Dia Provincial Justiça e Paz

No próximo dia 9 de junho vão-se realizar as eleições para o Parlamento Europeu. Neste dia Provincial Justiça e Paz julgamos ser da maior importância refletirmos, ainda que brevemente, sobre a temática da Europa. O tempo histórico em que nos é dado existir encontra – se diante de várias demandas que podem condicionar o nosso futuro.

A Paz é uma delas.

O Papa Francisco ao longo dos últimos anos tem alertado toda a humanidade para a importância da paz. Na sua primeira mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2014, Francisco pede que cada um de nós olhe para a fraternidade como caminho para a Paz. Diz ele que «a fraternidade é uma dimensão essencial do homem, sendo ele um ser relacional. A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura». Na carta encíclica «Fratelli Tutti» acerca da Fraternidade e amizade social Francisco é taxativo quanto a relação entre a fraternidade e a paz como geradores de amizade social. Em várias passagens ele constata como a Paz está em perigo. Assim, «o nosso mundo avança numa dicotomia sem sentido, pretendendo «garantir a estabilidade e a paz com base numa falsa segurança sustentada por uma mentalidade de medo e desconfiança» e «no mundo atual, esmorecem os sentimentos de pertença à mesma humanidade; e o sonho de construirmos juntos a justiça e a paz parece uma utopia doutros tempos». «A paz «não é apenas ausência de guerra, mas o empenho incansável – especialmente daqueles que ocupamos um cargo de maior responsabilidade – de reconhecer, garantir e reconstruir concretamente a dignidade, tantas vezes esquecida ou ignorada, de irmãos nossos, para que possam sentir-se os principais protagonistas do destino da própria nação». Para isso é necessário que procuremos construir a paz social. Como o próprio Francisco afirmou na «Fratelli Tutti» a paz social «é laboriosa, artesanal» e acrescenta «Nunca está terminada a construção da paz social num país, mas é «uma tarefa que não dá tréguas e exige o compromisso de todos. Uma obra que nos pede para não esmorecermos no esforço por construir a unidade da nação e – apesar dos obstáculos, das diferenças e das diversas abordagens sobre o modo como conseguir a convivência pacífica – persistirmos na labuta por favorecer a cultura do encontro que exige que, no centro de toda a ação política, social e económica, se coloque a pessoa humana, a sua sublime dignidade e o respeito pelo bem comum». Falar de paz é falar da construção duma unidade para a Europa. O Papa Francisco em vários momentos tem dissertado sobre a importância da construção da unidade da Europa. Escreve na «Fratelli Tutti»: «Durante décadas, pareceu que o mundo tinha aprendido com tantas guerras e fracassos e, lentamente, ia caminhando para variadas formas de integração. Por exemplo, avançou o sonho duma Europa unida, capaz de reconhecer raízes comuns e regozijar-se com a diversidade que a habita. Lembremos «a firme convicção dos Pais fundadores da União Europeia, que desejavam um futuro assente na capacidade de trabalhar juntos para superar as divisões e promover a paz e a comunhão entre todos os povos do continente». N0 40.º aniversário da Comissão dos Episcopados da União Europeia (COMECE), Francisco fala – nos dos seus sonhos para a Europa. Diz ele que sonha uma Europa amiga das pessoas, que seja uma família e uma comunidade, solidaria e generosa, saudavelmente laica «onde Deus e César apareçam distintos, mas não contrapostos». «À Europa, podemos perguntar: Onde está o teu vigor? Onde está aquela tensão ideal que animou e fez grande a tua história? Onde está o teu espírito de curiosidade e empreendimento? Onde está a tua sede de verdade, que comunicaste com paixão ao mundo até agora?». A estas perguntas Francisco procura responder com a necessidade de defesa dos direitos humanos. «Penso particularmente no papel do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que constitui de certo modo a «consciência» da Europa no respeito dos direitos humanos. A minha esperança é que esta consciência mature cada vez mais, não por um mero consenso entre as partes, mas como fruto da tensão para aquelas raízes profundas que constituem os alicerces sobre os quais escolheram edificar os Pais fundadores da Europa contemporânea. Juntamente com as raízes – que é preciso procurar, encontrar e manter vivas com o exercício diário da memória, pois constituem o património genético da Europa –, existem os atuais desafios do Continente que nos obrigam a uma criatividade contínua, para que estas raízes sejam fecundas nos dias de hoje e se projetem para as utopias do futuro. Permitam-me mencionar dois apenas: o desafio da multipolaridade e o da transversalidade». Aquando da sua visita ao Parlamento Europeu, em 2014, Francisco insiste na necessidade de construir uma europa não apenas preocupada com a economia, mas centrada na pessoa humana. «Chegou a hora de construir juntos a Europa que gira, não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana, dos valores inalienáveis; a Europa que abraça com coragem o seu passado e olha com confiança o seu futuro, para viver plenamente e com esperança o seu presente» e acrescenta «considero que seja mais vital hoje do que nunca aprofundar uma cultura dos direitos humanos que possa sapientemente ligar a dimensão individual, ou melhor pessoal, à do bem comum, àquele «nós-todos» formado por indivíduos, famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social».

Em conclusão, neste dia provincial justiça e paz e tendo proximamente eleições para o Parlamento Europeu entendemos que é útil pensarmos a construção da Europa centrada na pessoa humana e capaz de construir a paz entre os povos. Quisemos elencar um conjunto de pensamentos do Papa Francisco acerca do tema da paz e da Europa.

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