Manual Social Cristão

A Igreja não pode passar ao lado nem ficar indiferente aos problemas e dificuldades que em cada momento da história afetam a vida dos seus filhos e de todos os homens, independentemente do seu credo, da sua orientação política ou outros fatores.

Foi isso que fez o P. Dehon, que procurou identificar aquilo que no seu tempo mais impedia a construção duma sociedade mais justa e inclusiva, aquilo em que a Igreja mais falhava no desempenho da sua missão, que deveria ser de acolhimento e de proteção dos mais vulneráveis, e o que estava a contribuir para um menor empenho social do clero e dos cristãos leigos.

O Manual Social Cristão aparece como resposta a todas estas questões e como proposta para uma ação mais incisiva e comprometida da Igreja no campo social. Na aprovação da obra, o Bispo de Soissons agradece ao Padre Dehon todo o trabalho desenvolvido e toda a reflexão feita em torno das questões sociais, nomeadamente na Comissão de Estudos Sociais da Diocese de Soissons, presidida pelo nosso Fundador.

O Manual está dividido em duas grandes partes, apresentando a primeira os princípios gerais da economia social, uma análise do estado da sociedade e das diferentes respostas que diversas instituições e organizações procuram dar às questões sociais e o contributo que a Igreja pode e deve dar nessa matéria.  A segunda parte é de cariz mais prático, apresentando alguns modelos de constituição e de funcionamento de organismos e de associações que permitam aos cristãos um empenho social mais efetivo e eficaz.

Nos nove capítulos que formam a primeira parte, o Padre Dehon aborda, de facto, todas as grandes temáticas da sociedade do seu tempo. A família e o trabalho têm destaque especial na análise que o Padre Dehon apresenta. Tece duras críticas às falsas soluções que algumas organizações e movimentos apresentam, nomeadamente o socialismo e os movimentos anárquicos. Fala ainda dos perigos que podem vir da franco-maçonaria e das organizações judaicas. Apresenta a Igreja, o Estado, as organizações patronais e sindicais como atores principais na proposta dos verdadeiros remédios para os males que enfermam a sociedade.

A segunda parte é, como dizíamos, de cariz mais prático, apresentando a necessidade de promover a criação do mais variado tipo de organismos e associações capazes de promover os mais débeis e de defender os seus legítimos direitos e dignidade. Apela a uma participação ativa de todos os cristãos, a começar pelos pastores das comunidades, partindo do desafio feito pelo Papa Leão XIII para deixar as sacristias e ir ao povo. Todos devem sentir-se envolvidos e responsabilizados na missão de tornar a sociedade mais de acordo com os ideais do Evangelho.

Voltaremos ao Manual Social Cristão, para apresentar algumas das suas partes mais em pormenor, o que nos permitirá compreender como o Padre Dehon era um apóstolo verdadeiramente atento a tudo o que se passava à sua volta, não como mero observador, mas como alguém empenhado em procurar e propor soluções para os males que mais afligiam a sociedade do seu tempo, com especial atenção à classe operária e a todos os que eram vítimas de alguma espécie de exploração ou injustiça.

P. José Agostinho Sousa, scj

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