Cumunicado Final – Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP)

 

1. De 19 a 21 de novembro de 2012, em Fátima, reuniu-se em 15.ª Assembleia Geral, com a participação dos Superiores e Superioras Maiores de quase todos os Institutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólica, e dos Secretariados Regionais e Comissões Nacionais. Foram ainda convidados a participar no dia de formação outros membros dos Institutos.
 
2. A Assembleia teve o seu início com as palavras de abertura da Presidente da CIRP, Irmã Lucília Gaspar, que saudou os participantes e apresentou o programa para estes três dias, convidando todos ao diálogo e confronto, em atitude de perseverança e conversão.
De seguida, a Assembleia acolheu a partilha dos relatórios das seis Comissões Nacionais (Pastoral Vocacional, Formação Inicial, Justiça e Paz, Apoio às Vítimas de Tráfico de Pessoas, Revista “Vida Consagrada”, Semanas de Estudo) e dos Secretariados Regionais. Avaliou-se o caminho percorrido em conjunto e apresentaram-se as atividades do próximo ano. De salientar a vitalidade, a diversidade e a criatividade das ações, a maior parte em sentido formativo, e a participação na vida das dioceses.
Os Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG) fizeram igualmente a sua partilha nos vários setores de atividade: ANIMAG, MISSÃO PRESS, Antena Portugal e Curso de Missiologia. De destacar a elevada adesão à “Exposição Missionária” no Santuário de Fátima, que pode continuar a ser visitada em www.exposicaomissionaria.org, e a grande divulgação do guião “Outubro Missionário”.
 
3.  O segundo dia de trabalhos foi dedicado ao tema de formação proposto para esta Assembleia: “Consagrados com Cristo, peregrinos na fé, apóstolos na evangelização do mundo”.
Durante toda a manhã, D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e delegado da Conferência Episcopal Portuguesa à XIII Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre “a nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, partilhou connosco a sua experiência sinodal. Procurando reavivar a fé em contextos culturais de globalização e secularização, o Sínodo referiu-se à evangelização e seus tópicos habituais: Palavra de Deus; iniciação cristã autêntica; celebração cuidada dos sacramentos; atenção aos pobres; família como igreja doméstica e primeira experiência de vida em comunhão; comunidade cristã. Nestes contextos, D. Manuel Clemente lançou alguns desafios do Sínodo à Vida Consagrada, sobretudo no que se afirma no nº 7 da Mensagem que dirigiu ao Povo de Deus.
A nova evangelização, na senda dos grandes marcos evangelizadores ao longo da história, procura anunciar o Evangelho de sempre na indesmentível novidade das atuais circunstâncias. Os consagrados e consagradas são chamados a testemunhar com qualidade a novidade cristã na radicalidade do encontro total das suas vidas com Cristo, iluminando as realidades concretas da sociedade com o sentido definitivo da vida.
 
4. Na tarde desse mesmo dia, o Prof. Alfredo Teixeira, da Universidade Católica, ao apresentar os resultados do Inquérito promovido pela CEP em 2011-2012, sobre “Identidades religiosas em Portugal: representações, valores e práticas”, desenvolveu algumas incidências pastorais: o movimento crescente de não pertença a uma religião; as significativas diferenças regionais dos católicos, que implicam ações pastorais diversificadas; a diferenciação dos católicos por tipo de localidade; a presença do religioso no quotidiano da existência, com tendência para a privatização da identidade religiosa; a oração como sendo o comportamento religioso mais persistente e lugar fundamental de encontro; a presença da Igreja em momentos importantes da vida familiar, o que desafia a uma maior atenção concreta à pastoral da família; as posições religiosas por escalões etários, salientando-se o envelhecimento dos católicos; a procura em compreender a prática dos católicos nos vários cambiantes. Salientou ainda que estes estudos podem constituir importante contributo para a concretização dalgumas orientações no processo “Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal”.
 
5. Seguiu-se uma mesa-redonda sobre as incidências do Inquérito nalgumas áreas da Vida Religiosa em Portugal: comunicação (P. José Carlos Nunes), educação (Ir. Idalina Faneca), missão (P. Tony Neves) e ação social (Ir. Rufina Ferreira). Das intervenções podem elencar-se alguns desafios pertinentes: renovar a paixão por Cristo em entrega radical e na caridade para com todos; cuidar da dimensão espiritual nas nossas propostas; reinventar o processo de transmissão da fé, sobretudo nos contextos da cidade; fomentar a vivência de uma Igreja em permanente estado de missão; ser Igreja mais viva, mais interveniente, mais alegre e mais arejada; cuidar da oração e espiritualidade; apontar caminhos que solucionem verdadeiramente os problemas; assumir a interculturalidade, o diálogo ecuménico e o diálogo inter-religioso, como dimensões inerentes às nossas vidas consagradas; ser testemunhas credíveis, sobretudo nas situações de fronteira e nas margens; dar atenção aos nativos digitais e à prática da fé no mundo digital.
 
6. No final da apresentação temática do dia, D. Manuel Clemente ensaiou uma breve síntese final, salientando alguns desafios para a nossa presença significativa na Igreja e na sociedade: a necessidade de conhecer bem a realidade, daí a realização do referido Inquérito; a importância em densificar criativamente as comunidades cristãs e as redes eclesiais; a urgência em centrar a ação pastoral na família; a necessidade em criar “poços de Jacob”, onde buscar e oferecer água viva, face à secularização; a presença inadiável e encarnada em todas as necessidades do mundo; a criação de oásis no deserto, fazendo das igrejas e comunidades lugares de acolhimento e oração no meio da cidade; a presença, no variado mundo da comunicação, de mestres que sejam testemunhas sólidas e autênticas.
 
7. No final do dia, decorreu ainda um relevante encontro dos Secretariados Regionais com a Direção da CIRP, em que se partilharam os principais desafios, dificuldades e compromissos. Tratou-se de uma partilha com o objetivo de se promover um trabalho em rede de maior participação e colaboração nas atividades a nível local, em íntima ligação com as orientações das Igrejas locais e em sintonia com as estruturas nacionais da CIRP.
 
8. No último dia
de trabalhos, a Assembleia abordou ainda outros assuntos relacionados com a vida da CIRP: aprovação da ata da assembleia anterior; apresentação dos novos Superiores e Superioras Maiores e acontecimentos significativos da vida dos Institutos; proposta da Semana do Consagrado, de 27 de janeiro a 3 de fevereiro de 2013, sobre o tema “Peregrinos na fé, apóstolos na evangelização do mundo”; programa da Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada, de 9 a 12 de fevereiro, sobre o tema “Fé e Vida Consagrada – Renovação para a nova evangelização”; apoios a propostas e causas dos Institutos; aprovação da mudança de sede e do orçamento para 2013. Foram ainda recordadas as datas das próximas Assembleias Gerais em 2013: 29-30 de abril e 18-20 de novembro.
 
9.  Os Superiores e Superioras Maiores tomaram ainda nota das prioridades da CIRP até 2014, segundo sondagem realizada na última assembleia de maio, e partilharam iniciativas para celebrar e viver o Ano da Fé e o Cinquentenário do Concílio Vaticano II.
 
10. Finalmente, a Assembleia acolheu com muito agrado o concretizado início da página oficial da CIRP na Internet (www.cirp.pt), onde se podem encontrar temas e notícias da vida dos Institutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólica em Portugal e a descrição mais desenvolvida dos pontos enunciados neste comunicado.
 

Fátima, 21 de novembro de 2012

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