14º Domingo Comum – Carga leve

A seara é grande mas os trabalhadores são poucos. Porquê? Os trabalhadores são poucos porque a seara é grande? Não! Talvez seja porque nem todos estão dispostos a trabalhar nestas condições: como ovelhas entre os lobos, num total desprendimento, sem bolsa, nem alforge, nem sandálias… e sem demoras. Estas exigências do trabalho serão muito pesadas ou essa bagagem toda seria ainda mais incomodativa e pesada? E desculpamo-nos dizendo que se a vida dos servidores do Evangelho fosse menos exigente haveria mais vocações ou se os padres pudessem casar haveria mais candidatos.
Não é bem assim porque a sabedoria popular diz que quem corre por gosto não cansa. (Por coincidência escapou-se-me uma letra nesta última palavra e em vez de ‘cansa’ apareceu ‘casa’. Pois é, quem responde por gosto não casa).
Lembro-me de um missionário que num descampado, já cansado de tanto andar e longe de todo o conforto alcançou, a meio da caminhada, uma miudinha de dez anos, pobre e franzina. Ela respirava com dificuldade, toda transpirada, descalça mas carregava cuidadosamente um pequenito às costas. O padre prontificou-se para ajudá-la:
– Ó pequena, queres que te ajude pois levas muito peso…
Ela sorriu:
– Isto não é um peso, é o meu irmão.
O Evangelho não é carga pesada mas amor libertador. A sua exigência não é muita, o nosso amor é que pode ser pouco.

Pe. José David Quintal Vieira, scj
davidvieira@netmadeira.com