V Domingo da Quaresma

A oração é lugar do encontro com Deus. Mas quem é esse Deus que vem ao nosso encontro? O Evangelho e o Salmo propostos para este V Domingo da Quaresma dão-nos uma resposta fascinante: Deus é amor! É Pai amoroso que amamos não por medo da sua ira, mas pela sua bondade, sempre pronto a perdoar. Por mais profundo que possa ser o abismo em que caímos (sofrimento, solidão, dúvida, …), Deus está ao nosso lado, caminha connosco e nunca nos abandona. Deus é o Amigo fiel que ao ver-nos chorar comove-se connosco.

A relação com Deus, cultivada na oração pessoal, na comunidade e no trabalho, é a fonte central da vida de um cristão. Refere o Monge Anselm Grün que «o encontro com Deus é algo de inteiramente pessoal. Mas o caminho espiritual precisa de um contexto e de uma comunidade». Hoje há a uma tendência para uma espiritualidade pessoal, desprovida de participação comunitária. É no equilibro entre a dimensão pessoal e comunitária que o nosso caminho espiritual se fortalece e adquire bases mais sólidas. Se nos centrarmos apenas na dimensão pessoal, corremos o risco de criar uma imagem de Deus à medida das nossas necessidades. Ao invés, uma oração apenas comunitária pode ser desprovida de profundidade e tornar-se uma mera formalidade, sem sentido. Jesus dá-nos estas duas grandes certezas: o Pai do céu ouvirá a oração que fazemos no segredo do nosso coração («Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há de recompensar-te», Mt 6,6) e quando dois ou três estiverem reunidos em seu nome, Ele faz-se presente («Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles», Mt 18,19).

A vivência cristã engloba sempre a totalidade da nossa vida, na dimensão pessoal e na nossa relação com a comunidade. O cristão é uma pessoa de oração!

[Júlio Pereira]

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