falar dos grandes feitos maravilhosos de Deus em favor do povo de Israel, o estrangeiro sentirá desejo de invocar o Deus de Israel (v. 42).
Poderá estranhar-se que os israelitas em guerra com os povos estrangeiros, com uma configuração patriótica exclusivista, peçam ao Senhor que escute a oração dos estrangeiros. Todavia, pode facilmente identificar-se uma motivação de expansão missionária da religião javista: na medida em que as orações dos estrangeiros forem atendidas no Templo de Jerusalém, o templo e, sobretudo, o Senhor, Deus de Israel, que nele se invoca serão famosos e hão de ser temidos também na terra do estrangeiro (v. 43b).
Note-se, portanto, uma abertura da religião de Israel ao estrangeiro, na medida em que reconhece, por um lado, que este último poderá vir ao Templo de Jerusalém por causa do nome do Senhor, ou seja, por reconhecer a presença do Senhor no Templo (v. 41) e, por outro lado, que o nome do Senhor, Deus de Israel, poderá ser temido, adorado na terra do estrangeiro (v. 43).

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 116 (117), 1.2

Refrão:  Ide por todo o mundo,
anunciai a boa nova.
Ou:         Aleluia.

Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos.

firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre.

LEITURA II – Gal 1, 1-2.6-10

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Gálatas

Irmãos:
Paulo, apóstolo,
não da parte dos homens, nem por intermédio de um homem,
mas por mandato de Jesus Cristo
e de Deus Pai, que O ressuscitou dos mortos,
e todos os irmãos que estão comigo,
às Igrejas da Galácia:
Surpreende-me que tão depressa tenhais abandonado
Aquele que vos chamou pela graça de Cristo,< /b>
para passar a outro evangelho.
Não que haja outro evangelho;
mas há pessoas que vos perturbam
e pretendem mudar o Evangelho de Cristo.
Mas se alguém
– ainda que fosse eu próprio ou um Anjo do Céu –
vos anunciar um evangelho diferente
daquele que nós vos anunciamos,
seja anátema.
Como já vo-lo dissemos, volto a dizê-lo:
Se alguém vos anunciar um evangelho diferente
daquele que recebestes,
seja anátema.
Estarei eu agora a captar o favor dos homens
ou o de Deus?
Acaso procuro agradar aos homens?
Se eu ainda pretendesse agradar aos homens,
não seria servo de Cristo.

AMBIENTE

As comunidades cristãs da Galácia (centro da Ásia Menor) conheceram, pelos anos 56/57, um ambiente de alguma instabilidade. A culpa era de certos pregadores cristãos de origem judaica que, chegados à zona, procuravam impor aos gálatas a prática da Lei de Moisés (cf. Gal 3,2; 4,21; 5,4) e, em particular, a circuncisão (cf. Gal 2,3-4; 5,2; 6,12). São, ainda, esses “judaizantes” que, nas primeiras décadas do cristianismo, tanta confusão trouxeram às comunidades cristãs de origem pagã.
Paulo não está disposto a pactuar com estas exigências. Para ele, esta questão não é secundária, mas algo que toca no essencial da fé: se as obras da Lei são fundamentais, é porque Cristo, por si só, não pode salvar. Isto será verdadeiro? Quanto a esta questão, Paulo tem ideias claras: Cristo basta; a Lei de Moisés não é importante para a salvação.
É neste ambiente que Paulo escreve aos Gálatas. Diz-lhes que os ritos judaizantes apenas os prenderão numa escravatura da qual Cristo já os tinha libertado. O tom geral da carta é firme e veemente: era o essencial da fé que estava em causa.
Começa-se hoje a leitura da Carta aos Gálatas. Depois de uma breve saudação epistolar, em que Paulo se apresenta (cf. Gal 1,1-2), Paulo continuará a expor aquele a situação e o problema fundamental (cf. Gal 1,6-10) que o levará a discorrer sobre a relação entre a fé e as obras da Lei e que serão motivo da nossa reflexão nos próximos domingos.

