13º Domingo do Tempo Comum – Ano A

ANO A
13º Domingo do Tempo Comum

Tema do 13º Domingo do Tempo Comum

Nas leituras deste 13º Domingo do Tempo Comum, cruzam-se vários temas. No geral, os três textos que nos são propostos apresentam uma reflexão sobre alguns aspectos do discipulado. Fundamentalmente, diz-se quem é o discípulo (é todo aquele que, pelo baptismo, se identifica com Jesus, faz de Jesus a sua referência e O segue) e define-se a missão do discípulo (tornar presente na história e no tempo o projecto de salvação que Deus tem para os homens).
O Evangelho é uma catequese sobre o discipulado, com vários passos. Num primeiro passo, define o caminho do discípulo: o discípulo tem de ser capaz de fazer de Jesus a sua opção fundamental e seguir o seu mestre no caminho do amor e da entrega da vida. Num segundo passo, sugere que toda a comunidade é chamada a dar testemunho da Boa Nova de Jesus. No terceiro passo, promete uma recompensa àqueles que acolherem, com generosidade e amor, os missionários do “Reino”.
Na primeira leitura mostra-se como todos podem colaborar na realização do projecto salvador de Deus. De uma forma directa (Eliseu) ou de uma forma indirecta (a mulher sunamita), todos têm um papel a desempenhar para que Deus se torne presente no mundo e interpele os homens.
A segunda leitura recorda que o cristão é alguém que, pelo Baptismo, se identificou com Jesus. A partir daí, o cristão deve seguir Jesus no caminho do amor e do dom da vida e renunciar definitivamente ao pecado.

LEITURA I – 2 Re 4,8-11.14-16a

Leitura do Segundo Livro dos Reis

Certo dia, o profeta Eliseu passou por Sunam.
Vivia lá uma distinta senhora,
que o convidou com insistência a comer em sua casa.
A partir de então, sempre que por ali passava,
era em sua casa que ia tomar a refeição.
A senhora disse ao marido:
“Estou convencida de que este homem,
que passa frequentemente pela nossa casa,
é um santo homem de Deus.
Mandemos-lhe fazer no terraço um pequeno quarto
com paredes de tijolo,
com uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada.
Quando ele vier a nossa casa, poderá lá ficar”.
Um dia, chegou Eliseu
e recolheu-se ao quarto para descansar.
Depois perguntou ao seu servo Giezi:
“Que podemos fazer por esta senhora?”
Giezi respondeu:
“Na verdade, ela não tem filhos
e o seu marido é de idade avançada”.
“Chama-a” – disse Eliseu.
O servo foi chamá-la e ela apareceu à porta.
Disse-lhe o profeta:
“No próximo ano, por esta época,
terás um filho nos braços”.

AMBIENTE

Após a morte de Salomão (932 a.C.), o Povo de Deus dividiu-se em dois reinos: Israel, a norte, e Judá, a sul. Os dois reinos viveram, a partir daqui, histórias separadas e, quase sempre, antagónicas.
O nosso texto situa-nos no reino de Israel, em meados do séc. IX a.C., durante o reinado de Jorão (853-842 a.C.). As relações económicas, políticas e culturais que Israel insiste em estabelecer com outros países da zona tornam-no vulnerável às influências religiosas estrangeiras e favorecem a entrada no país de cultos diversos. É, portanto, uma época de sincretismo e de confusão religiosa.
Eliseu é um profeta, discípulo de Elias (cf. 1 Re 19,16b.19-21) que, continuando a obra do mestre, luta contra o sincretismo religioso e procura trazer de novo os israelitas aos caminhos da fidelidade à aliança. Faz parte, segundo parece, de uma comunidade de “filhos de profetas” (“benê nebi’im” – cf. 2 Re 2,3; 4,1), isto é, de seguidores incondicionais de Jahwéh, que vivem na absoluta fidelidade aos mandamentos de Deus e não se deixam contaminar pelos valores religiosos estrangeiros. Estes “filhos de profetas” vivem pobremente (cf. 2 Re 4,1-7) e são regularmente consultados pelo Povo, que neles busca apoio face aos abusos dos poderosos.
Eliseu é chamado, com muita frequência (29 vezes), o “homem de Deus” (‘ish Elohim). O título designa um homem que é intérprete da Palavra de Jahwéh junto dos outros homens; mas a Palavra que o “homem de Deus” transmite é, sobretudo, uma Palavra poderosa, que opera maravilhas e que tem a capacidade de transformar a realidade. Os “milagres” atribuídos a Eliseu (o grande “milagreiro” do Antigo Testamento”) são a expressão viva da força de Deus, que através do profeta intervém na história e salva os pobres.
Este episódio situa-nos em Sunam, uma pequena cidade situada no sul da Galileia, não longe de Meggido, à entrada da planície de Yezre’el, em casa de uma mulher rica e sem filhos. A história da sunamita tem duas partes distintas: a descrição da hospitalidade que a mulher oferece ao profeta e que é recompensada por este com o anúncio do nascimento de um filho (cf. 2 Re 4,8-17) e a repentina doença e morte desse filho, que exigirá uma nova intervenção do profeta no sentido de devolver a vida ao menino (cf. 2 Re 8,18-37). A nossa leitura apresenta-nos apenas a primeira parte.

