Fundador

Assoberbado por tantas actividades, o Pe Dehon sentia-se como que atado de pés e mãos e temia perder o bem mais precioso: a união e intimidade com Nosso Senhor. Nesta situação acentua-se, forte como nunca, a aspiração antiga de abraçar a vida religiosa.

Entretanto, o Bispo de Soissons tinha-o nomeado cónego e confiava-lhe cargos de responsabilidade na diocese. Mas ele a nada se prendia. Procurava por todos os meios ao seu alcance a glória de Deus, a salvação das almas, a promoção humana e cristã das classes mais desfavorecidas. Acima de tudo, porém, queria ser todo de Deus e prestar ao Coração de Jesus um culto de amor e de reparação.

Entrar para a vida religiosa afigurava-se-lhe a única forma de garantir a realização deste ideal. Mas em que Congregação? Havia naturalmente muito por onde escolher e não lhe faltavam insistentes solicitações. Todavia, impunha-se um discernimento claro da vontade do Senhor.

A direcção da Casa Mãe das “Servas do Coração de Jesus”, em cujo carisma se revia, acentuara a sua inclinação para um Instituto particularmente dedicado ao Coração de Jesus. “Esta circunstância – escreve – preparou a orientação de toda a minha vida”. Todas as diligências para encontrar um Instituto animado por esse espírito foram baldadas. “Toda a minha atracção era para o Sagrado Coração de Jesus… Procurava e aguardava. Em 1877 não conseguia mais resistir… Não encontrei nada bem encaminhado e, por outro lado, encontrava-me demasiado preso pelas minhas obras para poder partir. Que fazer?”. Chegou , assim, a perguntar-se se a Providência não lhe pedia mais este serviço.

Com efeito, sempre atento aos sinais da vontade divina, consultadas várias pessoas prudentes e experimentadas, depois de se confidenciar com o seu Bispo, não pôde deixar de concluir que o bom Deus lhe pedia que acrescentasse uma nova responsabilidade às muitas que já tinha. Surge assim a Congregação, a que deu o nome de “Oblatos do Coração de Jesus”. Terminado o ano de noviciado, emitiu os votos religiosos a 28 de Junho de 1878. “Dei-me sem reservas ao Coração de Jesus. A minha emoção foi muito profunda. Senti que tomava a cruz às costas, entregando-me a Nosso Senhor como fundador de um novo Instituto”.

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