À beira do fim há sempre tanta coisa que começa.
Este foi o mote para mais uma noite 4×4, que se realizou no dia 29 novembro, no Centro Dehoniano, Porto.
Em modo de sala de espera que nos fez pensar em esperança, a Ana Ascensão, enfermeira de Cuidados Paliativos e autora do livro Cuidar a morte, fez-nos reflectir sobre a importância de cuidar da nossa vida frágil.
A imagem de um relojoeiro a cuidar de um objecto, de um tesouro, estimulou a nossa reflexão, porque os cuidadores são aqueles que, como um ourives, restauram os traços pequeninos e frágeis da vida, cuidam da vida, e dão à vida – que está quase a deslaçar-se – uma nova oportunidade. Os cuidadores – todos aqueles que escutam e dão a mão – vão amparar, vão proteger, vão avivar, vão sobretudo acompanhar.
Cuidar a vida frágil é a maior oportunidade para celebrarmos a história de alguém. É o momento da aceitação, é o momento da recordação, é o maior momento da gratidão.
Ficamos dispostos para aprender a cuidar da dor do outro e a minorá-la, não só com comprimidos, mas também com o coração, com a presença, com os gestos silenciosos, com o respeito, com uma experiência integradora de humanidade.
Acreditamos que podemos aprender a embalar a fragilidade, a dos outros e a nossa própria, ajudar cada um a reencontrar-se com as coisas e com as memórias certas, a não desesperar, a encontrar um fio de sentido no que está a viver, por ínfimo e trémulo que seja.
Aprendemos que à beira do fim há sempre tanta coisa que começa;
Aprendemos a não contar os dias, mas a fazer com que estes contem!
pelos animadores da pastoral universitária