O porquê de uma vocação – Diác. António Pedro

A história da minha vontade de ser padre não foi um filme com efeitos especiais. Começou, talvez, por um rosto: o meu tio monge e padre. Durante toda a minha infância ele esteve presente e influenciou em muito a minha educação. Com ele viajei, com ele aprendi a apreciar a música, por ele comecei a estudar música, a apreciar arte, a interessar-me por temas e debates do âmbito da filosofia e da teologia… além de se revelar alguém, naturalmente, muito interessante, fascinava-me o mundo de pessoas, dos mais diversos quadrantes, que tinham por ele tanta estima e tanto carinho. Isso sim, foi o que despertou desde muito cedo a vontade de ser como ele: no meio de uma vida tão entregue a tantas pessoas sentir-me feliz e contribuir para a felicidade de tantos…

Apesar da vontade expressa de ser padre desde as minhas primeiras composições na escola, reportava a decisão para mais tarde.
Fruto de tantos acasos – de que talvez Deus se serve – acabei por entrar no seminário dos dehonianos com 13 anos.
Experimentei, em todo o tempo de seminário, a entrega e a dedicação de tantas pessoas, desde os pais, aos padres educadores, desde os benfeitores a todos os amigos; tanta gente que, à sua maneira, vai revelando a “notícia” que Deus tem para mim.

Catorze anos depois, entendo a ordenação presbiteral como início de algo que foi querido por Deus e preparado por mim e por tantos que se cruzaram em tão diversos cenários, no meio de tantas alegrias, de tantas incertezas, de tantos passos, de tantas vitórias… É início de um projecto de felicidade cristã, cuja realização depende da entrega, da dedicação, do serviço, da solicitude e do cuidado por cada rosto do Corpo de Cristo. Essa é a “ordem”!

Celebrar a Missa Nova, a primeira eucaristia na terra natal (São João, Caldas de Vizela) é a expressão mais eloquente da gratidão que tenho para com quem me fez nascer e crescer. Traduz a vontade de agradecer a tantos que foram o rosto, a palavra, a vontade, o sorriso de Deus na minha história.

Já padre, depois das das “missas novas” celebradas nos lugares por onde passei, volto à Madeira, onde vivi dois anos, respondendo ao pedido que me foi dirigido para trabalhar com os jovens, num programa de acompanhamento e formação.

» António Pedro, scj
 

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