Do Evangelho segundo S. Mateus (7, 12-14)
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
“Não deis aos cães o que é santo,
nem lanceis aos porcos as vossas pérolas,
não vão eles calcá-las aos pés
e voltar-se para vos despedaçarem.
Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam
fazei-o também a eles,
pois nisto consiste a Lei e os Profetas.
Entrai pela porta estreita,
porque larga é a porta e espaçoso o caminho
que leva à perdição
e muitos são os que seguem por eles.
Como é estreita a porta e apertado o caminho
que conduz à vida
e como são poucos aqueles que os encontram!”
“Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam fazei-o também a eles”. Mateus apresenta-nos dois provébios de difícil compreensão, por várias razões: vêm logo depois de Jesus nos ter proibido julgar os outros e nos ter mandado aplicar a medida com moderação, compreensão e perdão. Lemos no Talmud: “não entregueis a um pagão as palavras da Lei” e “não coloqueis coisas santas em lugares impuros”. Mas estes provérbios não ajudam muito no nosso caso. Os sacrifícios oferecidos no templo eram chamados “santos” e as pérolas eram vistas como preciosas. As palavras “santo” e “pérolas” provavelmente indicavam a Boa Nova. Os “cães” e “porcos”, por sua vez, não eram apenas os pagãos, mas todos os que, pagãos ou não, desprezavam a Boa Nova.
Finalmente, Mateus aponta a regra de ouro: “o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles”. Encontramos este princípio noutras religiões. No judaísmo é formulado de modo negativo: “Não faças aos outros o que não queres que te façam a Ti”. É uma diferença importante. Mas a maior diferença é que Jesus eleva essa regra a princípio universal.
Olha, Senhor, pelos que apreciam as coisas santas e pelos que tratam os outros como gostam de ser tratados.
Pensamento do Padre Dehon
Jesus reserva as suas preferências para os corações generosos, mesmo que tenham algumas fraquezas. (ASC 203).