UMA BOA DOSE DE PACIÊNCIA

José Domingos, scj


São muitas as pessoas que se queixam de perder a paciência com uma facilidade espantosa. A falta de paciência – tão comum nos nossos dias – atinge a relação entre pais e filhos, avós e netos, maridos e esposas… As pessoas pacientes parecem estar em vias de extinção. Porque são cada vez mais raras, são também cada vez mais valiosas.

O dicionário diz-nos que a paciência é a capacidade de suportar contrariedades, incómodos e dificuldades com calma e tranquilidade. Uma pessoa paciente é aquela que tolera o outro com os seus erros e fraquezas. A paciência é a arte de se libertar de todas aquelas cargas emocionais desnecessárias para conservar a paz interior. Não me refiro àquele engolir sapos até um ponto em que já não se aguenta mais. Isso não é paciência!

A paciência é uma virtude da vida em comum, pois não há comunidade sem paciência. As pessoas de idade já não podem mudar muito. Por isso, sem paciência de parte a parte, os idosos não poderão viver em paz. Aqueles que vivem com eles devem estar conscientes de que já não se lhes pode exigir muito, mas também os idosos precisam de aprender a aceitar-se como são. Uma pessoa pode ter sido um exemplo de disciplina, mas, com o passar dos anos, pode ter-se tornado negligente e descuidada. Ser paciente é então a capacidade de tolerar e apoiar nas fraquezas, porque todos temos o direito de existir também com as nossas fraquezas.

O idoso precisa de ter paciência com os outros, mas isso não basta. É preciso ser paciente consigo, quando já não se consegue fazer alguma coisa à primeira tentativa. É preciso ser paciente consigo, quando já não se consegue fazer tudo tão depressa como antigamente. É preciso ser paciente consigo, quando já não se sente a segurança e a firmeza dos anos da juventude. Tem toda a razão La Fontaine quando diz que a paciência e o tempo dão mais resultado que a força e a raiva.

A paciência torna-se ainda mais luminosa, quando é acompanhada pelo bom humor. Uma pessoa idosa, consciente das suas fraquezas, mas capaz ao mesmo tempo de se rir delas, é muito mais fácil de acompanhar e cuidar. O bom humor é uma ferramenta fantástica para uma velhice feliz, porque ajuda a vencer a solidão e atrai a atenção e a admiração dos mais novos.

O avançar dos anos traz consigo a sabedoria de deixar as coisas como estão, sem as querer julgar ou mudar a todo o custo. Tolerar alguma coisa é dar a minha permissão para que essa realidade continue a ser como é. Por conseguinte, ser paciente é tolerar a sua maneira de ser e a dos outros; é aceitar a sua condição atual e as suas fraquezas; mas é também a recusa em fazer julgamentos e proibições. É precisamente por causa desta capacidade de tolerância que a sabedoria popular diz que com paciência e perseverança, muito se alcança.

José Domingos, scj

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