XXIII Capítulo Geral SCJ: Crónica de 5 de Junho. Há dias assim!!!

A vida por vezes torna-se uma sucessão monótona e rotineira de dias que se sucedem, uns mais azuis que outros, uns mais secos, outros mais regados… E há dias que entram para a história, por serem únicos, por marcarem a diferença. Este dia 5 de Junho tinha tudo para ser um desses dias!

A festa começou logo de manhã. Às 7h do costume estávamos na capela, só que desta vez não era para o habitual tempo de adoração mas para a celebração da Eucaristia. O Pe. John van den Hengel, o ainda Conselheiro e Vigário do Superior Geral, presidiu, para agradecer os 50 anos de sacerdócio que celebra neste dia. Aliás, gratidão foi a palavra e o sentimento que pautaram a celebração de princípio a fim. Todos quisemos agradecer ao Bom Deus os 50 anos de vida sacerdotal deste apóstolo do seu amor e da sua misericórdia.

O Capítulo está a chegar ao fim, faltava tirar a foto oficial, que conste dos arquivos e registe este tempo de graça para a eternidade. A nova Administração Geral também ainda não tinha registos fotográficos formais, foi-lhe dada prioridade. Depois foi o bom e o bonito: não é fácil juntar num mesmo boneco e meter dentro duma só objectiva tamanha delegação. Ouviram-se as recomendações da praxe: mais para a direita, um bocadinho para a esquerda, estás escondido, um sorriso, mais um atrasado… Mas conseguimos!

O melhor estava para vir… Terminada a foto, de bilhete de autocarro na mão, fomos até à respectiva paragem. Éramos muitos, fomos enchendo sucessivos autocarros, e mais não enchemos porque houve alguns resolveram ir a pé. O mais importante era mesmo ir até à Praça de São Pedro e aparecer às 11 horas previstas no local de encontro acordado, à sombra da extraordinária Colonata arquitectada por Bernini. O tempo era mais que suficiente, fomos andando por ali, mas com o objectivo de não faltar à chamada no tempo oportuno.

Fomos “conquistando” o Vaticano, etapa após etapa. A paciência é importante por aqueles lados. Mas valeu a pena esperar! Não me parece fácil descrever o encontro que tivemos com o Papa, de tal forma foi intenso, familiar, emotivo, inspirador… O encontro foi introduzido por um belo texto do Superior Geral eleito, que se pode encontrar nas páginas oficiais da Congregação e da Província. O Papa também tinha um texto preparado, mas preferiu falar-nos espontaneamente, com o coração. Foi bonito o que ouvimos: em poucos minutos, e partindo da sua experiência pessoal com a Congregação na Argentina, o Papa Francisco apresentou-nos o que espera de nós, a partir da experiência vivida neste Capítulo: que sejamos verdadeiros apóstolos da misericórdia de Deus! Foi uma verdadeira insistência, que acolhemos de coração aberto. Acolhemos também com alegria o empenho pessoal do Papa para que chegue a bom porto o processo de beatificação do Padre Dehon.

O calor era intenso quando a audiência com o Papa terminou. Mas isso não nos impediu de fazer a viagem de regresso a casa. E até houve quem a fizesse a pé! O almoço foi de festa – haveria maneira de não ser? Estávamos ainda todos meio atordoados com as palavras que o Papa nos tinha dedicado e com a sua maneira tão próxima de nos acolher. Alguns diziam que não podiam voltar a lavar a mão que apertou a mão do Papa. Claro que já todos as lavámos… Mas não há nem sabão nem detergente que possa apagar tão profunda marca como a que nos deixou o encontro com o Papa Francisco: não é uma marca que fique registada na palma da mão, mas no mais profundo do coração. Além desta marca indelével deixada por Francisco, tínhamos também os 50 anos de ordenação sacerdotal do Pe. John. Foi festa que permitiu atrasar meia hora os trabalhos da tarde.

 

Pois é, o dia é de festa, mas os trabalhos ainda não acabaram. Faltava aprovar o documento final. A discussão foi longa, mas pacífica e no fim resultou uma aprovação quase unânime do texto apresentado pelo comité de síntese, com as devidas alterações aprovadas pela assembleia.

Ao fim da tarde houve a sessão de encerramento do Capítulo. O primeiro a usar da palavra foi o Pe. Antonio Panteghini, convidado de honra, verdadeiro “senador” da Congregação. Congratulou-se com a evolução da Congregação e com a diversidade jamais vista que caracteriza esta assembleia capitular. Foi na mesma linha o discurso do Pe. José Ornelas, Superior Geral cessante. Foi um breve discurso, espontâneo, que terminou em grande emoção e numa muito longa salva de palmas, com toda a assembleia de pé. O Superior Geral eleito, Pe. Heiner Wilmer, fez os agradecimentos da praxe a todos os que contribuíram para o bom andamento dos trabalhos do Capítulo. A sessão terminou em oração e em festa, ao ritmo do Magnificat, louvando e agradecendo o Senhor por tudo o que de extraordinariamente bom aconteceu ao longo destas três semanas aqui em Roma.

 

José Agostinho F. Sousa, scj

 

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