MENSAGEM

O episódio que a leitura nos relata descreve, portanto, a generosa hospitalidade que Eliseu encontra em casa desta mulher sunamita. A mulher não se limita a oferecer a Eliseu uma refeição, sempre que este passava por Sunam, nas suas idas e vindas ao monte Carmelo; mas manda construir, expressamente para o profeta, um quarto no terraço da sua casa e mobila-o adequadamente.
O gesto da mulher não é apenas o levar até às últimas consequências o sagrado “sacramento da hospitalidade”, tão importante para os povos do Crescente Fértil… Mas é ainda mais: é o reconhecimento de que Eliseu é um “homem de Deus”, através de quem Deus age no mundo. Ajudando Eliseu, a mulher mostra a sua adesão a Jahwéh e manifesta a sua disponibilidade para colaborar com Deus no projecto de salvação que Deus tem para o mundo e para os homens.
Em resposta à generosidade da mulher, Eliseu anuncia-lhe o nascimento de um filho. A promessa tem um valor especial, dada a quase impossibilidade de ter filhos que pesa sobre o casal, devido à avançada idade do marido.
A história procura ensinar que colaborar com Deus na realização do plano de salvação/libertação que ele tem para os homens é uma fonte de vida e de bênção. Deus não deixa de recompensar todos aqueles que com ele colaboram.

ACTUALIZAÇÃO

Considerar, na reflexão, os seguintes desenvolvimentos:

• Antes de mais, o texto sugere que o projecto de salvação que Deus tem para os homens e para o mundo envolve toda a gente e é uma responsabilidade que a todos compromete. Uns são chamados a estar mais na “linha da frente” e a desenvolver uma acção mais exclusiva e mais exposta; outros são chamados a desenvolver uma acção menos exclusiva e mais discreta, mas nem por isso menos importante. Mas uns e outros t&ecir
c;m de sentir a responsabilidade de colaborar com Deus. Estou consciente disso? Empenho-me verdadeiramente em descobrir o papel que Deus me confia no seu projecto e em cumpri-lo com generosidade?

• Numa altura em que a Europa se tornou uma espécie de condomínio fechado, do qual é excluída essa imensa multidão de pobres sem futuro e sem esperança, que mendigam a possibilidade de construir um futuro sem miséria, este episódio convida-nos a reflectir sobre o sentido da hospitalidade e do acolhimento. É evidente para todos que não temos os recursos suficientes para acolher, de forma indiscriminada, todos aqueles que batem à nossa porta; mas a política que o nosso mundo segue em relação aos imigrantes não esconderá também uma boa dose de egoísmo e de falta de vontade de partilhar? Como nos situamos face a isto?

• A nossa leitura deixa também claro que o dar não nos despoja, nem nos faz perder seja o que for. O dar é sempre uma fonte de vida e de bênção. A dádiva não deve, no entanto, ser interesseira, mas desinteressada e gratuita.

• Há pessoas que são chamadas por Deus a deixar a terra, a família, os pontos de referência culturais e sociais, a fim de dedicar a sua vida ao anúncio da Palavra. Não são super-homens ou super-mulheres, mas são homens e mulheres como quaisquer outros, com as mesmas necessidades de afecto, de apoio, de solidariedade, de compreensão. É nossa responsabilidade ajudá-los, não apenas com meios materiais, mas também com compreensão, com solidariedade, com amor.

SALMO RESPONSORIAL – Salmo 89 (89)

Refrão 1: Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor.

