Ao proclamar a frase de Jesus no Evangelho: Dai-lhes vós de comer – sempre tive a sensação de que Jesus pedia aos seus discípulos que se dessem às pessoas. O que elas precisavam não era só de pão para comer mas sobretudo de alguém que lhes falasse, lhes desse atenção, que as escutasse e acolhesse. Por isso os discípulos deviam oferecer-se às pessoas, antes de lhes servir o pão.
Ainda hoje nós teimamos em dar coisas às pessoas em vez de nos darmos. Isto vai contra aquilo que Jesus fez e continua a fazer. Sempre que celebramos a Eucaristia, no ofertório apresentamos no altar de Deus coisas: pão e vinho, frutos da terra e do nosso trabalho. Em troca recebemos não coisas mas o próprio Jesus, o Seu Corpo e Sangue. Ele não dá coisas, dá-se a si próprio.
Recordo um episódio ocorrido num grande Centro Comercial. Mãe e filho passeavam por entre a multidão. O miúdo vinha carregado de prendas. A mãe oferecera-lhe um livro, uma cassete, um jogo, um gelado etc. A certa altura mostrou-se insatisfeito, nevoso até. A mãe perguntou-lhe:
– E agora o que é que queres que eu te dê?
– Eu quero que me dês a tua mão.
E assim de mãos dadas, foram passeando felizes, indiferentes a tantas prendas e a tantas maravilhas.
Quando as pessoas se dão a si próprias, nada faltará a ninguém, porque tudo o mais virá por acréscimo.
Pe. José David Quintal Vieira, scj
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