Abertura da comunidade de Luena

13 | junho | 2010
■ Abertura da comunidade de Luena

▬ Parafraseando o poeta: Deus quis, a Igreja Local e a Congregação sonharam e a finalmente a obra nasce. A 11 de Junho, Solenidade do Coração de Jesus, fez-se a abertura canónica da Comunidade Dehoniana do Coração de Jesus, na cidade de Luena. Dela fazem parte o Pe. Jorge Alves (superior), o Pe. Maggiorino Madella e o Pe. Luiz Cláudio Casarim.
No mesmo dia em que milhares de olhares se viravam para o campeonato do mundo de futebol, que pela primeira vez se realiza em África; em que muitos participavam, em Roma, na maior concentração de sacerdotes de toda a história da humanidade, para o encerramento do Ano Sacerdotal; a Congregação acolhe esta nova comunidade dehoniana.

O primeiro dia da nova comunidade começou cedo, pelas 6h30, no salão paroquial da Sé de Luena com a celebração da eucaristia da Solenidade do Coração de Jesus presidida por D. Tirso Blanco, bispo da diocese, e concelebrada pelos três confrades da nova comunidade, pelo Pe. Jean Paul Labou, que veio representar os demais dehonianos, pelo Pe. Domingo Kussumua, pároco da Sé e pelo Pe. Jojo Kachappilly, salesiano e pároco de S. Pedro e S. Paulo. Além da comunidade paroquial, estava o Ir. David Mieiro, que está a terminar o seu estágio de vida religiosa no Luau e membros de várias congregações femininas, entre as quais as Irmãs Canossianas que há duas semanas também abriram uma comunidade em Luena. Na celebração, o Bispo da diocese fez uma reflexão sobre a espiritualidade do Coração de Jesus, apresentou a figura do Padre Dehon e dos seus ideais, que, frisou D. Tirso, serem aqueles que a sua diocese carece e com os quais gostaria que fosse enriquecida.

Com uma extensão duas vezes e meia maior que o território português, Luena é a maior diocese de Angola. Tem pouco mais de uma dezena de sacerdotes diocesanos, dos quais vários encontram-se ausentes da diocese. A comunidade dehoniana irá assumir uma das cinco quase-paróquias da cidade, Capango. Foi ainda salientado por D. Tirso que a criação de um lar vocacional – um dos objectivos da comunidade – não será concorrência à vocação diocesana, mas antes um maior despertar do sentido eclesial e sacerdotal. Para isso, conta com a nossa colaboração nos vários serviços diocesanos, sobretudo nas comissões. Agradeceu muito a disponibilidade da Congregação para aceitar mais esta presença na diocese e expressou à nova comunidade os votos de boa caminhada comunitária e pastoral.

Logo após a missa, fizemos uma visita às obras da residência que a diocese vai disponibilizar para os próximos meses. Por enquanto, nas próximas semanas, a comunidade residirá numa casa alugada.

O leste de Angola está muito marcado pela presença dos beneditinos. Foram eles os grandes evangelizadores daquela vasta área. Actualmente estão apenas 3 na diocese de Luena. Fomos visitar a missão mais antiga, Moxico Velho, que se situa a umas dezenas de quilómetros de Luena. Para lá chegar é necessário percorrer uma picada (caminho estreito na mata). Há um projecto de recuperação do santuário que ali se encontra que vai exigir muito trabalho… Foi nesta missão que encontrámos o Pe. Estêvão, beneditino, que, apesar de todas as tribulações que a guerra lhe trouxe, se mostra bastante empenhado nas suas lides pastorais. Curiosamente a igreja do Moxico Velho é a única que não sofreu danos estruturais durante a guerra, porque, como conta o Pe. Estêvão, a batina impunha algum respeito e a missão era um local de refúgio dos que mais sofriam com os ataques. Ainda hoje, dentro do terreno da missão podemos encontrar vários bairros, um cemitério e muitas histórias para contar…

Quase a terminar o dia, e em clima fraterno, rezou-se o terço. Seguiu-se um brinde, com Vinho do Porto, como não podia deixar de ser!
Fica, assim, traçado o primeiro de muitos passos que desejamos serem sempre os da vontade de Deus.

A Comunidade de Luena agradece o contributo que todos lhes têm manifestado, retribuindo com a sua oração.

» David Mieiro, scj

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