Refrão 2: Eu canto para sempre a bondade do Senhor.

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes: “A bondade está estabelecida para sempre”,
no céu permanece firme a vossa fidelidade.

Feliz do povo que sabe aclamar-Vos
e caminha, Senhor, à luz do vosso rosto.
Todos os dias aclama o vosso nome
e se gloria com a vossa justiça.

Vós sois a sua força,
com o vosso favor se exalta a nossa valentia.
Do Senhor é o nosso escudo
e do Santo de Israel o nosso rei.

LEITURA II – Rom 6,3-4. 8-11

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos:
Todos nós que fomos baptizados em Jesus Cristo
fomos baptizados na sua morte.
Fomos sepultados com Ele na sua morte,
para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos,
para glória do Pai,
também nós vivamos uma vida nova.
Se morremos com Cristo,
acreditamos que também com Ele viveremos,
sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos,
Cristo já não pode morrer;
a morte já não tem domínio sobre Ele.
Porque na morte que sofreu,
Cristo morreu para o pecado de uma vez para sempre;
mas a sua vida, é uma vida para Deus.
Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado
e vivos para Deus, em Cristo Jesus.

AMBIENTE

Continuamos a explorar essa carta aos romanos, na qual Paulo propõe a todos os crentes – judeus e não judeus – o essencial da mensagem cristã… Fundamentalmente, Paulo está interessado em sugerir aos crentes (divididos pela discussão acerca do caminho mais correcto para “conquistar” a salvação) que a salvação é sempre um dom de Deus e não uma conquista do homem. Apesar do pecado dos homens (cf. Rom 1,18-3,20), Deus a todos justifica e salva de forma gratuita e incondicional (cf. Rom 3,1-5,11). Essa salvação é oferecida aos homens através de Jesus Cristo.
O texto que nos é proposto faz parte desse bloco em que Paulo descreve como é que a vida de Deus se comunica aos homens através de Jesus Cristo (cf. Rom 5,12-8,39). De acordo com a perspectiva de Paulo, Cristo – ao contrário de Adão, o homem do orgulho e da auto-suficiência – escolheu viver na obediência a Deus e aos seus planos; e foi a obediência de Cristo – isto é, o seu cumprimento incondicional da vontade do Pai – que fez chegar a todos os homens a graça da salvação (cf. Rom 5,12-20).
Isso significará, então, que pecar ou não pecar é indiferente, pois a obediência de Cristo a todos salva, de forma incondicional? O cristão pode pecar tranquilamente (cf. Rom 6,1-2), porque a graça da salvação oferecida por Cristo irá sempre derramar-se sobre o pecador?

MENSAGEM

Ao ser baptizado (isto é, ao aderir a Cristo e ao aceitar a oferta de salvação que Cristo faz), o cristão renuncia ao egoísmo e ao pecado, a fim de viver numa dinâmica de vida nova. O pecado passa a ser algo absolutamente incoerente e absurdo pois, pelo baptismo, o cristão enxertou-se em Cristo, isto é, passou a receber de Cristo a vida que o anima e alimenta.
Como é que foi a vida que Cristo viveu? A vida de Cristo foi marcada pelo egoísmo, pelo orgulho, pela auto-suficiência? Não. A vida de Cristo foi vivida no amor, na partilha, no dom total de si a Deus e aos homens. Cristo “matou” o pecado, ao viver uma vida segundo Deus. A cruz, sobretudo como expressão última de uma vida totalmente liberta do egoísmo e feita dom radical, é o “golpe final” no pecado (que é egoísmo, que é auto-suficiência, que é fechamento em si próprio). A ressurreição mostra essa vida nova que brota de um “não” decidido ao egoísmo e ao pecado.
Ora os cristãos, pelo Baptismo, são “enxertados” em Cristo. Quer dizer: entram a fazer parte do Corpo de Cristo e passam a receber de Cristo a vida que os alimenta. Se neles circula a mesma vida de Cristo, o pecado já não tem aí lugar: só tem aí lugar essa vida de dom, de amor, de entrega, de serviço que conduz à ressurreição, à vida definitiva. Ser baptizado é “sepultar o pecado” e ressuscitar para uma dinâmica de vida nova, de onde o pecado está – tem de estar – ausente.