MENSAGEM

Na saudação epistolar (vv. 1-2), além de dar conta dos destinatários da sua carta – “às Igrejas da Galácia” -, Paulo apresenta-se como “apóstolo por mandato de Jesus Cristo e de Deus Pai, que O ressuscitou dos mortos”, rejeitando a possibilidade de uma apostolado meramente humano. Desta forma, Paulo está a antecipar a sua tese exposta em Gal 1,11-12: tal como o seu mandato de apóstolo, também o “seu” Evangelho não é de origem humana, mas divina, de Jesus Cristo, por revelação divina. É, por isso, importante esta caracterização da sua missão de apóstolo que lhe garantirá o caráter inviolável da mensagem do “seu” evangelho. Ainda nesta breve saudação, Paulo demonstra que não está sozinho, mesmo se tem opositores, como se notará no corpo desta carta: de forma inteligente, Paulo apresenta a saudação de todos os irmãos que estão com ele, ou seja, de todos os que aceitam e defendem o carácter inviolável do “seu” Evangelho.
A leitura continua com uma expressão de surpresa de Paulo (v. 6), dirigindo-se aos Gálatas, mas tendo em vista sobretudo aqueles que perturbaram a fé desta comunidade, aqueles “que pretendem mudar o Evangelho de Cristo” (v. 7). Ao falar de um “outro evangelho”, como se fosse possível haver mais que um, o apóstolo deixa claro que há um único Evangelho, o de Cristo, e que corresponde ao conteúdo do seu anúncio e do “seu” Evangelho (v. 7). Vai mais longe e declara anátema – ou seja, fora da comunhão da fé – quem anunciar um evangelho diferente do “seu” (v. 8-9): a Carta deixa de ter assim carácter apologético, de defesa de Paulo, para tomar um carácter de direito divino, tal como o Evangelho de Paulo provém de revelação divina.
O texto termina com perguntas retóricas e uma afirmação de Paulo: demonstra que procura agradar a Deus e não aos homens, o que decorre de ser servo de Cristo (v. 10). O apóstolo demonstra assim o seu carácter irreprovável e a ortodoxia da sua fé e do seu anúncio. Mostrando que é a Deus que procura agradar, Paulo tenta indiretamente agradar aos seus próprios opositores que reprovariam imediatamente alguém que tentasse agradar mais aos homens que a Deus.

ALELUIA – Jo 3, 16

Aleluia. Aleluia.

Deus amou tanto o mundo
que lhe deu o seu Filho unigénito;
quem acredita n’Ele tem a vida eterna.

EVANGELHO – Lc 7, 1-10

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
quando Jesus acabou de falar ao povo,
entrou em Cafarnaum.
Um centurião tinha um servo a quem estimava muito
e que estava doente, quase a morrer.
Tendo ouvido falar de Jesus,
enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus
para Lhe pedir que fosse salvar aquele servo.
Quando chegaram à presença de Jesus,
os anciãos suplicaram-Lhe insistentemente:
«Ele é digno de que lho concedas,
pois estima a nossa gente
e foi ele que nos construiu a sinagoga».
Jesus acompanhou-os.
Já não estava longe da casa,
quando o centurião Lhe mandou dizer por uns amigos:
«Não Te incomodes, Senhor,
pois não mereço que entres em minha casa,
nem me julguei digno de ir ter contigo.
Mas diz uma palavra e o meu servo será curado.
Porque também eu, que sou um subalterno,
tenho soldados sob as minhas ordens.
Digo a um: ‘Vai’ e ele vai,
e a outro: ‘Vem’ e ele vem,
e ao meu servo: ‘Faz isto’ e ele faz».
Ao ouvir estas palavras,
Jesus sentiu admiração por ele
e, voltando-se para a multidão que O seguia, exclamou:
«Digo-vos que nem mesmo em Israel
encontrei tão grande fé».
Ao regressarem a casa,
os enviados encontraram o servo de perfeita saúde.

