Do Evangelho segundo S. João (19, 31-35)
e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado,
– era um grande dia aquele sábado –
os judeus pediram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro,
depois ao outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto,
não Lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho,
e o seu testemunho é verdadeiro.
Ele sabe que diz a verdade,
para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz:
“Nenhum osso lhe será quebrado”.
Diz ainda outra passagem da Escritura:
“Hão-de olhar para Aquele que trespassaram”.
“Não lhe quebraram as pernas”. O livro do Deuteronómio determinava que o corpo de um criminoso executado, suspenso numa árvore, devia ser retirado antes da noite. Jesus foi crucificado a uma sexta-feira, o que agravava a situação, porque o sábado, dia festivo, não devia ser manchado com a presença de corpos mortos em lugares públicos. O pedido feito a Pilatos era, pois, razoável.
A morte dos crucificados era lenta. Quebrar-lhes as pernas acelerava a sua morte. Mas Jesus já estava morto. Então trespassaram-no com uma lança. João anota e realça o facto porque, para ele, manifesta Jesus como o cordeiro de Deus. O evangelista passa do campo histórico para o teológico. Jesus morre como verdadeiro cordeiro pascal. Por isso, o evangelista fixa a sua morte no mesmo momento em que, no Templo, eram sacrificados os cordeiros que, no dia seguinte, seriam comidos na ceia pascal.
O sangue e água que jorram do Lado aberto do Senhor são muito mais que um facto fisiológico. Eles simbolizam os grandes sacramentos da Igreja: o batismo e a eucaristia.
Senhor Jesus, eis-me aqui, para viver convosco e em Vós. Não permitais que jamais me separe de vós e vos esqueça.
Pensamento do Padre Dehon
Um dos soldados adiantou-se e abriu o lado de Jesus com uma lança. É um grande mistério da história sagrada, onde tudo é mistério e ação divina. A ferida exterior é aqui a revelação simbólica da ferida interior, a do amor. (ASC 367).