ACTUALIZAÇÃO

Para a reflexão, considerar os seguintes elementos:

• Nesta leitura sugere-se, antes de mais, que o cristão é aquele que se identifica com Cristo. Enxertado em Cristo pelo Baptismo, o cristão faz de Cristo a sua referência e segue-O incondicionalmente, renunciando ao pecado e escolhendo o amor e o dom da vida. Ora, todos os discípulos estão conscientes que ser cristão passa por aqui; mas, dia a dia, são desafiados por outras referências, por outros valores, por outros modelos de vida… Qual é o modelo e a referência fundamental à volta da qual a minha vida se ordena e se constrói?

• Em termos concretos, o que é que implica a nossa adesão a Cristo? Paulo responde: significa morrer para o pecado e viver para Deus. O que é que significa “pecar”? Significa fechar-se no próprio egoísmo e recusar Deus e os outros. “Pecar” é recusar a comunhão com Deus e ignorar conscientemente as suas proposta
s; é recusar fazer da vida um dom, um serviço, uma partilha de amor com os irmãos… Os homens do nosso tempo acham que falar de “pecado” não faz sentido e que o discurso sobre o pecado é um discurso antiquado, repressivo, alienante. No entanto, o “pecado” existe: é o egoísmo que gera injustiça e exploração; é o orgulho que gera conflito e divisão; é a vingança que gera violência e morte. O que se pede ao discípulo de Jesus é que renuncie a esta realidade e oriente a sua vida de acordo com outros critérios – os critérios e os valores de Jesus.

ALELUIA – 1 Pedro 2,9

Aleluia. Aleluia.

Vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa,
para anunciar os louvores de Deus,
que vos chamou das trevas à sua luz admirável.

EVANGELHO – Mt 10,37-42

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos:
“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim,
não é digno de Mim;
e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim,
não é digno de Mim.
Quem não toma a sua cruz para Me seguir,
não é digno de Mim.
Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la;
e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la.
Quem vos recebe, a Mim recebe;
e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou.
Quem recebe um profeta por ele ser profeta,
receberá a recompensa de profeta;
e quem recebe um justo por ele ser justo,
receberá a recompensa de justo.
E se alguém der de beber,
nem que seja um copo de água fresca,
a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo,
em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa”.

AMBIENTE

O Evangelho deste domingo apresenta-nos a parte final de um discurso atribuído a Jesus e que teria sido pronunciado pouco antes do envio dos discípulos em missão (é chamado, por isso, o “discurso da missão”). Mais do que um discurso histórico, que Jesus pronunciou de uma única vez e num único lugar, é uma catequese que Mateus compôs a partir de diversos materiais (o autor combina aqui relatos de envio, “ditos” de Jesus acerca dos “doze” e várias outras “sentenças” que, originalmente, tinham um outro contexto).
Qual o objectivo de Mateus, ao compor este texto e ao pô-lo na boca de Jesus?
Estamos na década de 80. Mateus escreve para uma comunidade onde a tradição missionária estava bem enraizada (a comunidade cristã de Antioquia da Síria?). No entanto, as condições políticas do final do séc. I (reinado de Domiciano e hostilidade crescente do império em relação ao cristianismo) trazem a comunidade confusa e desorientada. Vale a pena “remar contra a maré”? Não é um risco imprudente continuar a anunciar Jesus? Vale a pena arriscar tudo por causa do Evangelho, quando as condições são tão desfavoráveis?
Mateus compõe então uma espécie de “manual do missionário cristão”, destinado a revitalizar a opção missionária da sua comunidade. Nele sugere que a missão dos discípulos é anunciar Jesus e continuar a percorrer o caminho de Jesus – mesmo que esse caminho leve ao dom total da vida. Apresenta, nesse sentido, um conjunto de valores e atitudes que devem orientar a acção dos missionários cristãos.

