Aveiro: III Encontro Ibérico de Noviços Dehonianos

À medida que a Quaresma avança em vista à Páscoa, também o noviciado avança em vista à consagração. E nada é mais oportuno para a reflexão de um noviço do que uma consideração sobre os conselhos evangélicos. Em honra à Trindade, este III Encontro Ibérico de Noviços, focou de diversas perspectivas o teórico sobre os três votos da profissão religiosa.

Que fundamento bíblico, que visão antropológica, espiritual e dehoniana pode ser feita dos ‘três meios perfeitos’ para sermos mais semelhantes a Ele? Foi isso que os noviços dehonianos do território ibérico tentaram perceber de 16 a 21 de Março, em Aveiro.

O Pe. Gouveia, reflectindo sobre a visão e fundamentação bíblica dos conselhos evangélicos, iluminou-nos para o simples facto que a vida consagrada é fundada nas palavras e nos exemplos de Cristo (= votos) na vida apostólica (= vida comunitária). Ou seja, a verdade da vida consagrada consiste na conciliação do seguimento de Cristo, da experiência da comunidade fraterna e dos conselhos evangélicos. Isto mesmo, possível de fundamentação tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento.  

Os votos não diminuem a pessoa, nem a tornam atrofiada, ou ainda contranatura, mas libertam-na, fazem do religioso um “humano mais humano” – dizia o Pe. Loureiro. A visão antropológica dos votos fez-nos perceber que os votos trabalham nas nossas capacidades e dificuldades de relação. De facto colocam-nos perante os diferentes aspectos da nossa relação com o outro (Outro incluído). A consagração não nos faz magicamente celestes, mas mais humanamente fortalecidos para realizarmos uma missão que é divina.

E nada disto compreenderíamos se não fosse pelo Espírito. O Pe. Costa apontava-nos que a “a espiritualidade não se pode resumir à lata definição do que é ‘imaterial, transcendente’. A espiritualidade cristã afirma-se como dom do Espírito, que se manifesta na Palavra, nos sacramentos e no povo de Deus, no quotidiano de cada pessoa.” Admitindo que a espiritualidade é a vida segundo o Espírito, perspectivamos quais os elementos a entender e a desenvolver na vida do consagrado.

 O último dia de formação foi pautado pela apresentação da visão dehoniana dos conselhos evangélicos pelo Pe. José Armando. Partindo dos relatos das primeiras conferências do Pe. Dehon aos noviços, apontou-se que na sua embebida reflexão inaciana e franciscana, o Pe. Dehon tem como única máxima de explicação dos votos o próprio Jesus obediente, pobre, casto e vítima. Apesar da obediência ser o mais reflectido voto, o nosso Fundador indica-nos que não é possível viver a pobreza, castidade e obediência senão por um oblação vivida cada dia (“o quarto voto”).

Porque Maria é a exemplar consagrada do Senhor, decidimos intercalar o ciclo de conferências, para tomarmos uns momentos junto a ela. Fomos até Fátima passear, rezar e cumprir as aspirações dos nossos ‘hermanos’, que durante todo dia não se cansaram de relevar admiração e júbilo por terem tido hipótese de visitar o “cantinho de Nossa Senhora”. Visitamos os espaços do santuário, celebramos Eucaristia, rezamos, meditamos a Via-Sacra e ainda visitámos os lugares de importância religiosa locais.

Foi assim, mais uma semana e mais uma etapa cumprida, num constante assemelhar-se ao Coração de Jesus.

António Silva, noviço dehoniano

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