AMBIENTE

O texto situa-nos na primeira parte do Evangelho segundo Lucas. Convém recordar que esta primeira parte se desenrola na Galileia, sobretudo à volta do Lago de Tiberíades. Durante essa fase, Jesus aparece a concretizar o seu programa: trazer aos homens – sobretudo aos pobres e marginalizados – a liberdade e a salvação de Deus. Toda esta primeira parte é, aliás, dominada pelo anúncio programático da sinagoga de Nazaré, onde Jesus define a sua missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e mandar em liberdade os oprimidos” (cf. Lc 4,16-30). Citando os exemplos de Elias com a viúva de Sarepta e de Eliseu com o sírio Naamã, Jesus já tinha aí deixado claro que Deus tinha tido atenção aos estrangeiros na história de Israel. O nosso texto de hoje coloca-nos diante de uma situação em que Jesus exaltará a fé de um estrangeiro, um centurião romano, mostrando a sua misericórdia para com este homem com um alto cargo, mas com a capacidade de se abaixar, entrando na lógica do Evangelho de Jesus: os últimos serão os primeiros. Lucas entra assim na discussão teológica sobre o acesso dos pagãos à salvação anunciada a Israel, que será fundamental para a segunda parte da sua obra, nos Atos dos Apóstolos, onde um outro oficial romano, Cornélio, fará despoletar a discussão entre a comunidade cristã nascente sobre qual o estatuto dos pagãos que abraçam o Evangelho no contexto da Igreja.

MENSAGEM

O episódio da cura do servo do centurião romano centra-se no valor da fé deste homem que é um pagão, apesar de se ter mostrado favorável aos judeus e de lhes ter construído a sinagoga, conforme as palavras dos mensageiros judeus em Lc 7,4. É verdade que esta é uma história de uma cura, conforme é dado pela situação inicial em Lc 7,2 – “um servo que estava doente, quase a morrer” – e no resultado final, em Lc 7,10 – “os enviados encontraram o servo de perfeita saúde”. No entanto, o grande objetivo do texto é a exaltação da grande fé de um pagão, a ponto de Jesus reconhecer: “Nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé” (Lc 7,9). De facto, grande parte do texto centra-se a contar os procedimentos não da cura, mas da súplica do centurião romano: (1) manda mensageiros judeus e pede que Jesus venha a casa (cf. Lc 7,3); (2) mostra-se a insistência dos mensageiros judeus, exaltando as características deste oficial pagão (cf. Lc 7,4-5); (3) apesar de Jesus ter acedido ao pedido dos primeiros mensageiros, este homem manda novos emissários, a declarar a sua indignidade e falta de mérito para que Jesus venha a sua casa (cf. Lc 7,6-8). Tudo isto resulta na declaração de Jesus sobre a fé deste homem em Lc 7,9.
Esta declaração de Jesus abre a fé aos estrangeiros que, por estatuto, não teriam outro modo para se aproximar do credo de Israel, senão convertendo-se e, consequentemente, abraçando todas as tradições israelitas. Apesar dos merecimentos deste homem, bem evidenciados pelos mensageiros dos anciãos judeus, é bem claro que ele não fazia parte da comunidade judaica oficial.
Mas este episódio de Lucas, sendo uma sucessão de súplicas, conforme já se mostrou, vem de encontro a uma caracterização da oração cristã. Notamos antes de mais que o servo que está doente não vai ao encontro de Jesus, mas é o seu patrão, o centurião, a interessar-se por ele. Por sua vez, o centurião faz-se valer de mensageiros que por ele falam a Jesus. Por outro lado, notamos que os primeiros a abeirar-se de Jesus, os anciãos dos judeus, além da insistência com que suplicam, fazem-se valer dos méritos deste homem no modo de suplicar (cf. Lc 7,5-6: “ele merece”). O texto deixa claro que Jesus não se opõe a este raciocínio, acompanhando-os (cf. Lc 7,7). Mas a admiração de Jesus pela fé do oficial romano (cf. Lc 7,9) vem da mensagem enviada pelos amigos, onde o homem se faz despir de todos os méritos: “Eu não mereço que entres em minha casa, nem me julguei digno de ir ter contigo” (Lc 7,6-7). Mais forte ainda é a súplica cheia de fé e confiança que causa admiração: “Diz uma palavra e o meu servo será curado” (Lc 7,7). Há, por assim dizer, uma progressividade da fé manifestada na oração: este oficial romano dá conta que, para realizar o seu desejo, não fazem falta méritos, nem posses ou subalternos, porque o que conta é a misericórdia de Deus, manifestada em Jesus, que é totalmente gratuita.
Este milagre de Jesus dispensa o toque e mesmo a proximidade física de Jesus. Pelas palavras do centurião, entendemos o valor da palavra de Jesus (cf. Lc 7,7), que se aliará à fé daquele que suplica, independentemente de haver méritos ou não. É bem que se note que já no relato da cura de um paralítico tinha sido a fé a impressionar Jesus e instiga-lo ao milagre (cf. Lc 5,20: “Vendo a fé daquela gente”), se bem que aí Jesus estava próximo do doente a curar. Neste caso, apesar da distância, é a palavra de Jesus, que expressa a sua grande misericórdia em favor dos que estão oprimidos por qualquer tipo de mal; e a misericórdia precisa apenas da fé do orante. A sucessão narrativa, que coloca a notícia da cura miraculosa (cf. Lc 7,10) depois de ter dado conta da admiração de Jesus pela fé do centurião (cf. Lc 7,9), é uma forma implícita de reconhecer o que será reconhecido explicitamente noutras curas, que é a fé a salvar (cf. Lc 17,19).