MENSAGEM

O nosso texto pode dividir-se em duas partes. Na primeira parte (vers. 37-39), Mateus apresenta um conjunto de exigências radicais para quem quer seguir Jesus; na segunda parte (vers. 40-42), Mateus sugere que toda a comunidade deve anunciar Jesus e põe na boca de Jesus o anúncio de uma recompensa, destinada àqueles que acolherem os mensageiros do Evangelho.
O seguimento de Jesus não é um caminho fácil e consensual, ladeado por aplausos e encorajamentos. Mas é um caminho radical, que obriga, muitas vezes, a rupturas e a opções exigentes. Quando se trata de escolher entre Jesus e outros valores, qual deve ser a opção do cristão?
Mateus não admite “meias-tintas”: a primeira lealdade deve ser sempre com Jesus. Se a alternativa for escolher entre Jesus e a própria família (vers. 37), a escolha do discípulo deve recair sempre em Jesus (recorde-se que, então, a família era a estrutura social que dava sentido à vida dos indivíduos; a ruptura com a família era uma medida extrema, que supunha um desenraizamento social quase completo). O discípulo tem necessariamente que cortar relações com a própria família para seguir Jesus? Não. No entanto, não pode deixar que a família ou os afectos o impeçam de responder, com coerência e radicalidade, ao desafio do “Reino”.
Se a alternativa for escolher entre Jesus e as próprias seguranças (vers. 38), a escolha do discípulo deve ser tomar a cruz e seguir Jesus (o fazer da vida um dom total a Deus e aos homens, significa o rompimento com todos os esquemas que, na perspectiva dos homens, dão comodidade, bem estar, realização, felicidade, êxito).
De resto, escolher Jesus e segui-l’O até à cruz não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de vida. Na verdade, quando o homem está muito preocupado em proteger os seus esquemas de seguranças humanas e se fecha no seu egoísmo e na sua auto-suficiência, acaba por perder a vida verdadeira; mas, quando o homem aceita viver na obediência aos projectos de Deus e fazer da sua vida um dom de amor aos irmãos, encontra a vida definitiva (vers. 39).
Na segunda parte do nosso texto, Mateus refere-se à recompensa destinada àqueles que acolhem os mensageiros da Boa Nova de Jesus.
Mateus refere-se a quatro grupos de pessoas, que integram a comunidade cristã e que têm a responsabilidade do testemunho: os apóstolos (vers. 40), os profetas (vers. 41a), os justos (vers. 41b) e os pequenos (vers. 42). Todos eles têm por missão anunciar a Boa Nova de Jesus. Os apóstolos – os que acompanharam sempre Jesus – são as testemunhas primordiais de Jesus, pois diz-se deles que quem os recebe, recebe Jesus. Os profetas são aqueles pregadores itinerantes que, em nome de Deus, interpelam a comunidade e que a ajudam a ser coerente com os valores do Evangelho. Os justos são provavelmente os cristãos procedentes do judaísmo, que procuram viver, no seio da comunidade cristã, em coerência com a Lei de Moisés. Os pequenos são os discípulos que ainda não integram de forma plena a comunidade, pois estão em processo de amadurecimento da sua opção (podiam ser os catecúmenos que estão a descobrir a fé, à espera do compromisso pleno com Cristo e com a Boa Nova). De qualquer forma, todos estes grupos que formam a comunidade cristã, têm por missão anunciar o Evangelho de Jesus.
A questão é fundamentalmente esta: a tarefa de anunciar o Evangelho pertence a todos os membros da comunidade cristã; e esses “missionários&rd
quo; que testemunham a Boa Nova e que entregam a vida ao serviço do “Reino” devem ser acolhidos com entusiasmo, com generosidade e amor.

ACTUALIZAÇÃO

Na reflexão, considerar os seguintes elementos:

• Jesus não é um demagogo que faz promessas fáceis e cuja preocupação é juntar adeptos ou atrair multidões a qualquer preço. Ele veio ao nosso encontro com uma proposta de salvação e de vida plena; no entanto, essa proposta implica uma adesão séria, exigente, radical, sem “paninhos quentes” ou “meias tintas”. O caminho que Jesus propõe não é um caminho de “massas”, mas um caminho de “discípulos”: implica uma adesão incondicional ao “Reino”, à sua dinâmica, à sua lógica; e isso não é para todos, mas apenas para os discípulos que fazem, séria e conscientemente, essa opção. Como é que eu me situo face a isto? O projecto de Jesus é, para mim, uma opção radical, que eu abracei com convicção, a tempo inteiro e a “fundo perdido”, ou é um projecto em que eu “vou estando”, sem grande esforço ou compromisso, por inércia, por comodismo, por tradição?

• Dentro do quadro de exigências que Jesus apresenta aos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesus à própria família. Isso não significa, evidentemente, que devamos rejeitar os laços que nos unem àqueles que amamos… No entanto, significa que os laços afectivos, por mais sagrados que sejam, não devem afastar-nos dos valores do “Reino”? As pessoas têm mais importância, para mim, do que o “Reino”? Já me aconteceu renunciar aos valores de Jesus por causa de alguém?

• Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da vida. O que é mais importante para mim: os meus interesses, os meus valores egoístas, ou o serviço dos irmãos e o dom da vida?

• A forma exigente como Jesus põe a questão da adesão ao “Reino” e à sua dinâmica, faz-nos pensar na nossa pastoral – vocacionada para ser uma pastoral de “massas” – e na tentação que sentem os agentes da pastoral no sentido de facilitar as coisas, de não ser exigentes… Às vezes, interessa mais que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de baptizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus… O caminho cristão é um caminho de facilidade, onde cabe tudo, ou é um caminho verdadeiramente exigente, onde só cabem aqueles que aceitam a radicalidade de Jesus? A nossa pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?

• Às vezes, as pessoas procuram os ritos cristãos por tradição, por influências do meio social ou familiar, porque “a cerimónia religiosa fica bonita nas fotografias…”. Sem recusarmos nada devemos, contudo, fazê-las perceber que a opção pelo baptismo ou pelo casamento religioso é uma opção séria e exigente, que só faz sentido no quadro de um compromisso com o “Reino” e com a proposta de Jesus.

• Integrar a comunidade cristã é assumir o imperativo do testemunho. Sinto verdadeiramente que isso é algo que me diz respeito – seja qual for o lugar que eu ocupo na organização da comunidade?

• Como é que, na minha comunidade, são vistos aqueles que se dão, de forma mais plena e mais total, ao anúncio do Evangelho: são reconhecidos e apoiados, ou são injustamente criticados e vítimas de maledicência, de invejas e de ciúmes?

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O 13º DOMINGO DO TEMPO COMUM

1. A liturgia meditada ao longo da semana.
Ao longo dos dias da semana anterior ao 13º Domingo do Tempo Comum, procurar meditar a Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia, por exemplo… Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos eclesiais, numa comunidade religiosa…

2. «Quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la…»
Antes do rito penitencial, pode-se convidar a assembleia a uns momentos de silêncio. Todos são convidados a olhar para a cruz e a contemplar aquele que perdeu a sua vida para no-la dar.

3. Aspersão depois do rito penitencial.
Em ligação com a segunda leitura, pode-se fazer a aspersão com água benzida, em recordação do baptismo.

4. Oração na lectio divina.
Na meditação da Palavra de Deus (lectio divina), pode-se prolongar o acolhimento das leituras com a oração.

No final da primeira leitura:
Deus de nossos Pais, bendito sejas pela hospitalidade oferecida aos teus profetas e pela atenção que por eles concedes aos teus fiéis.
Nós Te confiamos todas as nossas preocupações de pais e de educadores, diante das dificuldades que surgem na transmissão da vida e diante das ameaças que pesam sobre o crescimento das crianças.

No final da segunda leitura:
Nós Te damos graças pela ressurreição de Jesus e pelo mistério do baptismo. Pai, nós Te bendizemos pelo teu apelo: convidas-nos a viver para Ti, na relação filial que Jesus nos manifesta.
Nós Te pedimos: livra-nos de todas as formas de morte. Que o teu Espírito renove em nós a vida sem limites que nos deste no nosso baptismo.

No final do Evangelho:
Pai, nós Te damos graças pela tua presença em todo o homem: pela vinda do teu Filho tornaste-Te homem e é a Ti que servimos quando ajudamos e amamos os outros. Faz-nos reconhecer neles.
Nós Te pedimos: aumenta em nós o espírito de acolhimento e de atenção aos outros, desperta em nós o discernimento necessário no amor aos outros.

5. Oração Eucarística.
Pode-se escolher a Oração Eucarística para as Assembleias com Crianças I, que une com simplicidade os temas das leituras.

6. Palavra para o caminho.
Escolher. Não é uma reprimenda que Jesus dá aos seus Apóstolos. É antes um convite a amá-l’O, a Ele, mais que a todos os que nos são queridos. Mas esse amor não é complacência. Escolher caminhar o mais perto possível de Cristo, é tomar com Ele o caminho da Cruz, “jogando” a nossa vida sob o registo da fé e do amor. Uma decisão em contradição directa com o espírito do mundo…

 

 

UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 – 1800-129 LISBOA – Portugal
Tel. 218540900 – Fax: 218540909
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