A LITURGIA DA PALAVRA INTERPELA-NOS HOJE

Acreditar na Palavra

Neste 9.º domingo do tempo comum, o Evangelho apresenta-nos a figura de um centurião romano que se dirige a Jesus para que salve o seu servo, que estava muito doente. É impressionante este relato em que o centurião, amigo dos judeus pois até lhes construiu a sinagoga, pede a alguns anciãos dos judeus para interceder junto de Jesus pela cura do servo a quem muito estimava. E quando Jesus se dirige para a sua casa, manda alguns amigos dizer para não entrar, pois basta-lhe a sua palavra para que aconteça a cura.
Temos aqui uma relação muito estreita e concreta entre a fé e a palavra de Jesus, que se enche de admiração pela fé deste homem a ponto de dizer que nem em Israel encontrou tão grande fé. E tudo na infinita misericórdia e compaixão de Jesus para com o servo e o seu senhor. Este centurião, homem de grande fé, para mais estrangeiro à raça de Israel e aos seus cultos, aponta-nos o sentido da nossa fé, sempre em profunda intimidade com a Palavra e na atenção dedicada a quem precisa do nosso amor.
«Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo&
raquo;: são as palavras do centurião que dizemos antes de comungarmos em cada Eucaristia que celebramos. É profundamente eucarístico este encontro entre o centurião que acredita sem mais em Jesus, sem o ver, e a palavra de Jesus, proclamada também sem ver o centurião. A Eucaristia, celebrada, adora e quotidianamente vivida, não é mais do que um encontro como este.
Às vezes pergunto-me se nós, cristãos de hoje, que andamos enfarinhados nas coisas de Deus, nas liturgias bem aprumadas e em longas orações, assumimos a causa de Deus na liturgia quotidiana da nossa vida. Pergunto-me se basta a Palavra para a fé, ou ainda procuramos outros sinais que podem parecer importantes mas não essenciais. Pergunto-me se andamos no único Evangelho que conta, o de Jesus Cristo, ou navegamos noutros evangelhos; assim nos provoca Paulo na segunda leitura. Pergunto-me se habitamos e conhecemos o nome de Deus e lhe oramos com plena escuta do nosso ser ou entretemo-nos com outros nomes e repetidas orações que apenas passam pelo ouvido; assim nos interpela a primeira leitura.
Toda a liturgia deste domingo nos coloca nesta centralidade em Jesus que a todos se dá, sem exceção e sem olhar a quem, exigindo a adesão plena à sua Pessoa a quem o quiser seguir como discípulo missionário. Uma adesão de fé centrada no amor misericordioso de Deus em Jesus Cristo, que há três dias celebrámos na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo e que na próxima semana vamos intensamente viver na Solenidade do Sagrado Coração.

A PALAVRA meditada ao longo da semanA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 9.º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa… Aproveitar, sobretudo, a semana para viver em pleno a Palavra de Deus.

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